Batman está em seu terceiro ano de carreira em Gotham, já consagrado como o defensor da Justiça na cidade, um vingador mascarado que funciona como o braço da vingança dela. No entanto, o própria herói passa a duvidar de seus métodos, tendo em vista o caos que Gotham se tornou após o início de sua cruzada. As mafias foram obliteradas, porém, abriram espaço para a ascensão do tipo mais insano de criminoso que o mundo é capaz de produzir. Homens e Mulheres anteriormente sãos, se tornando seres sombrios como Coringa, Duas Caras, Charada, Arlequina e outros. Porém, um novo vilão, que conhece o Homem Morcego mais do que qualquer outro, decide coloca-lo a prova, lhe mostrando como no fundo, ele era o núcleo que alimentava o mal daquela cidade, e no fundo, era tão insano quanto aqueles que combatia. Só resta saber, o Cavaleiro das Trevas irá superar esse desafio, e adotar uma nova simbologia dentro da mitologia de Gotham, deixando de ser somente um símbolo de medo e vingança, e se transformando em algo maior, ou, irá ceder as tentações da loucura, e adentrar nesse poço sem fundo, rumo ao reino da insanidade?
Nota média do Público: 9,1
1. Paredes de Vidro
Um pensativo Bruce Wayne repousava em sua mansão, lendo um bom livro ao suave calor de sua lareira. Havia neve nas ruas e pessoas em família se divertindo, como deveria ser, mas não ele. Sua vida havia se tornado uma cruzada sem fim contra o crime, a qual ele percebia que talvez nunca teria um fim. Em meio à noite estrelada, um sinal branco surgia, com o símbolo do morcego em seu coração; era o seu chamado.
Wayne atravessa a passagem secreta atrás de seu imenso relógio de ponteiro. Descendo pelas escadas, a bela mansão clássica revela sua segunda face: a horripilante caverna em seu subsolo, a Batcaverna. Bruce veste seu traje, com orelhas pontudas, capa negra e luvas longas, possuindo barbatanas em seus antebraços, e para completar, o símbolo do morcego, aquele que instigava terror no coração dos criminosos.
Embarcando no possante Batmóvel, Batman atravessa o longo corredor negro de pedras até a saída da caverna, saltando em meio a uma enorme floresta de pinheiros, propriedade dos Wayne, localizada a alguns quilômetros da cidade. Acelerando ao máximo, o Maior Detetive do Mundo balança os galhos, varre as folhas e salta por entre as ravinas obscuras, chegando enfim às estradas de Gotham. Desviando dos carros, o Batmóvel mantém sua aceleração constante, como um verdadeiro míssil, até finalmente alcançar seu destino: o DPGC.
Gordon, o recém-nomeado Comissário de Polícia, estava lá para recebê-lo. Gordon informa sobre um ataque ao orfanato Wayne em Gotham, liderado por um velho conhecido: Harvey Dent.
Batman invade o prédio decrépito discretamente, avançando como uma sombra pelos corredores, e um a um, os criminosos iam desaparecendo, acompanhados por gritos de horror. No dormitório principal, aquele que um dia foi um admirável membro da sociedade de Gotham, mas que foi consumido pela loucura da cidade, apontava sua arma para uma dezena de crianças indefesas. Duas Caras era uma caricatura perversa daquele que um dia foi o promotor público Harvey Dent. Atacado brutalmente por Salvatore Marone, Harvey recusou qualquer tipo de plástica, adotando suas cicatrizes como parte de uma dualidade que sempre habitou sua mente. Agora, sua moeda decidia por ele, incapaz de tomar qualquer decisão, por acreditar que o acaso é a única via realmente justa nesse mundo.
Os outros dois capangas no cômodo são surpreendidos por Batman, que explode o frágil piso sobre eles e ascende a sala com sua bat-garra. Com a arma em mãos, ele desarma um dos capangas, puxando-o ao encontro de seus punhos cerrados, que quebram seu nariz e o arremessam ao outro lado da sala. O segundo capanga não tem tempo de disparar, pois um batarangue já havia atingido sua mão. Gritando de dor, o meliante recebe um poderoso chute na perna, desarmando sua base e abrindo espaço para uma joelhada devastadora no queixo, levando-o à nocaute.
Batman e Duas Caras estavam frente a frente, Dent com o dedo no gatilho, pronto para executar aquelas almas inocentes sem nenhum pudor, totalmente tomado pela insanidade. Batman já havia tentado argumentar com ele diversas vezes; agora, era momento de agir. Sorrateiramente, ele saca uma pequena granada de luz e a arremessa na direção de Harvey, detonando-a em pleno ar. Temporariamente sem visão, o vilão não percebe a figura poderosa de Batman avançando sobre ele. Com um chute certeiro, o Cavaleiro das Trevas atravessa a parede com o corpo de Dent, que cai desacordado no chão.
