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Drácula: Guerra dos Monstros

Atualizado: 28 de fev.

Em 1945, a Universal Pictures pretendia lançar um dos maiores filmes de terror de todos os tempos, reunindo todos os seus monstros clássicos, Drácula, Frankenstein, Múmia, Homem Invisível, Lobisomem, e até mesmo o Fantasma da Ópera, porém, o medo do fracasso impediu a produção do longa. Porém, nada impede que possamos fazer a nossa própria versão dessa história, reunindo até outros personagens do Dark Universe, mas antes, iremos criar uma pequena sinopse.

Nota Média do Público: 8,6

Prólogo: Conde Drácula sofre um fracasso colossal ao tentar expandir seus domínios para o território inglês, e seduzir Mina Murray. Ferido e enfraquecido, o Lorde das Trevas retorno ao seu lar na Transilvânia, onde é cuidado por suas fieis noivas, e traça um novo plano para se vingar do mundo moderno, e conquistar o poder e a vida eterna.

 

1. Renascer Sombrio

240 anos depois, um enfraquecido vampiro da noite rastejava pela floresta que antes lhe concedia força, mas não podia mais sentir os dons da natureza curvando-se perante ele. Ao longe, ele vislumbrava as torres de seu imponente castelo, mas seus olhos lhe enganavam, ele ainda estava longe, e seus joelhos fraquejavam, mais um lembrete amargo de seu fracasso cerca de dois meses atrás.

Drácula havia subestimado a humanidade e seu novo Deus, a ciência. Ao tentar expandir seus domínios para Londres (como visto anteriormente em Drácula), o Conde foi caçado como um cão por Van Helsing e seus homens, tendo seu caixão destruído, sua nova noiva, Lucie Western, morta, e seus poderes quase completamente tirados dele.

Ao explodir a Abadia Carfax, Helsing soterrou o Conde sob toneladas de escombros, mantendo-o preso abaixo deles, envolvido em um pouco de terra vinda da Transilvânia, a única coisa que podia mantê-lo vivo. Arrastando-se até um de seus dezenas de caixões, o Conde abrigou-se como um cão assustado fugindo de uma tempestade, enquanto os desabamentos submergiam completamente o local. Seu caixão permaneceu protegido, mas submerso sob as águas imundas da abadia. Seus poderes estavam fracos, tão fracos que sua presença maligna nem sequer podia ser sentida por Helsing e seus compatriotas. Com o pouco que lhe restou, o Conde manipulou o clima mais uma vez a seu favor, guiando as águas para retirar os escombros e levar seu caixão para longe de lá, até uma nova margem.

Ele remoía cada passo de seu fracassado plano. Ele havia abandonado a Transilvânia por saber que as superstições e crenças dos nativos os manteriam protegidos dele, os séculos haviam lhe ensinado tudo que precisavam para evitá-lo, mas aquele Novo Mundo não sabia e jamais aceitaria sua existência. Eram céticos e sem fé, devotos aos novos prazeres mundanos que surgiam aos montes, em teoria, alvos fáceis, sobre os quais ele consumaria sua vingança contra o Criador que, para ele, havia lhe tirado tudo (como visto no prólogo de Melhores do Mundo). Mas ele havia falhado. A ciência havia lhes concedido poder rápido e fácil, sem precisar mais se ajoelhar em busca de ajuda divina. Um estudioso como Van Helsing conseguia derrotá-lo com o conhecimento que havia adquirido nas páginas de algumas centenas de livros. Era humilhante demais para ele pensar que seu poder havia sido subjugado dessa forma. Então, Vlad entrou em processo de hibernação, permanecendo em sono ininterrupto por semanas, até que seu caixão colidiu com a costa nas primeiras horas da manhã, deixando-o exposto a qualquer um, até que os últimos raios de sol desaparecessem no breu da noite.

Indefeso, ele nada pôde fazer quando uma caravana cigana com dezenas de carroças parou ao ver seu caixão, e seus líderes desceram para verificar. As dezenas de cabeças à sua volta não permitiam que os raios solares atingissem além da sua testa, mas, inerte, ele sentia sua pele borbulhar. O chefe dos ciganos o reconheceu imediatamente como o vampiro que havia atacado Londres um mês antes. Eles eram nômades, e tudo que pudesse gerar dinheiro não deveria ser desperdiçado, por isso colocaram um crucifixo sob o peito do Conde para imobilizá-lo, e o levaram como sua mais nova atração.

O símbolo sagrado sobre seu peito causava-lhe uma dor excruciante e tirava-lhe sua última fagulha de poder. Durante duas semanas, ele foi exposto como um animal de circo na caravana cigana, com seu caixão aberto, posicionado sobre o palco, enquanto os ciganos narravam sua lenda das maneiras mais incorretas possíveis para algumas dúzias de imbecis supersticiosos do interior.

Seu ódio tornava-se cada vez mais ardente. A humanidade havia lhe tirado tudo, e agora o tratava como um mero objeto de museu, usavam o objeto sagrado em seu peito como um simples amuleto da sorte, sem levar em conta seu verdadeiro poder. Sem fé, símbolos não valem de nada.

