PERSONAGENS COM SIMBOLISMOS CRISTÃOS
A ficção costuma beber da fonte da realidade. Muitos personagens, filmes e franquias do cinema, tem origem em simbolismo retirados diretamente da Bíblia. Hoje, vamos elencar alguns personagens que possuem fortes simbolismo cristãos.
STAR WARSMARVEL E DC
Rafael Silva
10/7/20259 min read


SUPERMAN


O super-herói primordial! Jerry Siegel e Joe Shuster, seus criadores, conceberam o personagem como uma referência a Jesus Cristo. Sua vinda dos 'céus', sua criação por uma família humilde, sua missão como protetor e guia da humanidade. O maior herói da ficção bebe diretamente da fonte do maior exemplo de moralidade da história humana.
Até mesmo seu nome kriptoniano, Kal-El, tem um significado bíblico, podendo ser traduzido do hebraico como "Voz de Deus".
O Homem de Aço é o exemplo de que o poder nem sempre corrompe o homem. Superman tinha tudo para ser um déspota e governar sobre todos como um deus. Mas preferiu servir a ser servido. Abriu mão de sua vida para entregá-la em prol da humanidade.
Semelhante, mais uma vez, a Jesus Cristo, que abriu mão temporariamente de sua condição divina, para viver entre os homens e ensiná-los. Mesmo que tivesse plenos poderes para sobrepujá-los, para fazê-los servir-lhe à força, ele escolheu não fazê-lo.
Até mesmo a morte do Homem de Aço em 'A Morte do Superman', possui seus simbolismos, com seu corpo surrado fazendo referência a Cristo na Cruz. Em ambos os casos, sacrificando-se pela humanidade, sem ter obrigação nenhuma de fazê-lo.
Para Superman, toda a vida importa. Humana, animal, pessoas boas e pessoas ruins, ele está lá para salvar todos. Ele confia no melhor das pessoas, acreditando que não são suas habilidades que lhe definem, e sim seu coração.
Clark não é o 'número 1' entre os heróis por ser o mais poderoso, e sim, por ser o mais humano entre todos eles.
Essa visão em muito se assemelha à fala de Jesus em Marcos 10: 43-45:
"Mas entre vós não é assim; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será servo de todos. Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos."
Ele abraça e acolhe as pessoas. Ao invés de mandar, guia. Superman confia nas pessoas e ensina-as a confiar nelas mesmas. Com ou sem poderes, ele seria um herói.
Superman ensina que não precisamos erguer prédios e derrotar exércitos para sermos heróis. O Homem do Amanhã ensina que o heroísmo está nas pequenas coisas. Ajudar alguém necessitado, ajudar um animal, ser honesto, sorrir para as pessoas, tornar o mundo à sua volta melhor, a partir de você mesmo, de seus atos. Isso é ser um grande homem! E não são necessários poderes divinos para isso. Algo que Cristo também demonstrou em sua cruzada.
Ele nos lembra que a verdadeira humanidade não está nos poderes que carregamos, mas nas escolhas que fazemos todos os dias.
ASLAN


Criado pelo assumidamente cristão C.S. Lewis, Aslan é o leão que governa Nárnia, com uma aura divina em torno de si. Sua figura, o leão, já remete à realeza, sendo o mais poderoso e respeitável entre os animais.
Porém, mesmo com tanto poder, ele se mantém humilde e sábio, estando sempre ao lado de seu povo, sempre disposto a sacrificar-se para protegê-lo.
Ele é majestoso e poderoso, e ao mesmo tempo, bondoso e compassivo.
Teorias apontam que Aslan é Jesus, só que na sua contraparte em Nárnia, como fica subtendido em um diálogo de ´´Crônicas de Nárnia: Príncipe Caspian´´, onde ele diz a Lucy que pode encontrá-lo no mundo dos humanos.
"Eu estou lá, mas me chamam por outro nome." Sendo assim, fica implícito que esse "outro nome" seria como as pessoas chamam o Messias.
Porém, essa nem é a alegoria mais forte. Quando Edmundo iria ser morto pela Rainha Branca, após ter traído Aslan para aliar-se a ela, o leão ofereceu-se para morrer em seu lugar, em amor a ele. E assim foi feito, e Aslan foi humilhado e morto, pagando pelos pecados de um garoto.
Isso nada mais é do que a representação de Lewis para a crucificação de Jesus. Ele pagou o preço pelos pecados da humanidade desde o Éden. Deixou sua aura grandiosa para ser humilhado e violentado em nome de pessoas que não mereciam tal sacrifício. E assim como Cristo, Aslan ressuscitou e lutou contra o mal ao lado de seu povo, em uma referência clara ao livro de Apocalipse.
Após tudo isso, ele perdoa Edmundo por tê-lo traído, sentindo o arrependimento do garoto.
Lewis nunca assumiu explicitamente essa referência, mas com tantas pistas, fica praticamente impossível não ligar os pontos.
Aslan talvez seja o simbolismo cristão mais grandioso já feito dentro de uma fantasia, até os dias de hoje.
NEO