As crianças, aos prantos, são levadas em segurança para a polícia. Mais uma noite difícil havia se encerrado em Gotham, e Gordon comenta que a cidade está se tornando cada vez mais caótica, fazendo parecer que seus esforços são inúteis.
Sem mais nada a dizer, Batman embarca em seu carro e sai do local. Enquanto dirigia pelas decrépitas ruas da cidade à qual dedicou cada segundo de sua vida desde os oito anos de idade, lentamente, ele começou a sentir sua mente fraquejar, fazendo-o ficar cada vez mais sonolento. Estava há alguns dias sem dormir, mas jamais havia caído daquele jeito. Subitamente, Wayne perde o controle do Batmóvel, batendo diretamente em uma árvore, levando o Cavaleiro das Trevas ao desmaio. Das árvores, figuras trajadas com trajes completamente negros se revelaram. Dois deles arrancam a porta do carro e retiram seu motorista, colocando-o em uma van igualmente preta.
Com o Vingador da Noite inconsciente e indefeso, os criminosos o dirigem até o local mais sombrio de Gotham City: o Asilo Elizabeth Arkham, para criminosos insanos. Seu uniforme é retirado, e ele é deixado amarrado em uma cadeira em uma sala escura, com a única luz advinda de um lampião.
Quando finalmente Wayne recupera seus sentidos, um homem alto e calvo está diante dele, com seus óculos redondos olhando diretamente para seus olhos. Era Hugo Strange, diretor do Asilo Arkham, conhecido por diversas denúncias de tortura contra pacientes e prisões injustas, mas que agora tinha o homem mais poderoso de Gotham em suas mãos.
2. Entre os Inimigos
Strange põe as cartas na mesa. O médico sabia que Bruce era Batman, e sabia quem eram cada um de seus aliados nessa cruzada contra o crime. Ele diz que Bruce estava ali para fazer parte de seu maior experimento, onde ele comprovaria de uma vez por todas, que Batman era o maior maníaco de Gotham e grande culpado por todo o terror e insanidade que assola a cidade.
Wayne pergunta como Strange descobriu sua identidade. Hugo revela que havia feito diversos pesquisas de perfil, comparando histórias, personalidade e aparência física, e tendo eliminado pessoas como Harvey Dent devido a sua transformação em um vilão. Bruce questiona quem eram os homens que lhe raptaram, mas Strange não fez questão de lhe explicar, apenas dizendo que eram aliados poderosos, de alguém acima dele mesmo, e que tinha grandes planos para Bruce. Ele se levanta e caminha em direção a porta de aço que selava a cela, e afirma que Wayne ficaria sobre constante efeito de drogas e ataques psíquicos, que lhe deixariam completamente impotente para fugir, então, nem valeria a pena tentar.
Sem controle do próprio corpo, Wayne passa a noite imóvel em sua cama, sem conseguir dormir. As horas em claro perturbavam sua mente, mas o que viria em seguida seria muito pior. De repente, as paredes a sua volta se desmancham, e ele é envolvido por uma névoa sombria, que aparentemente, lhe leva para um novo cenário, como se estivesse vivendo a vida pelos olhos de outra pessoa.
Naquele momento, ele estava na pele de Amadeus Arkham, fundador do Asilo Elizabeth Arkham, tratando de sua insana mãe. A idosa fantasiava imagens de um terrível morcego em sua mente, uma força do mal que atormentava seus pesadelos. Seu filho pouco podia fazer para lidar com sua doença, e ainda em sua adolescência, sua mãe se foi. Obstinado a garantir que ninguém nunca mais passasse por tal sofrimento, ele se dedicou aos estudos da mente humana, determinado a provar que até mesmo o mais insano dos criminosos era passível de cura. Após completar seus estudos na faculdade de Metrópolis, ele retorna a sua cidade natal, agora casado e pai.
Ele transforma a antiga mansão de sua família em um enorme complexo médico, contrata os melhores profissionais da região, e financiado pelas indústrias Wayne, investe na melhor estrutura possível. Alguns pacientes foram recuperados, mas, um específico parecia estar além de qualquer tratamento. Mathew Hawkins, conhecido como o Cachorro Louco. Por meses ele tentou compreender suas motivações, mas no fundo, ele parecia somente uma casca vazia, um ser de pura maldade. Amadeus abre mão do caso, e deixa o maníaco aprisionado sem previsão de liberdade. Na noite de Natal, os guardas do Asilo lhe informaram sobre a fuga do paciente, coisa que Amadeus fez pouco caso, afinal, isso já não era mais sua responsabilidade. Ao chegar em casa, ele percebe que não poderia estar mais enganado. Ele avista sua mulher e filha mortas, e o nome do algoz escrito em vermelho nas paredes, sua marca registrada.