Focando nisso, o Conde conseguiu sutilmente mover sua mão, retirando a cruz de seu peito. Os ciganos não acreditavam em seu poder o suficiente para evitar que ele se livrasse. Seu poder lentamente voltava para ele, mas ainda era fraco demais. Ele se moveu como uma sombra pelo acampamento, chegando à tenda do líder, o homem que o humilhou. Como a sombra da própria morte, ele adentrou a cabana, passando suavemente por sua entrada com seu corpo encurvado em direção ao homem. Sua sombra agora o cobria por completo, e apenas esse resquício fazia o homem se contorcer, sem dúvida, imerso em pesadelos terríveis simplesmente pela presença do Conde. Ele aproximou-se dele ainda mais lentamente, deliciando-se com seu medo, até enfim agarrá-lo pelo pescoço. Seus olhos vermelhos penetravam no olhar de pânico do homem, enquanto seus caninos se cravavam em sua garganta, sugando cada gota de sangue. Revigorado, o Conde enfim encontra forças para concluir sua vingança, moldando o clima a seu favor. Ele lança uma tempestade com raios e trovões sobre o acampamento, com um relâmpago certeiro atingindo uma árvore próxima, que desaba sobre uma das cabanas e alastra o fogo por todas elas. Em meio aos gritos de dor e desespero, o Conde se dirigiu a uma carroça, levando seu caixão consigo. Levariam algumas semanas, mas ele voltaria para seu castelo e lá moldaria um novo plano para vingar-se de uma vez por todas da raça humana.

E ali estava ele, vivo somente por ter sido alimentado do sangue de seus próprios cavalos, usando suas últimas forças para chegar à porta de seu castelo, que, como uma extensão dele mesmo, abriu-se para seu mestre ao vê-lo chegar.

Suas noivas, Laura, Valentine e Valpúrnia, rapidamente se apresentam a ele, mais por medo do que por lealdade. Uma parte delas torcia para que tivesse morrido, outra temia por isso. Ele as tratava como simples objetos sexuais, mas, por outro lado, seu poder perverso lhes concedia um prazer que jamais haviam conhecido. O Conde rosna como um animal, sibilando para que se afastassem dele. Subindo as escadas, ele chega até sua sala de tesouros, vazia, senão por uma única e reluzente joia vermelha, a Pedra Carmesim, a fonte de seu poder (como visto em Melhores do Mundo).

Sua magia das trevas não havia sido páreo para a ciência dos homens, mas talvez ele a estivesse usando do jeito errado. A pedra representava a extensão do seu próprio ódio. Talvez, se ele mudasse a fonte desse poder, ele se expandiria imensamente. Se ele usasse a maldade do próprio homem contra ele... sim! A humanidade cavou sua própria cova, imersa em seus próprios vícios e pecados, abandonando sua fé a cada dia. Adquirindo poder através disso, ele se tornaria mais poderoso do que jamais foi. Sua desgraça seria sua glória.

Mas não podia esperar mais tempo. Ele poderia acelerar o processo de ganho de poder. Guerras, fome, doenças, isso poderia fortalecê-lo. Mas como poderia despertar isso? Ou melhor, acelerar? Ele não tinha força o bastante para invocar tais pragas por conta própria, mas também sabia que não era o único ser sobrenatural daquele mundo. Havia aberrações, umas frutos da magia, outras da própria insanidade humana, muitas compartilhando um ódio para com a humanidade. Se ele pudesse manipulá-los, usá-los para seu próprio ideal, poderia trazer o caos absoluto à raça humana. EXATO! Ele recrutaria os maiores monstros daquele mundo, e ao lado deles marcharia sobre a humanidade pela última vez, e dessa vez, nem suas superstições, nem sua ciência poderiam salvá-la.

 

2. Feras Esquecidas

240 anos depois, um enfraquecido vampiro da noite rastejava pela floresta que antes lhe concedia força, mas não podia mais sentir os dons da natureza curvando-se perante ele. A longe, ele vislumbrava as torres de seu imponente castelo, mas seus olhos lhe enganavam, ele ainda estava longe, e seus joelhos fraquejavam, mais um lembrete amargo de seu fracasso cerca de dois meses atrás.

 Drácula havia subestimado a humanidade e seu novo Deus, a ciência. Ao tentar expandir seus domínios para a Londres (como visto anteriormente em Drácula), o Conde foi caçado como um cão por Van Helsing e seus homens, tendo seu caixão destruído, sua nova noiva, Lucie Western, morta, e seus poderes quase completamente tirados dele.

