Como um fã de Karate Kid, a série Cobra Kai, produzida pela Netflix desde 2018, tem sido responsável por resgatar um sentimento de nostalgia, não só em mim, como em uma legião de fãs de todas as idades e lugares do mundo, tamanha a grandiosidade dessa saga iniciada em 1984. Mas, além disso, a série também foi responsável por reavivar uma das maiores sagas aos anos 80, para uma nova geração, e enfim, ela chegou ao fim, com os últimos cinco capítulos, saindo exatamente hoje, afinal, foi um bom final? Ou ficou devendo? Vamos descobrir.
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O Verdadeiro Karate Kid
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Os primeiros dez episódios da temporada ficaram abaixo do esperado, pelo menos para mim. A trama se perdeu em narrativas maçantes, conflitos adolescentes cansativos e um humor repetitivo. No entanto, a reta final finalmente resgatou o tom épico que a série prometia.
A morte de Kwon e o cancelamento do torneio deram um ótimo gancho para um desfecho intenso, mas a história, mais uma vez, se rendeu a certos clichês. Ainda assim, a trama consegue se manter interessante.
Johnny tem grande destaque, com o nascimento de sua filha, seu casamento com Carmen e o retorno do Sekai Taikai, promovido por Terry Silver. Sabendo que tem pouco tempo de vida devido a uma doença, Silver investe tudo na ressurreição do torneio e no fortalecimento do seu dojô, o Iron Dragons. Enquanto isso, Robbie se prepara para enfrentar Axel, um lutador aparentemente imbatível. Com a ajuda de Falcão e Demetri, Keane começa a enxergar uma possibilidade de vitória.
Kreese tem um excelente arco de redenção, pedindo desculpas a Johnny por seus erros do passado em cenas emocionantes e repletas de referências ao filme de 1984. Sua jornada se encerra com um sacrifício digno, ao enfrentar Terry Silver de uma vez por todas.
As lutas são um dos pontos altos da temporada, com destaque para Tory vs. Zara, um embate brutal que termina com Nichols deixando seu rosto um tanto... menos bonito.
Daniel, por sua vez, finalmente aceita o passado de Miyagi e tem uma conclusão satisfatória para seu arco. Ele abandona de vez sua rivalidade com Johnny e se torna um pai mais compreensivo para Samantha.
Porém, o grande destaque fica para a trajetória de Johnny Lawrence. Após as vitórias de Miguel e Tory sobre Axel e Zara, ele precisa lutar pelo título mundial em um embate entre senseis. Seu adversário, Sensei Wolf, é claramente superior, tornando o desafio ainda mais intenso. É nesse momento que a série brilha ao mostrar toda a evolução de Johnny ao longo dos anos. Graças ao amor por sua família e à amizade com Daniel, ele se fortaleceu a ponto de superar não apenas Wolf, mas também seus próprios demônios internos. Assim, no mesmo tatame onde foi derrotado em 1984, Johnny Lawrence ergue o título mundial ao lado de LaRusso, de seu filho Robbie e de Miguel, seu filho de consideração.
O jovem arrogante e imaturo, antes preso em um ciclo de fracassos, se tornou um campeão – e sem perder sua essência. Ele é o verdadeiro Rei Cobra, o verdadeiro Karate Kid. Um personagem que começou como vilão, mas amadureceu, transformou seu maior rival em seu melhor amigo e reconquistou tanto o amor de seu filho quanto sua paixão pelo karatê. Para mim, Johnny é, sem dúvidas, o melhor personagem da série.
No geral, a temporada teve um início morno, mas entregou um final épico. Minha nota para a sexta temporada é 8,0, mas para a série como um todo, 9,5, por sua grandiosidade e pelo impacto que teve ao trazer Karatê Kid de volta a milhões de fãs. Seu sucesso é tão grande que, ainda este ano, teremos um novo filme estrelado por Ralph Macchio e Jackie Chan.
Série nostálgica desde o princípio, mas que na minha opinião perdeu o gás ao longo da trama, com as melhores temporadas sendo as duas primeiras. Concordo com a tese da chatice da trama adolescente, que realmente incomoda em vários pontos, mas, são eles que propiciam as melhores cenas de ação. Em geral, temos uma temporada irregular na conclusão, e clichê ao máximo, mas, não esperava nada diferente disso. A série tem seu charme justamente em seus clichês, e consegue empolgar apesar deles. Por fim, creio que o arco de Johnny realmente seja o ápice da série, e chega a uma redenção sensacional nesse encerramento. No geral digno de uma nota 8 mesmo, talvez um 7,5, satisfatório, mas, muito longe da…