O Cachorro Louco foi novamente lançado em Arkham, onde mais uma vez Amadeus tentou trata-lo. Muitos elogiaram sua valentia, mas no fundo, a raiva que ele alimentava por aquele assassino era muito maior do que ele poderia suportar. Certa noite, ele põe o homem em uma cadeira de eletrochoque, e lhe eletrocuta fatalmente. A morte do homem foi acobertada como um mero acidente, na realidade, ninguém se importava com a morte daquele homem.
Amadeus havia se vingado, mas ele percebeu que estava tudo arruinado. A morte daquele homem não lhe trouxe nada de bom, e seu plano de salvar Gotham dos loucos havia ido pelo ralo, nem mesmo sua família ele pode salvar. Com o passar dos meses, as visões que atormentavam sua mãe, agora lhe faziam companhia. Pouco a pouco, ele foi se tornando um homem tão insano quanto os que prendeu em sua clínica, sendo trancado lá como mais um demente qualquer.
Berrando e esmurrando as paredes, Amadeus gritava para todos sobre a vinda do morcego maligno que amaldiçoaria Gotham City. Ele desenhava feitiços de proteção em sua cela, para garantir que o monstro de seus sonhos não pudesse alcança-lo. Louco e esquecido, Amadeus Arkham, o homem que jurou salvar Gotham morreu, como o mesmo tipo de homem que ele havia jurado salvar.
Bruce volta a si, ouvindo a voz de Hugo em sua mente, apontando como a história de Amadeus era semelhante a sua, um ser traumatizado, com objetivo de mudar a cidade, e por fim, se tornando o mal que desejava destruir. Assim, Wayne é levado para uma nova sala, onde senta-se em um círculo perfeito com outros cinco detentos.
Ele estava cercado por Charada, Duas Caras, Espantalho, Coringa e Arlequina. Hugo se comunicava com os pacientes através de um auto-falante, dando boas vindas a Bruce, e pedindo que seus companheiros lhe contassem suas histórias.
O primeiro foi Edward Nygma, originalmente chamado de Edward Natshon. Edward era o filho único de um casal poderoso de Gotham. John Nathson era um advogado bem sucedido, que sempre cobrou o melhor de sua filho nos estudos, as vezes, mais que o necessário. A inteligência de Edward era incomum, sendo exaltado por todos no Colégio Estadual de Gotham, tendo um gosto especial por quebra cabeças e enigmas, que deixavam até seus professores boquiabertos. O jovem garoto sofria de narcisismo, que somado a bajulação absurda que recebia, lhe transformaram em alguém cada vez mais arrogante. Apenas seu pai, não era capaz de reconhecer o talento de seu filho. O narcisismo exacerbado de Edward não lhe permitia perder em nenhuma hipótese, e quando isso ocorria, ele surtava. Desde então, ele passou a trapacear na cara dura, para sempre vencer. Sabotando projetos de concorrentes, colando em provas, e até mesmo, forçando a desistência de outros estudantes que poderiam derruba-lo. Isso pode parecer bobo, mas essas pequenas maldades levaram Nygma ao caminho das trevas. Como universitário no curso de direito, ele passou a se interessar profundamente por literatura, principalmente contos de detetive. Assim, ele alimentou um novo desejo, cometer o crime perfeito, aprova de qualquer tipo de desvendamento. Ele matou seu colega de turma, Arnold Kane, deixando a polícia de Gotham chocada com a total falta de pistas, além de uma deixada pelo próprio assassino. Uma faca com a logo de um luxuoso restaurante de Gotham foi encontrada nas mãos da vítima. Investigando, a polícia descobriu que um dos estudantes, Jack Marshall costumava frequentar o estabelecimento. Ele era o único que costumava frequentar aquele prédio durante o horário do ataque, e em seu quarto, haviam diversas anotações confessando o crime, com uma caligrafia idêntica. Com tantas provas, a polícia o prendeu preventivamente, e o verdadeiro assassino, Edward Nygma, estava livre.
Brincar com a limitada polícia de Gotham era muito fácil, ele queria voar mais alto. Formado, Edward passou a trabalhar no Departamento de Polícia de Gotham, onde se tornou um notório detetive, parecendo prever os passo de cada criminoso.