Ao explodir a abadia Carfax, Helsing soterrou o Conde sob toneladas de escombros, mantendo-o preso abaixo deles, envolvido em uma pouca de terra vinda da Transilvânia, a única coisa que pode mantê-lo vivo. Arrastando-se até um de suas dezenas de caixões, o Conde abrigou-se como um cão assustado fugindo de uma tempestade, enquanto os desabamentos submergiam completamente o local. Seu caixão permaneceu protegido, mas submerso sobre as águas imundas da abadia. Seus poderes estavam fracos, tão fracos que sua presença maligna nem sequer podia ser sentida por Helsing e seus compatriotas. Com o pouco que lhe restou, o Conde manipulou o clima mais uma vez a seu favor, guiando as águas para retirar os escombros e levar seu caixão para longe de lá, até uma nova margem.

Ele remoía cada passo de seu fracassado plano. Ele havia abandonado a Transilvânia por saber que as superstições e crenças dos nativos os manteriam protegidos dele, os séculos haviam lhe ensinado tudo que precisam para evitá-lo, mas aquele Novo Mundo, não sabia e jamais aceitaria sua existência, eram céticos e sem fé, devotos aos novos prazeres mundanos que surgiam aos montes, em teoria, alvos fáceis, sobre os quais ele consumaria sua vingança contra o criador que, para ele, havia lhe tirado tudo (Como visto no prólogo de Melhores do Mundo). Mas ele havia falhado. A ciência havia lhes concedido poder rápido e fácil, sem precisar mais se ajoelhar-ser ajuda divina. Um estudioso como Van Helsing conseguia derrotá-lo com o conhecimento que havia adquirido nas páginas de algumas centenas de livros. Era humilhante demais para ele pensar que seu poder havia sido subjugado dessa forma. Então, Vlad entrou em processo de hibernação, permanecendo em sono ininterrupto por semanas, até que seu caixão colidiu com a costa nas primeiras horas da manhã, deixando-o exposto a qualquer um, até que os últimos raios de sol desaparecessem no breu da noite.

Indefeso, ele nada pode fazer quando uma caravana cigana com dezenas de carroças parou ao ver seu caixão, e seus líderes desceram para verificar. As dezenas de cabeças à sua volta não permitiam que os raios solares atingissem além da sua testa, mas, inerte, ele sentia sua pele borbulhar. O chefe dos ciganos o reconheceu imediatamente como o vampiro que havia atacado Londres um mês antes. Eles eram nômades, e tudo que pudesse gerar dinheiro não deveria ser despediçado, por isso colocaram um crucifixo sob o peito do Conde para imobilizá-lo, e o levaram como sua mais nova atração.

O símbolo sagrado sobre seu peito causava-lhe uma dor excruciante, e tirava-lhe sua última fagulha de poder. Durante duas semanas, ele foi exposto como um animal de circo na caravana cigana, com seu caixão aberto, posicionado sobre o palco, enquanto os ciganos narravam sua lenda das maneiras mais incorretas possíveis, para algumas dúzias de imbecis superticiosos do interior.

Seu ódio tornava-se cada vez mais ardente. A humanidade havia lhe tirado tudo, e agora o tratava como um mero objeto de museu, usavam o objeto sagrado em seu peito, como um simples amuleto da sorte, sem levar em conta seu verdadeiro poder, sem fé, símbolos não valem de nada.

Focando nisso, o Conde conseguiu sutilmente mover sua mão, retirando a cruz de seu peito. Os ciganos não acreditavam em seu poder o suficiente para evitar que ele se livrasse. Seu poder lentamente voltava para ele, mas ainda era fraco demais. Ele se moveu como uma sombra pelo acampamento, chegando à tenda do líder, o homem que lhe humilhou. Como a sombra da própria morte, ele adentrou na cabana, passando suavemente por sua entrada com seu corpo encurvado em direção ao homem. Sua sombra agora o cobria por completo, e apenas esse resquício fazia o homem se contorcer, sem dúvida, imerso em pesadelos terríveis simplesmente pela presença do Conde. Ele aproximou-se dele ainda mais lentamente, deliciando-se com seu medo, até enfim, agarrá-lo pelo pescoço. Seus olhos vermelhos penatravam no olhar de pânico do homem, enquanto seus caninos se cravavam em sua garganta, sugando cada gota de sangue. Revigorado, o Conde enfim encontra forças para concluir sua vingança, moldando o clima a seu favor. Ele lança uma tempestade com raios e trovões sobre o acampamento, com um relâmpago certeiro atingindo uma árvore próxima, que desaba sob uma das cabanas e alastra o fogo por todas elas. Em meio aos gritos de dor e desespero, o Conde se dirigiu a uma carroça, levando seu caixão consigo. Levariam algumas semanas, mas ele voltaria para seu castelo e lámoldaria um novo plano para vingar-se de uma vez por todas da raça humana.

E ali estava ele, vivo somente por ter sido alimentado do sangue de seus próprios cavalos, usando suas últimas forças para chegar à porta de seu castelo, que, como uma extensão dele mesmo, abriu-se as portas para seu mestre ao vê-lo chegar.