Um homem predestinado a livrar a humanidade de uma realidade de mentiras e ilusões, e elevá-la a um novo estágio de consciência... acho que já vimos isso em algum lugar.
Em 1999, Matrix apresentou-se como uma obra atemporal. Em um mundo cada vez mais conectado, a vida digital cada vez mais se apossa da vida real, e o que vivemos em nosso dia a dia, muitas vezes se cruza com nosso viver digital, tornando nossa visão de real e virtual, um tanto complicada.
Thomas Anderson compreendeu isso (seu próprio sobrenome "Anderson" pode ser traduzido como Filho do Homem, a mesma forma pela qual Jesus era frequentemente chamado), e através de Morpheus e sua pílula (em uma referência a João Batista e seu batismo), pode ver enfim o mundo que havia fora da Matrix.
Neo chega a morrer e, em seguida, ressuscita com plenos poderes sobre a Matrix — uma clara alegoria à ressurreição de Cristo e à vitória sobre a morte.
Ele percebeu a verdade. A humanidade havia sido arrasada em um futuro distópico e aprisionada em uma realidade criada digitalmente, onde não pudessem notar sua real condição.
No processo, NEO descobre ser o Escolhido para libertar as pessoas dessa escravidão imperceptível, não importando o quanto elas sofram com a realidade. Esse paralelo pode referenciar a metáfora de "morrer para o mundo", uma vez que o mesmo seria um local dominado pelo pecado e pela mentira (Matrix), e buscar a verdade em Deus (o mundo real).
É claro que muitas vezes nos fixamos mais nas cenas de ação empolgantes em câmera lenta, nos óculos escuros e nas jaquetas de couro, mas é possível notar, com um pouco de atenção, as claras referências bíblicas que essa obra tão conceituada possui.
JOHN COFFEY


A Espera de Um Milagre, é com certeza um dos filmes mais fascinantes da década de 1990, e uma das adaptações mais brilhantes de uma obra de Stephen King. Por trás de tanta genialidade, existe um personagem que torna essa obra única, o detento John Coffey.
John foi preso e condenado a morte, suspeito de assassinar duas crianças. Seu julgamento foi injusto, muito devido ao racismo existente nos EUA na década de 1930. Preso, Coffey era motivo de pavor para os guardas, tanto por seu crime, quanto por seu porte quase sobre-humano. Porém, através da face de um aparente brutamontes assassino, existia um homem puro, e com um coração sempre disposto a fazer o bem.
Seu próprio nome já faz uma analogia bíblica sutil. Se pegarmos suas duas iniciais, J e C, e pensarmos em outro nome que poderia ser formado com elas, chegamos a uma conclusão: Jesus Cristo.
Porém, não é somente de letras iniciais que John referencia Cristo. Coffey foi alvo de um julgamento injusto, assim como o Messias. Ele, mesmo em meio a tanta dor, buscou trazer esperança e cura a todos. Desde ressuscitar um pequeno rato, até curar a esposa do diretor do presídio, John sempre esteve disposto a ajudar, mesmo aqueles que o temiam.
Para ele, todas as vidas, por menores que fossem, valiam a pena serem salvas.
Ele também carrega dor dentro de si, podendo sentir os atos vis cometidos pelos outros presos, assim como Jesus sofre com os pecados de seus filhos.
Suas curas milagrosas lembram muito os milagres realizados por Jesus. Isso não passou despercebido pelos guardas, que chegaram à conclusão de que Deus não daria tais dons a um monstro. Eles não sabiam como, mas John não era culpado. Porém, ele não fugiu de seu destino e aceitou ser morto. Para que a família das vítimas pudesse sentir que a justiça havia sido feita, mesmo que de forma errada.
Ao fim da trama, o guarda Paul (Tom Hanks) crê que Coffey era um anjo, enviado até eles com um propósito divino, e se culpa até seus últimos dias por tê-lo deixado morrer. Paul, talvez seja um paralelo à própria humanidade, sofrendo com o peso de ter condenado seu próprio salvador.
Frodo