Em 1933, o Batman surgiu em Gotham, com uma habilidade quase inigualável para resolver mistérios. O ego do detetive lhe obrigava a tentar o Maior Detetive do Mundo em um desafio pessoal. Oito pessoas completamente aleatórias foram mortas ao redor da cidade, o assassino autodenominado Charada, entrega uma carta aos polícias, desdenhando deles, e convocando Batman para um duelo intelectual. . Batman não encontrou praticamente nenhuma pista nas cenas do crime, o vilão parecia ter abandonado seu velho hábito. No entanto, a perspicácia do herói foi além, percebendo que as iniciais das vítimas, se colocadas em ordem correta, formariam a palavra marshall, sobrenome do assassino preso um ano antes. Batman visita o criminoso em Blackgate, e compreende que ele não era o assassino, e sim, vítima de uma grande armação. Sua dedução o leva a averiguar estudantes do curso de direito da Universidade de Gotham, cujo um nome lhe chamou atenção. Edward Nygma, narcisista e compulsivo por quebra cabeças, seria de grande valor lhe fazer uma visita. Batman chega e o único endereço vinculado ao suspeito. Entrando na casa, ele descobre uma passagem secreta logo atrás de um espelho. Nela, havia uma pequena caixa com senha definida por letras, e um pequeno enigma colado em sua tampa. Se você me tem, quer compartilhar, mas se o fizer, eu deixo de existir, quem sou eu? Batman escreve segredo na combinação, e recebe sua recompensa, uma sequência de números escritos em mandarim, que traduzidos formam uma série de três coordenadas. Uma, era no meio do mar de Gotham, outra em uma boate abandonada, e a terceira, na Mansão dos Natshon, o local certo. Batman chega, e se depara com sala de espelhos, a qual adentra. Percebendo que aquilo era um verdadeiro labirinto, ele passa a marcar os locais que já passou, verificando os vidros em busca de uma passagem, e enfim, encontra. Avançando por uma sala escura, Batman encontra o Charada, alto, magro, e vestido com cômicas vestes verdes, munido apenas de um cajado em forma de interrogação. Sem medo, o herói avança sobre o vilão, sem perceber uma gaiola cair sobre sua cabeça, lhe aprisionando. Sempre preparado, Batman saca uma pequena bomba, e explode as barras. Sem escolha, o vilão foge, mas acaba com as pernas amarradas por uma corda do Homem Morcego. O Cavaleiro das Trevas prende Edward Nygma, liberta Jack Marshall, e deixa o Charada obcecado em supera-lo. Em suas fugas de Arkham, ele busca superar o herói, mesmo que para isso precisasse trapacear, mas, sempre acabava derrotado, se tornando cada vez mais insano e violento a cada tento fracassado.
3. Terapia em Grupo
Enquanto Batman era exposto a esse terrível teste, Hugo apenas observava tudo através de um grosso vidro de segurança, quando uma figura alta e imponente surge às suas costas.
Ra’s Al Ghul estava em Arkham e era a mente por trás de Hugo e de todo o plano. Foram seus ninjas os responsáveis por capturar Batman e trazê-lo até ali. Ele desejava ter o Maior Detetive do Mundo como sucessor na Liga dos Assassinos, mas o senso incorruptível de moral de Batman não permitia que ele cruzasse a linha de matar. Ra’s queria que Hugo despertasse o lado sombrio de Batman, mas sem enlouquecê-lo completamente, para que o herói entendesse o que era preciso para realmente fazer a diferença no mundo. Em troca dessa ajuda, Ra’s concederia a Hugo dinheiro e recursos para continuar seus experimentos.
Strange realmente queria o dinheiro do líder da Liga dos Assassinos, mas nutria um desejo sombrio. Ele sempre foi fascinado pela figura do Batman, desejando até mesmo ser ele. Assim, Strange queria ocupar o lugar de Wayne ao lado de Ra’s Al Ghul. Para isso, precisava corromper o herói, provando que ele não era capaz de atender às expectativas do guerreiro, esperando que Ra’s o escolhesse como sucessor.
Agora, era a vez de Jonathan Crane falar. Jonathan teve uma infância permeada pelo medo: uma avó que o espancava, amigos que o agrediam por sua magreza e roupas surradas. Ele percebia o quão poderoso era o medo e decidiu usá-lo a seu favor. Como psicólogo, Crane estudou profundamente a mente humana, compreendendo suas fraquezas e desenvolvendo uma toxina capaz de despertar os piores medos em quem a inalasse.