Suas noivas, Laura, Valentine e Valpúrnia, rapidamente se apresentam a ele, mais por medo do que por lealdade. Uma parte delas torcia para que tivesse morrido, outra, temia por isso. Ele as tratava como simples objetos sexuais, mas, por outro lado, seu poder perverso lhes concedia um prazer que jamais haviam conhecido. O Conde rosna como um animal, sibilando para que se afastassem dele. Subindo as escadas, ele chega até sua sala de tesouros, vazia, se não por uma única e reluzente joia vermelha, a Pedra Carmesim, a fonte de seu poder (Como visto em Melhores do Mundo).

Sua magia das trevas não havia sido páreo para a ciência dos homens, mas talvez ele a estivesse usando do jeito errado. A pedra representava a extensão do seu próprio ódio, talvez, se ele mudasse a fonte desse poder, ele se expandiria imensamente. Se ele usasse a maldade do próprio homem contra ele... sim! A humanidade cavou sua própria cova, imersa em seus próprios vícios e pecados, abandonando sua fé a cada dia. Adquirindo poder através disso, ele se tornaria mais poderoso do que jamais foi. Sua desgraça seria sua glória.

 Mas não podia esperar mais tempo, ele poderia acelerar o processo de ganho de poder. Guerras, fome, doenças, isso poderia fortalecê-lo. Mas como poderia despertar isso? Ou melhor, acelerar? Ele não tinha força o bastante para invocar tais pragas por conta própria, mas também sabia que não era o único ser sobrenatural daquele mundo. Havia aberrações, uns frutos da magia, outros da própria insanidade humana, muitas compartilhando um ódio par ao dele contra a humanidade. Se ele pudesse manipulá-los, usar seus poderes para seu próprio ideal, poderia trazer o caos absoluto da raça humana. EXATO! Ele recrutaria os maiores monstros daquele mundo, e ao lado deles marcharia sobre a humanidade pela última vez, e dessa vez, nem suas superstições, nem sua ciência poderia salvá-la.

 

3. Reunião Monstruosa

Drácula ajoelhou-se diante da joia, ampliando sua percepção com seu poder. A pedra era capaz de pressionar a dor em qualquer lugar do mundo, mas não era qualquer sofrimento que ele buscasse dessa vez. Ele queria alguém amargurado e renegado por causa de seus próprios dons, alguém considerado monstruoso por ser superior.

De repente, as paredes negras ao seu redor dissolveram-se, transformando-se em um laboratório terrível. Um cientista de olhar insano encarava a rugia acima dele, enquanto um pequeno homem corcunda o segue em busca de instruções.

Grosseiramente, o cientista tentou que ele ativasse os dispositivos. O assistente recebeu uma série de aparelhos, ligando-os à potência máxima. Foi então que Drácula viu para onde aquela máquina transferia sua energia: um corpo imenso, coberto por panos brancos, de forma irregular, como se tivesse sido montado de maneira rudimentar, como um boneco de criança. Sob os panos, um corpo esverdeado, repleto de pontos e costuras unindo seus membros, destacava-se. Um enorme parafuso transpassava sua cabeça quadrada, de um lado ao outro, acima dos ouvidos. Uma criatura pertencente a cerca de dois metros de altura e músculos de aço.

No canto da sala, uma bela jovem implorava para que o cientista parasse com aquela loucura. Foi nesse momento que Drácula viu seu nome: Henry Frankenstein. A mulher, Elizabeth, tentou fazê-lo desistir, mas ele apenas acalmou. Quando os raios começaram a cruzar o céu sobre o laboratório, planejou que Igor – seu assistente corcunda – erguesse a criação para que fosse tocado pela eletricidade.

Enquanto isso, ele explicou a Elizabeth que aquela criatura seria sua maior conquista. Moldara aquele corpo com partes de cadáveres exumados e, através do elixir que descobrira, devolveria-lhe o dom da vida. Ele sentiria como é ser Deus.

Drácula não conseguiu conter um riso diante das aspirações megalomaníacas de Frankenstein. Mais um homem louco, prejudicado por sua própria ambição.

Os raios finalmente atingiram o corpo inerte. O laboratório tremeu, e a criatura desceu de volta ao chão. Igor desligou as máquinas, e Henry, ansioso, tocou o pulso do ser. Nada. Mas então, os dedos se moveram. Pequenos gemidos escaparam de sua boca.

ESTÁ VIVO! ESTÁ VIVO! — Henry gritou para os céus, como um homem das cavernas que havia descoberto o fogo.

Mas o tempo revelou que sua criação era, na verdade, um reflexo de sua própria insanidade. A fera passa trancada em um calabouço, berrando e esmurrando as paredes, enquanto Henry se debate sobre o que fazer. A criatura se desenvolveu rapidamente, aprendendo a andar e, com os ensinamentos de seu criador, conseguiu até mesmo dizer algumas palavras. Mas sempre que Henry olhava para ela, sentia uma profunda repulsa. Igor, por outro lado, aproveitou-se do descaso do patrão para torturar o monstro com chibatadas e insultos, apenas pelo prazer do sadismo.

