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A Evolução do Drácula ao Longo das Décadas

Atualizado: 30 de mar.

O Rei dos Vampiros é um dos personagens mais adaptados para o cinema. Ao todo, podemos contar mais de cem roupagens diferentes, em todo o tipo de obra, indo do clássico terror, até as maiores galhofices já feitas. Nessa viagem pela história do cinema, vamos conhecer algumas versões do centenário vilão, que possui uma diversidade fascinante.

 

Primórdios do Cinema

A história do Conde Drácula nos cinemas data dos primórdios da sétima arte, com sua primeira obra não oficial sendo lançada em 1922, sobre a alcunha de Nosferatu, produzido na Alemanha.

A Prana Filmes não tinha os direitos sobre a obra de Bram Stoker, e por isso, decidiram fazer uma trama bastante semelhante com a obra literária, mas, alterando nomes e localidades, algo que não deu muito certo. A esposa de Bram processou a produtora, condenando o filme a ter suas cópias totalmente destruídas, algo que obviamente não ocorreu, pois várias cópias foram escondidas, e hoje, o filme é um clássico Cult.

Protagonizado por Max Shereck como Nosferatu, a obra retrata a trajetória do jovem corretor Hutter, que cruza o caminho do temível Conde Orlok, que deseja comprar uma casa em Hamburgo, deixando a Transilvânia. Assim como no livro, Orlok se apaixona pela mulher de Hutter, Ellen, e mantém o pobre corretor preso em seu castelo, enquanto parte em direção a nova cidade.

Ao chegar, o monstro espalho Peste Negra na cidade, causando mortes em profusão, até ser morto em um plano conjunto de Hutter e sua esposa, expondo o velho vampiro ao sol da manhã, lhe matando.

A obra é ótima, mesmo sendo um filme mudo, apresenta tensão e emoção, e uma trama cativante, com destaque para a maquiagem de Shereck como Nosferatu, que torna o ator em uma visão realmente horripilante.

Apenas em 1931, Drácula receberia uma versão oficial, produzida pela saudosa Universal Studios, a empresa que liderou a produção de filmes de monstro durante os quinze anos que se seguiram. Bela Lugosi interpretou o Príncipe das Trevas, com um tom bastante teatral, tendo em vista que se trata da primeira obra de terror com voz na história, algo que envelheceu mal, pelo ritmo extremamente lento de todas as atuações, porém, eu considero parte do charme da época.

A obra adapta resumidamente a obra de Stoker, com o corretor Hanfield sendo transformando em vampiro por Drácula, que lhe força a leva-lo para sua nova propriedade na Inglaterra, onde ele desejava expandir seus domínios. Lá, ele se inicia sua caça a jovem Mina Murray, para transforma-la em sua nova serva, mas, não contava com a presença do professor Van Helsing, um estudioso que sabia seus pontos fracos, e ao lado de Jonathan Harker, consegue ceifar o Conde.

Lugosi não deixou o papel de Drácula, aparecendo no início de A Filha de Drácula, sendo cremado por ela. Ele também deu as caras em O Retorno do Vampiro de 1943, e Abott e Castelo Conhecem Frankenstein, e principalmente nesse segunda, faz um papel interessantíssimo, reunindo Frankenstein e Lobisomem em dos melhores crossovers da reta final do universo compartilhado da Universal.

Além de Lugosi, outros dois atores viveram o Lorde das Trevas nas telas do cinema. Lon Chaney Jr viveu o Conde Alucard, em o Filho de Drácula, e John Carrandine, em a Mansão de Drácula.

 

A Era da Hammer

Os monstros estavam em baixa, a Universal explorou ao máximo as lendas clássicas, saturando tanto o tema, que algo que antes deveria aterrorizar o público, agora era algo cômico, fruto das próprias escolhas criativas do estúdio.

Outro motivo para a decadência do gênero, está justamente na mudança de gosto do grande público, pois os monstros clássicos já não assustavam mais, esse era o início do terror sobrenatural e de terror dos grandes monstros e terrores científicos, como em Godzilla, Noite dos Mortos Vivos, o Exorcista e outras obras lendárias. Porém, a Hammer, estúdio britânico experiente, decidiu trazer o velho Conde de volta ao cinema, sobre a figura de Christopher Lee, ator que ficaria eternamente marcado na história do personagem.