Ele se tornou professor e começou a realizar seus experimentos doentios em alunos, o que resultou em sua demissão e na misteriosa morte do reitor que o demitiu. Sob a alcunha de Espantalho, Crane passou a usar seu gás do medo para cometer crimes, mas seu foco nunca foi o dinheiro, e sim ver o pânico no rosto das vítimas, sorrindo com o poder que agora possuía.
Batman cruzou seu caminho quando o Espantalho tentava roubar o cofre da Torre Wayne, fazendo o herói sentir o poder de sua toxina. Batman alucinou, vendo seus pais mortos retornarem à vida, acusando-o de ser o culpado por suas mortes, enquanto Gotham desmoronava ao seu redor. Seu maior medo: o medo de falhar, o medo de ser o vilão da história. Crane atirou duas vezes contra o herói e o deixou para morrer na Torre. Perseverante, Batman resistiu, chegando à Batcaverna, onde foi tratado por Alfred. Ele desenvolveu uma cura para a toxina e a ingeriu antes de continuar sua caçada ao vilão. Após interrogar um de seus capangas, Batman descobriu o plano final de Crane: espalhar a toxina por toda Gotham, diretamente do topo da Catedral da cidade. O Cavaleiro das Trevas enfrentou capangas por centenas de lances de escada até chegar à torre do sino. Lá, o Espantalho tentou usar novamente sua toxina, mas sem efeito. Batman o derrotou, forçando-o a provar do próprio veneno. Enquanto Crane mergulhava em seus medos, Batman desativava seu dispositivo de dispersão. Preso, Crane contou sua história: uma infância de tragédias, somada à falta de esperança e a uma fraca conduta moral, o lançaram em desgraça.
Harvey Dent era um promotor público honesto de Gotham, que trabalhava junto com Batman e a polícia no combate ao crime. Mas, após ter seu rosto atingido por ácido durante o julgamento de Carmine Falcone, Harvey ficou gravemente ferido, com uma parte do rosto completamente queimada. Porém, mais do que o rosto, a mente de Dent havia sido destruída, levando-o a uma obsessão pela dualidade e pelo acaso, e a perder a confiança na justiça.
Guiado por sua moeda, ele iniciou uma cruzada contra a sociedade, buscando vingança contra Batman e Gordon. Por ter sido amigo de Harvey, Batman acreditava que ainda havia algo de bom nele, mas a cada crime, o herói perdia as esperanças, percebendo que talvez Harvey nunca tivesse sido o homem que aparentava ser. Talvez ele sempre tivesse sido apenas uma máscara polida, escondendo o insano dualista que havia por trás.
Por fim, havia Arlequina. Sua infância foi um verdadeiro caos: ela perdeu a mãe muito cedo e ficou à mercê de seu pai alcoólatra. Na faculdade, Harleen se aproveitou da sedução para ser aprovada, conseguindo um emprego em Arkham ainda muito jovem. Mesmo sendo uma iniciante, ela queria se envolver com os criminosos mais insanos, encantada com suas personalidades extremas.
Contudo, sua falta de experiência a tornou presa fácil para psicopatas manipuladores, como o Coringa, a alma mais sombria de Arkham.
Coringa seduziu a jovem sorrateiramente, fazendo com que ela ficasse completamente apaixonada por ele. Com sua ajuda, o palhaço conseguiu escapar do Asilo Arkham. A partir desse momento, a jovem deixou de se chamar Harleen e passou a ser Arlequina.
Ao lado de Coringa, Arlequina tirou a vida de seu pai e iniciou uma onda de crimes pelos Estados Unidos, até serem novamente capturados por Batman, após uma intensa perseguição de carro.
Por fim, era a vez do mais insano da Casa da Loucura: o Coringa. Entender seu passado era impossível, pois ele inventava uma nova história a cada entrevista. Dessa vez, ele narrou uma infância terrível ao lado de sua tia, após ser abandonado pelos pais. A mulher o espancava todas as noites, deixando-o preso no porão e alimentando-o com restos de comida. Já adulto, ele investiu na carreira de comediante, mas fracassou miseravelmente. Agora casado e pai, o jovem sem nome precisava desesperadamente de dinheiro, e acabou escolhendo o caminho errado: o crime. Ele planejou, junto com um grupo de criminosos de rua, um assalto à Química Ace, local onde havia feito um curto estágio. Um dia antes do roubo, sua esposa morreu em um acidente com um fio desencapado. Ele pensou em desistir do crime, mas seus companheiros o forçaram a continuar. O assalto foi um fracasso, com a polícia intervindo e matando todos os intrusos, exceto ele. Batman chegou à cena do crime e tentou capturá-lo sem mais mortes, mas, tomado pelo medo, o criminoso preferiu se jogar no tanque químico abaixo deles.