Foi então que Henry se deu conta do que havia feito. Ele se lembrou dos cadáveres que violou, das blasfêmias que proclamou, das mentiras que contou a Elizabeth. Cometera um erro. Mas antes que pudesse corrigi-lo, um grito de dor cortou o ar do castelo.

Correndo até o calabouço, Frankenstein encontrou o corpo de Igor suspenso pelo pescoço no teto. A janela ao fim do corredor estava quebrada. A fera havia escapado.

Drácula, curioso espectador, acompanhou a jornada da criatura enquanto ela vagava pelas matas em busca da civilização – e se encontrou apenas isolada.

Em cada vilarejo que chegava, uma criatura era escorraçada, tratada como um monstruoso apenas por ser diferente.

Discretamente, tentava observar a vida das pessoas. Elas pareciam tão... boas, tão inteligentes. Ele adorava acompanhar suas rotinas. Mas, sempre que tentava se aproximar, sempre que acreditava que algo seria diferente, tudo se repetia: era julgado e expulso. Ainda assim, aprendi muito apenas observando.

Ele não sentiu ódio daqueles que o temiam. Apenas aquela que o criou. Aquele que o condenou a uma existência de dor. Aquele que o abandonou. Henry Frankenstein.

Henry deveria pagar pelo que fez.

Drácula sorriu maliciosamente ao sentir os sentimentos que emanavam da aberração. Sabia que poderia manipular, usar seu ódio contra seu criador para destruir seus próprios inimigos.

Mas um só não bastava.

Ele precisaria de mais aliados.

Felizmente para ele, a criatura não era a única que a humanidade havia transformado em monstro.

 

4. As Várias Faces

O Lorde das Trevas então voltou sua viagem para outro lugar, um muito diferente, luxuoso, mas um tanto, primitivo, tanto quanto seu própria castelo. Era uma suíte de um grande faraó, onde sua rainha deitava ao lado de outro homem, um relez escravo.

Drácula observava enquanto o misterioso homem deslizava suas mãos sobre os seios da poderosa, com o suor descendo por seu corpo, em ritmo de puro desejo. Em seus 800 anos de existência, era fácil prever como aquela noite de prazer terminaria.

A traição da rainha foi descoberta pelo faraó, era impossível esconder-se de alguém que tem olhos e ouvidos e cada canto daquela pirâmide. Não apenas guardas ou conselheiros, mas até mesmo comcunbinas do soberano, ansiosas para assumir o trono ao seu lado. Assim, a rainha foi morta, mas, seu aumanta, Ada Bay, sofreu uma consequência muito pior. Seus orgãos foram tirados de seu corpo ainda vivo, enquanto o faraó lhe encarava com desprezo. Ele suportou até onde pode, não queria ceder ao sadismo do faraó, e não pediu pela morte, mas, mesmo sem deseja-la, ela veio ao seu encontro. Mas, nem a morte poderia ceifar um poderoso feiticeiro como Bay.

Morto, ele foi mumificado ao lado de sua amada clandestina. Mas, não acabaria daquela maneira. Antes de morrer, Bay havia pedido aos antigos ´´deuses´´ para que o mantivessem vivo, algo que através de seu ódio, tornou-se possível, e quando alguém abrisse seu sarcófago, ele estaria livre novamente, tendo ao seu dispor o poder da magia antiga. Drácula desejou seu apoio mais do que qualquer outro. Os poderes daquela Múmia era semelhantes aos seus, poderia impor terror sobre milhões de pessoas, e não seria difícil traze-lo ao seu lado. Precisaria apenas reanima-lo, e através de seu próprio poder, transformar sua ressureição em uma reprogramação, que lhe faria servi-lo sem pestanejar.

Seus olhos agora voltaram-se para um laboratório, aparentemente vazio, mas, com uma voz grossa e imponente, declarando sua própria miséria. Ele era Jack Griffin, agora o Homem Invisível. Jack era um cientista brilhante, que estava desenvolvendo um soro capaz de tornar um humano, completamente invisível aos olhos nus. Seu experimento foi um sucesso, mas, não exatamente da forma que ele queria. Os compostos químicos que ele vinha desenvolvendo, entraram em colapso, jorrando por todo o laboratório, atingido-o em cheio, tornando-o invisível, para sempre.

Ele estava a meses buscando uma cura, sem sucesso. Para sua esposa, Flora Crowley, e seu pai,John Griffin, ele se apresentava em volto em trapos brancos e um sobretudo, afirmando que havia sido ´´levemente deformado´´, e revelaria seu rosto a eles quando tivesse sido reparado. Ele não tinha coragem de revelar o desastre que ele havia lançando sobre si mesmo. Aquilo estava além de seus conhecimentos, ele havia cruzado a Europa em busca de uma solução, mas não havia conseguido absolutamente nada. Agora, ele estava isolado em um laboratório em Wolfsburg, isolado sob uma colina, onde não seria pertubado. Flora não sabia onde ele estava, e suspeitava que havia mentido sobre sua própria condição.