Lançado em 1958, O Vampiro da Noite trás uma adaptação livre da Obra de Stoker, com Jonathan Harker sendo um caçador a mando de Van Helsing, se infiltrando no Castelo do Conde, e sendo morto pelo proprietário. Van Helsing, vivido por Peter Cushing, trás uma nova roupagem ao velho professor, mais jovem e ativo na ação, sendo ele o responsável por matar Drácula ao fim da trama, e salvar Mina Murray. A obra trás diversas mudanças em relação a obra original, nomes diferentes para personagens clássicos, novas funções, idades alteradas, mas nada disso interfere na qualidade da obra. Lee é ótimo no papel de Drácula, imponente principalmente na parte física, sendo um personagem com pouquíssimas falas, se limitando aos primeiros minutos do filme. Parte do folclore do Conde é alterado, com ele sendo incapaz de se transformar em morcego ou lobo, algo curioso, mas que particularmente me desagrada, por privar o personagem de um de seus poderes mais maneiros.

O filme tem uma estética maravilhosa e uma ótima trilha sonora, produção impecável, um trabalho vital para levar Drácula de volta ao grande público, e de volta ao terror, por ser o primeiro filme do Conde onde o sangue realmente está presente.

Obviamente, Lee não parou por aqui, e interpretou o vampiro em outras sete sequências, onde obviamente, a galhofa estaria presente, mas, o legado deixado em suas primeiras obras, permanece no imaginário popular, e na mitologia do Drácula.

Um fato bastante curioso, é que os famosos ´´dentinhos de vampiro´´, tão populares entre as crianças, nos foram apresentados por Lee. Curiosamente, Bela Lugosi, para muitos a interpretação suprema do Conde, não só mantinha as cenas de ataque veladas, como também não apresentava os caninos chamativos, que são marca registrada do monstro até hoje.

 

Tempos de Galhofa

Os anos 1960 e 1970 foram no mínimo... sombrios para o Príncipe das Trevas. Tivemos obras no mínimo duvidosas, como Drácula vs Frankenstein de 1971, obra onde os dois monstros foram adicionados após o término das gravações, pois os produtores perceberam que sua obra não estava lá muito boa, e a adição dos monstros apenas fechou o caixão. Curiosamente, o lendário ator clássico, Lon Chaney Jr, que interpretou o Lobisomem nos anos 1940, filho do ator Lon Chaney, que deu vida ao Corcunda de Notredame.

Tivemos outras obras duvidosas como o Billy the Kid vs Drácula, misturando a mística do Conde com uma trama de Velho Oeste, e o novo filho do Drácula, com críticas tão baixas que devem doer na alma de todos os envolvidos.

No entanto, algumas tranqueiras realmente tinham certa qualidade em alguns aspectos, como Blácula. Nessa trama, o Conde Drácula recebe um príncipe africano em seu castelo, eliminando sua esposa e lhe transformando em um vampiro. A trama explora o lado racista do vilão, pois ele desdenha constantemente da etnia do príncipe. Blácula fica preso por séculos em um caixão, até a morte de Van Helsing.

De volta a vida, Blácula tenta seduzir a reencarnação de seu antigo amor, e diferente do Lorde das Trevas, ele realmente é honesto com a garota, revelando ser um vampiro e conquistando seu amor de maneira correta, inclusive deixando de matar pessoas para sobreviver. A curta carreira do novo vampiro termina quando sua esposa morre, e ele mesmo decide se lançar no sol, aceitando a morte.

 

O Retorno da Seriedade

Os anos 1980 e 1990 resgataram um pouco do lado sério do antigo vilão, que agora já tinha mais de 60 anos de cinema. No final dos anos 1970 tivemos um remake de Nosferatu, que agora utilizava os nomes originais do livro de Stoker, mas, mantinham os visuais do clássico alemão.

Em 1993, Gary Oldman e Anthony Hopkins protagonizaram o que para muitos é a melhor obra do Vampiro da Noite, Drácula de Bram Stoker. A obra tenta ser o mais fiel possível ao livro centenário de Stoker. A trama do passado do Conde é explorada, explicando como ele se tornou um vampiro após a morte de sua esposa, conectando com sua fixação como Mina Murray, a qual ele crê ser a reencarnação de seu antigo amor. A trama é ótima, e a produção é de dar inveja a tudo que veio até então. A atuação de ambos os protagonistas é esplendida, contando inclusive com a participação de um jovem Keanu Reeves, como Jonathan Harker.

Nos anos seguintes, tivemos filmes péssimos, como Drácula 2000 e 3000, que adaptam bizarramente a trama clássica a cenários futuristas. Temos obras como Drácula: A História Nunca Contada, que divide opiniões, e séries como Drácula de 2020, que equilibra muito bem a fase clássica do Conde, e a sua transferência para os tempos modernos.

Mais recentemente, foram lançadas as obras Drácula: A Última Viagem do Deméter, que retrata um dos pontos mais importantes do livro, e Renfield: Dando o Sangue Pelo Chefe, que trás o ponto de vista do fiel servo do rei dos vampiros, se libertando das amarras psicológicas impostas pelo temível vampiro interpretado por Nicolas Cage.




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