Seu rosto se tornou pálido como uma caveira, e seus cabelos ficaram verdes, transformando-o em uma versão perturbadora de um palhaço, com dentes sobressaindo de sua boca devido às deformidades, formando um sorriso horripilante.
A primeira onda de crimes coordenada pelo Palhaço do Crime foi uma série de assassinatos a alguns magnatas de Gotham, usando táticas como toxinas, castas de baralho envenenadas, e outros métodos nada convencionais. Batman fez o possível para impedi-lo, mas o vilão parecia estar sempre um passo a frente, e a perseguição policial contra ele foi um fator complicador.
As investidas do Coringa eram constantemente proclamadas via rádio pelo vilão, para que Gotham sentisse medo. No entanto, ele apenas falou que iria fazer uma última piada com Gotham, mas diferente dos outros casos, sem especificar contra quem ou como faria.
Batman liga os pontos, e descobre que todos os homens mortos naquelas semanas, tinham ligação com a empresa de purificação de água de Gotham, e a substância usada pelo palhaço para matar suas vítimas com um sorriso, era solúvel em água. Batman chega na estação de tratamento, onde encontra o Coringa.
Ambos duelam violentamente, com o vilão levando a pior. Usando sua flor ácida, ele atinge o ombro de Batman, lhe expondo a uma investida de faca, que rasga superficialmente o peito do herói. Usando toda sua força, o Coringa tenta penetrar a faca no coração do vigilante, que persevera, e consegue usar suas pernas para lançar o Palhaço para longe. O Arlequim do Ódio por fim saca uma pistola, mas é desarmado por um batrangue, cujo o atirador se aproximava, e com toda sua força, aplica um soco que quebra três dentes do vilão, que cai derrotado. Com suas últimas forças, Batman desativa o fluxo de água, impedindo que a toxina chegasse as casas de Gotham. Desde então, o Coringa dedicou sua vida a destruir Batman e Gotham, buscando levar o Cavaleiro das Trevas ao seu limite. Todos eles tinham um ódio mortal do vigilante, mal sabendo, que ele estava na mesma sala que eles.
4. Renascimento do Morcego
Agora era o momento de Bruce contar sua história. Em um estado normal, ele jamais revelaria sua identidade, mas Alfred estava nas mãos de Hugo. Ele precisava seguir o jogo. Bruce então revela sua história, contando aos seus maiores inimigos sobre a infância feliz que teve ao lado dos pais, até perdê-los aos oito anos de idade, quando contemplou seus corpos imóveis, banhados em sangue, naquele beco imundo de Gotham.
Seu ódio era algo sobrenatural. Ele queria destruir o crime em Gotham, instaurar medo no coração dos criminosos. Aos quinze anos, deixou Gotham e cruzou o mundo em busca de aprimoramento físico e mental. Na China, Tailândia, Inglaterra, Nigéria, Brasil, entre outros lugares, ele treinou em 127 tipos de artes marciais, técnicas de investigação, química, computação e muito mais.
De volta a Gotham, Bruce assumiu a identidade de Batman, adotando o animal que mais temia quando criança, com o objetivo de usar esse medo contra os criminosos. Os vilões ficaram em choque ao descobrir que Bruce era o Batman, mas nem isso o fez parar de falar.
Por três anos, ele lutou contra o crime e destruiu Carmine Falcone e seu rival mafioso, Marone, desmantelando o sistema de corrupção de Gotham. No entanto, percebeu que sua figura atraía maníacos como os que estavam presentes na cidade. Ele revelou também que incluíra o jovem Dick Grayson em sua cruzada, pois, assim como ele, Dick havia perdido a família para o crime. Assim como ele, o combate ao crime parecia ser o único caminho para que Dick não terminasse como o próprio Bruce. Contudo, Bruce sentia que havia falhado. Estava levando o garoto para o mesmo vazio que agora habitava, expondo-o a coisas terríveis.
O momento em que percebeu que estava perdendo completamente sua humanidade foi durante a caçada ao Chapeleiro Louco, ao lado de Robin. Suas pistas os levaram até uma casa abandonada próxima ao Rio Gotham. Jarvis Tetch havia sequestrado cinco garotas, entre 10 e 15 anos de idade, e as mantinha reféns em seu covil. Batman sabia bem os desejos sádicos que aquele degenerado sentia por essas crianças.