A cada fracasso, Jack tornava-se mais insano. Aquilo não era justo, ele sempre fez invenções para ajudar a humanidade, e agora, não fazia mais parte dela, era uma aberração. Ninguém podia ajuda-lo, estava sozinho, e tinha certeza, que se revelasse sua verdadeiro (e virtualmente inexistente), face a seu pai e esposa, eles o abandonariam também. Drácula intrigou-se ocm aquela figura amargurada, e pensava em como manipula-lo. Um ser com aqueles poderes e conhecimentos poderia ser útil aos seus propósitos, mas precisava ser incentivado a usa-los. O Conde lhe tratava com ironia, mais um homem da ciência, vítima de seu próprio conhecimento. Talvez, ele pudesse convence-lo com sua condição não fosse uma doença, e sim, um dom, algo que lhe permitiria atingir feitos inalcançáveis, e usar seu ódio por si mesmo para isso.

Seus olhos se readptaram mais uma vez, e agora, vislumbravam uma figura peluda, fugindo pelo mata, enquanto dezenas de homens com tochas, rifles e forcados o perseguiam. Por baixo daquela aberração com pelos, garras e presas, havia Larry Talbot, um jovem advogado, vítima da maldição do Lobisomem, após ser infectado por um andarilho, ao impedir que o mesmo matasse uma garota.

Após ser arranhado pelo estranho homem na batalha, ele havia sentido seu corpo mudar, mas não podia imaginar até onde essas mudanças iriam. Todas as noites, seu corpo se transformava, meio homem, meio lobo. Sua consciência humana quase totalmente sobreposta por um instinto animal. Enquanto era um animal, seu único desejo era matar. E ele havia feito isso, mais de uma vez, e sempre que voltava a si, amargurava-se, sentia-se culpado, mesmo que sobesse no fundo que aquilo não fosse culpa dele.

Ele pensou em acabar com a própria vida, e assim, livrar o mundo do homem que ele havia se tornado. Mas, seu pai, Jack Talbot, ainda não havia desistido dele, e buscou soluções de todas as formas, seja na ciência, seja na magia, mas parecia que nada adiantava, e naquela noite, Larry havia matado mais uma pessoa, uma mulher, e dessa vez, havia sido esboscado pelos cidadãos, e seu pai, nada pode fazer para defende-lo, e começou a pensar se realmente havia chance para seu filho.

Talbot enxergava a si mesmo como um monstro, e era inegável, quando se transformava ele realmente era. Um monstro poderoso e quase invencível, mas, com uma fragilidade humana. Talvez, se o Conde pudesse explorar seu lado selvagem, poderia sobrepor sua própria consciência, e assim, ele se tornaria não mais que um de seus lobos, totalmente leais a ele.

Ele tinha tudo que queria, seres poderosos e horripilantes, exilados pelo mundo, e temidos pela humanidade, todos eles perdidos e sem rumo, ansiando por uma solução. Ele sabia como usa-los a seu favor, então, impondo suas mãos sob a Pedra Carmesim, ele utilizou seu poder para teletransporta-los até aquela câmara. Retirados cada um de suas respectivas realidades, todos surgiram formando um círculo em volta do Conde. Traze-los até lá foi fácil, agora faze-los servi-lo, seria muito mais difícil. Mas, nada que sua labia, e seu poder hipnótico não pudesse resolver....

 

5. Tempos Sombrios

Drácula mal teve tempo de se explicar, antes que o Lobisomem salta-se sobre ele, era uma fera totalmente irracional. Suas garras aproximavam-se perigosamente de seu peito, e seu hálito imundo lhe faziam lacrimejar.

A força da criatura era impressionante, mas seus poderes iam muito além da força bruta.

Drácula lança um ataque psiquico contra a criatura, que rapidamente sai de cima do Conde, balançando a cabeça frenéticamente. Aquilo tinha começado mal, ele precisava se impor, rápido.

Tomando o controle da situação, ele discursa.

-Larry Talbot, esse é o homem que está diante de vocês, deformado e bestial, porém, poderoso. Eu sou Drácula, Princípe da Transilvânia, e observei as habilidades de cada um de vocês. Acredito que assim como Talbot, vocês enxerguem suas atuais condições como doenças, que suas vidas não tem sentido.

Nesse instante, Griffin e a Criatura se entreolham curiosos e tocados, enquanto Ada Bay continuava desligado em seu sarcofágo.

-Mas, eu lhes digo, cada um de vocês tem um dom único, que torna vocês melhores que os homens que lhes julgam. Porque viver escondidos? Porque buscar ser como eles, se podemos ser melhores? Essa noite, eu lhes proponho uma aliança, juntos, faremos com que aqueles que nos perseguiram pelo que somos, se ajoelhem perante nossa superioridade. Enquanto fala, o Conde emite seus poderes mentais contra as mentes deturpadas daqueles seres, tornando seu convencimento muito mais fácil, era como comprar o respeito de uma criança com doces.