Frodo, mesmo jovem e aparentemente frágil, foi incumbido de proteger a arma mais poderosa e sedutora da Terra Média, o Anel de poder. Ao lado de Sam, ele enfrentou diversos desafios, alguns frutos da viagem, outros de sua própria mente, corrompida aos poucos pelo Anel, mas, com a companhia de seu leal amigo e perseverança, ele pôde cumprir sua missão.
Em Mateus 11:28, fica claro que Deus está ao lado daqueles que estão cansados e sobrecarregados, estando ao lado deles em sua dificuldade, como aquele que lhe erguerá do chão quando mais precisar. Frodo precisou dessas forças muitas vezes, e sempre as recebeu.
Ele é o exemplo absoluto da Jornada do Herói. Ao lado de ícones como Harry Potter e Luke Skywalker, Frodo começou como um jovem desacreditado, que recebeu sobre suas costas um fardo quase impossível de carregar, mas, com a sabedoria de seu mentor, com a força de seus aliados, a lealdade de seus amigos e acima de tudo, sua coragem, pôde cumprir seu destino.
ANAKIN SKYWALKER


Anakin Skywalker era o Escolhido, destinado a destruir os Sith e trazer equilíbrio à Força. No entanto, a arrogância e a sede de poder o corromperam pouco a pouco, intensificadas pelas manipulações de Darth Sidious.
Em Provérbios 16:18, a Palavra nos ensina a vigiar sentimentos negativos, como o orgulho e a arrogância, que podem destruir nosso coração. Anakin permitiu que seu orgulho crescesse — e, somado ao medo e ao ódio, isso o transformou em um monstro.
Darth Vader é o maior vilão da cultura pop, mas, no fundo, não passa de um escravo de seus próprios erros. Foi enganado por Palpatine com promessas de poder e, no final, tornou-se um mero fantoche em suas mãos, vivendo em intenso sofrimento físico e espiritual, assombrado todos os dias por seus crimes.
Em 1 João 1:9, entende-se que o arrependimento e a busca pela redenção são capazes de reparar nossos erros e proporcionar um renascimento interior.
O Lorde Sith tinha seus lapsos de consciência, nos quais compreendia seus erros, mas não tinha força para ir contra eles, julgando ser impossível voltar atrás — como ficou evidente em O Retorno de Jedi, quando o vilão disse a seu filho: “É tarde demais para mim”.
Vader teve sua chance de redenção através do amor — o amor de seu filho por ele —, que foi capaz de superar suas trevas internas e renová-lo. Darth Vader é o maior exemplo de redenção no cinema, e mostra que, muitas vezes, é possível corrigir nossos erros e buscar ser melhores, mesmo quando nós mesmos achamos que não somos mais dignos disso. Para Deus, sempre é possível pedir perdão.
Luke tinha todos os motivos para odiar seu pai. Ele era um monstro que aterrorizava toda a galáxia, e até seus próprios mentores, Obi-Wan e Yoda, diziam que ele deveria matá-lo. Mas Luke escolheu perdoá-lo, disposto a entregar a própria vida pela fé que tinha nisso — e foi recompensado, com seu pai se sacrificando para salvá-lo das garras do Imperador. Isso é simbolizado de forma belíssima em Romanos 12:21.