Batman e Robin entraram na casa discretamente, derrubando os guardas de Jarvis, que usavam chapéus que nublavam suas consciências. Robin abriu uma das portas da velha casa e encontrou todas as meninas presas em gaiolas, feridas e chorando de desespero. Enquanto Robin as libertava, Batman, tomado por fúria, se distraiu o suficiente para que Jarvis tentasse colocar um de seus chapéus nele. Batman desviou do ataque e socou a mandíbula do vilão com força animalesca, quebrando-a instantaneamente. Consumido pelo ódio, Batman ergueu o pequeno homem do chão e o pressionou contra a parede, quebrando suas costelas. Com uma mão em seu cinto de utilidades, Batman retirou um batarangue e se preparou para matá-lo. Dick implorou para que ele parasse. Jarvis provavelmente seria condenado pela lei; Bruce não deveria quebrar seu código por causa dele. Batman alterou o ataque, atingindo o vilão nas pernas com a lâmina, arrancando gritos de dor do maníaco e berros horrorizados das crianças, que ainda assistiam a tudo.
Elas estavam salvas, era o que Bruce queria pensar. Jarvis merecia o que lhe aconteceu, mas realizar algo tão brutal diante das crianças foi um grande erro. Isso significava que ele não tinha mais controle sobre si e que estava espalhando uma violência desenfreada. Seu rumo estava desvirtuado.
Naquela sala, ele entendeu a verdade. Aqueles vilões eram pessoas moralmente fracas, que sim, sofreram, mas não buscaram se erguer após o tombo. Strange estava errado: ele não era louco como eles. Bruce havia voltado sua raiva contra o crime, não contra a sociedade e os milhões de inocentes que nela existiam. Seu foco, sim, estava errado. O ódio havia tomado sua mente. Ele se concentrava demais nos criminosos e pouco nas vítimas, deixando as pessoas sem esperança e os criminosos cada vez mais insanos.
Hugo havia falhado. Toda a perseguição psicológica feita pelo doutor contra ele não só falhou em quebrá-lo, como ainda lhe fez entender seus erros.
Enquanto Bruce compreendia a verdade, Robin finalmente descobriu o paradeiro de seu mentor. Após um mês de buscas, ele invadiu o subsolo de Arkham e se deparou com diversos dos "experimentos" de Hugo: pessoas severamente deformadas física e mentalmente, praticamente sem chance de sobrevivência. Ele precisava encontrar Bruce dentro daquele prédio repleto de seguranças, então criou uma distração. Robin libertou todos os pacientes, que saíram causando terror pelo Asilo, abrindo caminho entre os guardas para que ele pudesse seguir sua busca.
Mesmo algemado, Bruce conseguiu derrotar os vilões na sala, usando toda sua habilidade em combate. Com uma poderosa ombrada, arrombou a porta trancada e seguiu. Strange invadiu o subsolo, mas a única coisa que encontrou foram seus "experimentos" livres, e Robin fechando a porta logo atrás dele. Strange foi atacado simultaneamente por todos e acabou morto em um ato de pura vingança dos internos.
Bruce finalmente encontrou seu pupilo, mas antes precisava fazer uma última coisa. Ele utilizou as tecnologias mentais de Strange para apagar as memórias recentes dos vilões, que agora esqueceram sua verdadeira identidade.
Batman agradeceu seu parceiro, e juntos, a dupla dinâmica escapou do Asilo Arkham, retornando enfim à Mansão Wayne. Gotham estava um caos completo sem ele, demonstrando o quão necessário ele era para a cidade. Porém, antes de retomar sua guerra contra a escória de Gotham, ele precisava descobrir quem havia orquestrado sua prisão em Arkham, pois Hugo não seria capaz de colocá-lo lá sozinho.
5. O Retorno do Batman
A polícia de Gotham é chamada para averiguar o roubo de um cadáver no cemitério, onde o corpo de Hugo Strange havia sido levado e um símbolo misterioso deixado em sua lápide, uma mensagem para Batman, uma mensagem de Ra's al Ghul.
Batman analisa o símbolo na Batcaverna e identifica algumas coordenadas que apontam para uma pequena província na Kasnia do Norte, um país bipolar onde Ra's e sua seita, a Liga dos Assassinos, habitavam. Aquilo era um chamado, e Batman não deixaria seu arqui-inimigo esperando; ele sabia que o vilão centenário tinha algo ligado à sua prisão em Arkham.
Ele viaja até a Kasnia do Sul, simpática aos Estados Unidos, e de lá realiza um voo fretado com alguns mercenários, saltando a centenas de metros de altura e escapando de todos os bloqueios militares impostos sistematicamente pelo território.