Nas mentes de cada um deles, se passava um filme diferente, e ´´agradável´´, pelo menos em suas perspectivas. Talbot se via completamente perdido dentro de seu próprio corpo, seu lado animalesco no comando. Inicialmente, teve medo, não poderia deixar que aquela fera acabasse com tudo a sua volta, mas ao mesmo tempo, sabia que não era capaz de se controlar, se deixasse sua consciência de lado, não sentiria mais remorso por seus crimes, talvez, deixar seu instinto comandar, fosse a única forma de ter paz. E assim, ele se entregou ao seu monstro.

Já Frankenstein, teve uma visão ainda mais macabra. Ele se via matando seu criador, fazendo-o sofrer pelo que fez a ele, e ao seu lado, uma mulher, fabricada, assim como ele, como se o mundo estivesse se moldando para as suas vontades. Além dessa mulher, todos que o cercavam, era iguais a ele, diferentes, bizarros, mas viviam como os homens vivem, em sua monótona harmonia, algo simples, mas que para ele, era um sonho.

Griffin via seus delírios de grandeza atingirem seu apogeu. Ele se via ao lado de Flora, como um grande líder, alguém poderoso e temido, um ícone de lendas, alguém que mesmo que ninguém possa ver, é motivo de arrepios. Ele sabia que aquilo não vinha de sua racionalidade, ele nunca quis tais poderes, mas, viver como vítima se tornava insuportável para ele, tudo que ele queria, era fazer de sua condição, uma força.

Em seu transe, Ada Bay se via de volta na câmara onde foi sepultado, mas seu corpo parecia não ter sido tocado pelos séculos, era forte e vigoroso como fora 3000 mil anos antes. De repente, uma tumba foi aberta, e dela, saiu sua rainha. Tão linda como jamais esteve, se aproximou, e o beijou, e ao olhar-se novamente, percebeu que vestia as roupas do faraó, agora, ele era o todo poderoso, digno da mulher que tinha ao seu lado. Ele, e todos os outros monstros, viam em suas mentes, seus desejos corrompidos, e tinham em Drácula, a esperança para alcança-los.

De volta a si, todos voltaram-se para o Conde, com um sorisso estampado na face, inclusive Bay, que saiu de seu sarcofágo. com seu corpo esquelético e deformado, envolto quase totalmente por faixas, senão por parte de rosto, que apresentava seus olhos brancos intensos. Drácula prometeu que a realidade daquelas visões era possível, se ele se unissem a ele em sua cruzada. No fundo, ele queria apenas utiliza-los para resolver seus problemas, e depois iria pensar em uma forma de se livrar deles, mas precisaria manipula-los por tempo o suficiente.

Drácula disse que sua luta não seria fácil, e somete através das próprias forças, não poderiam destruir seus inimigos, precisaram ser inteligentes. O primeiro passo de seu plano, envolveria um prazer imenso a criatura, eles voltariam a Mansão Frankenstein, para ´´negociar´´ com Henry. Conde sabia que o cientista relutaria em apoia-lo em seu plano, mas um homem casado e agora com filhos, nunca estaria livre do medo, ele acharia um jeito de faze-lo servi-lo.

Assim, Drácula, Frankenstein, Lobisomem, Homem Invisível e a Múmia, marcharam, rumo a sua vingança contra a humanidade que os nomeou como monstros. Drácula julgava ter controle absoluto sobre aqueles seres, mas talvez, sua confiança excessiva pudesse se provar um grave erro....


CONTINUA...

 

De Volta ao Ventre

Henry Frankenstein recostava-se confortavelmente em sua poltrona de couro, lendo um livro de filosofia, um dos milhares que preenchiam sua imensa biblioteca, iluminado pela luz de sua fogueira.

Para seu pai, o Barão Frankenstein, aqueles livros eram uma baboseira. Para alguém como ele, que trabalhou desde o berço, era difícil compreender o conhecimento da mesma forma que seu filho. Ele sabia o poder que a literatura tinha em despertar a curiosidade, o amor e até mesmo o ódio. Foi nela que encontrou inspiração para conceber sua criatura, e também foi nela que tomou a decisão de eliminá-la, antes que ela mesma fugisse.

Ele não passava uma noite sequer sem pensar no horror que havia causado e, principalmente, em tê-lo deixado escapar. Contudo, haviam se passado meses desde que os últimos relatos sobre a fera nas redondezas cessaram. Sua família sabia o que ele havia feito, mas ele não ousou confessar ao grande público, não queria manchar a imagem de seu pai com tamanha insanidade. Agora, ele era marido e, em poucos meses, seria pai.

No entanto, naquela noite, todos veriam e sentiriam o ódio que ele despertou naquela criatura.

No centro do vilarejo, uma grande festa se desenrolava em celebração a Her Voguel, o prefeito da cidade. As pessoas cantavam e dançavam em volta da imensa fogueira, no centro da praça, em uma noite de alegria.

Porém, a música foi interrompida por um berro de dor estridente, enquanto o corpo de um homem era lançado como um boneco de pano sobre a fogueira, espalhando as chamas entre as pessoas mais próximas, enquanto seu corpo ardia no centro do fogo. Das sombras, uma grande silhueta projetou-se sobre eles: era a criatura de Henry Frankenstein, e ela vinha em busca de seu criador.