Ele pousa na cobertura de um imenso palácio dourado, típico de Ra's. Adentrando sorrateiramente, encontra a sala do Poço de Lázaro e seu proprietário, o próprio Ra's. Enquanto o assassino se banhava nas propriedades curativas do poço, seus ninjas confrontam o Cavaleiro das Trevas. A Guarda Real de Al Ghul era composta pelos lutadores mais habilidosos do planeta, exigindo todas as habilidades do herói, que triunfou após minutos de intenso combate.
Restaurado, Ra's deixa o poço, seus olhos amarelos emanando poder. Ele afirma ser responsável por ajudar Strange a capturá-lo, lhe dando recursos para financiar sua pesquisa. Ordenou que Hugo realizasse uma limpa no código moral do herói, transformando-o em um servo perfeito para Ra's e, futuramente, em um sucessor digno. Mas Hugo queria usurpar Ra's, assumindo o lugar de Batman na Ordem de Sucessão, e, por isso, tentou enlouquecê-lo, provando o quão fraco ele era.
Strange percebeu que era incapaz de corromper o herói e havia traído o pacto com seu mestre. Sua morte talvez o tivesse poupado das consequências dessa traição.
Ra's oferece ao Morcego uma aliança. Ele sabia que sua guerra contra o mal nunca teria fim caso seguisse seu método politicamente correto. Para lidar com os problemas do mundo, apenas a morte seria uma ferramenta eficiente.
Batman, obviamente, nega e afirma que o vilão pagará pelo que fez aos que lhe eram próximos. Com sua força e velocidade superiores, graças ao Lázaro, Ra's salta sobre Batman, usando sua espada para golpeá-lo com intensa velocidade. Em um descuido, o herói é atingido de raspão na orelha pelo sabre de Ra's, perdendo parte dela, algo que carregaria até o fim de sua vida como marca de sua luta. Batman sofre para se proteger, incapaz de contra-golpear. Ra's chuta o Cavaleiro das Trevas contra a parede, fazendo o castelo tremer. Seria impossível derrotar Ra's naquele estado; ele precisaria usar a cabeça.
Com sua mira impecável, Batman atinge o reator do poço, o que desperta uma reação em cadeia, explodindo a sala inteira. Batman usa seu arpão para escapar do desabamento, deixando Ra's para trás, sem saber se o vilão morreu ou não.
Com esse caso resolvido, Batman finalmente retorna a sua cidade, renovado. Um mês fora da ação fez com que Gotham afundasse ainda mais nas mãos do crime, mais especificamente nas de Roman Sionis, o Máscara Negra, que comandava uma fábrica de drogas na Baía de Gotham. Batman invade o local, derrota os criminosos e detém Sionis, mas ao fim da batalha se depara com um jovem garoto chamado Marcus, que lhe aponta uma arma, tremendo de medo. O Vingador da Noite não recua diante da ameaça do revólver, se aproximando até tirar a arma da mão do garoto. Batman se ajoelha à altura dos olhos do menino e lhe pergunta seu nome e por que estava ali. Marcus conta que seus pais foram mortos e que, sem perspectivas, se viu obrigado a trabalhar para a gangue de Roman Sionis.
Bruce enxerga nos olhos do garoto a mesma dor que sentiu quando seus pais foram mortos pela injustiça de Gotham e diz a ele que passou por essa mesma dor. A raiva que surge dela é quase incontrolável. Muitas vezes, ao perder alguém dessa forma, não conseguimos nos conformar; somos tomados pelo ódio, o que nos leva a fazer escolhas ruins. Se ele seguisse por aquele caminho, em pouco tempo se tornaria o mesmo mal que matou seus pais. O garoto se choca contra o símbolo do morcego e chora soluçando, enquanto os fortes braços do Cavaleiro das Trevas o acolhiam.
Marcus diz que não tinha para onde ir, que sua vida estava acabada, e Batman rebate, dizendo que havia um amigo que o ajudaria. Ele finalmente entende o que deveria ser. Batman poderia, sim, ser um símbolo de esperança para a cidade, mas precisaria de Bruce Wayne para isso. Sem sua máscara, ele traria oportunidades às pessoas, iria sorrir, transmitindo alegria a elas, dando alternativas até para aqueles com as maiores dificuldades; seu caminho se tornou claro.
Batman solta o garoto e lhe entrega um fósforo aceso, pedindo que ele lhe faça um favor.
Marcus anda alguns metros após sair da fábrica e solta o fósforo flamejante sobre um rastro de gasolina que se estendia por vários metros. O fogo segue uma linha reta, subindo a parede do prédio de Sionis, formando o símbolo do Batman, ardendo em chamas e mostrando para cada cidadão de Gotham que ele estava de volta. E, dessa vez, o crime não teria descanso.
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