Voguel e sua esposa correram, enquanto a população se espalhava por todos os cantos, em puro desespero. Dois guardas apontaram suas armas para a fera, mas quando tentaram atirar, suas armas estavam sem munição. Era impossível! A criatura aproximou-se do primeiro homem, partindo seus braços como se fossem gravetos, e usou sua própria arma de uma maneira nada convencional, atravessando-a através de seu crânio. Vendo o banho de sangue, o segundo soldado correu, mas não rápido o suficiente para escapar do segundo visitante. O Lobisomem saltou em suas costas, cravando suas garras em sua carne e saboreando sua dor por alguns segundos, antes de enterrar seus caninos em seu pescoço, matando-o quase de imediato.

Os homens da cidade buscavam desesperadamente por suas armas, e até as encontravam, mas todas estavam sem munição, como se alguém as tivesse... roubado. Mas ninguém viu ninguém.

Dezenas de homens armados com ancinhos e foices avançaram sobre as duas criaturas. Frankenstein socou o primeiro deles, decapitando-o com um único golpe, espirrando sangue nos rostos daqueles que vinham atrás dele, deixando-os cada vez mais temerosos. A criatura despedaçou-os como se fossem brinquedos, enquanto recebia, sem reação, alguns poucos golpes impotentes, que, apesar de feri-lo levemente, não causavam dor. Enquanto Frankenstein se garantia com sua força, Talbot usava sua velocidade. Ele saltava em alta velocidade, retalhando os pescoços dos inimigos com suas garras em segundos. Em menos de 20 segundos, trinta homens haviam morrido.

A população corria para se abrigar atrás das muralhas da mansão Frankenstein, esmurrando os portões de madeira em pânico. Henry e o Barão rapidamente perceberam o que estava acontecendo e correram para abrir as portas, sem saber ao certo qual era a ameaça.

Alguns soldados se posicionaram no telhado das casas, tentando atingir as feras com arco e flechas, mas foram surpreendidos por uma saraivada de balas, que explodiram seus peitos e crânios. Contudo, o rifle que disparava parecia levitar no ar, sem ninguém para apertar o gatilho. O último homem não teve tempo de compreender aquela façanha antes de uma bala atravessar sua testa, matando-o instantaneamente. Era o Homem Invisível, que, por ordens de Drácula, havia desarmado os arsenais da cidade e aguardava o momento certo para eliminar os atiradores. Griffin revela sua identidade aos sete ventos, mesmo que ninguém pudesse vê-lo, temeriam por seu nome.

Ao longe, o Conde observava as peças de seu xadrez, decidido a dar um xeque-mate. Ele queria entrar no jogo. Ada Bay tomou a frente, esticando as mãos, e delas jorraram milhões de gafanhotos, que rapidamente tomaram conta da cidade, invadindo as casas e obstruindo todos os símbolos religiosos, permitindo que Drácula entrasse em cena, mesmo sem precisar lutar, a vitória era entregue em suas mãos.

Henry e seu pai preparavam-se para fechar os portões, quando Henry viu, de relance, sua criatura matando os últimos homens que tentavam contê-la. Seu destino havia vindo buscá-lo. No momento de hesitação, ele não percebeu a nuvem de gafanhotos jorrar sobre ele e seu pai, forçando-os a fugir para dentro da casa, deixando os portões escancarados. Os insetos avançaram sobre as pessoas; nem entre quatro paredes estavam a salvo.

Mães defendiam seus filhos, lançando-se sobre eles, enquanto seus corpos eram feridos pelos gafanhotos. Henry, seu pai e Elizabeth se abrigaram sob uma mesa, enquanto as pessoas corriam em círculos, incapazes de ver à frente devido à nuvem de insetos. Finalmente, os animais partiram, e cinco sombras surgiram no portal central da mansão. Drácula tomou a frente do grupo, avaliando sutilmente a bela casa, completamente revirada por aquela ralé covarde.

— Onde está Henry Frankenstein? — perguntou ele, em alto e bom som.

Henry hesitou, mas sabia que, se resistisse, todos ali morreriam. Arrastou-se para fora da mesa, mas seu pai foi logo atrás dele, desafiador como sempre. Henry reconheceu, imediatamente, a face da criatura que havia criado com suas próprias mãos, logo atrás da imponente figura do Conde.

— Preciso que use seus conhecimentos mais uma vez — disse o Conde, olhando para a Criatura.

Henry tremeu. Não podia mais esconder seu erro, mas não estava disposto a repeti-lo, e desafiou o Vampiro sem medo, negando. Sorrindo, o Vampiro acenou, e seu pai e esposa foram puxados e erguidos do chão, sendo trazidos para perto de Drácula, enquanto Henry observava impotente. Ele correu em direção ao Conde, que o derrubou com um único tapa, quase nocauteando-o.

Caído de joelhos, perante o vilão, o cientista estava à mercê dele. Então, Drácula exigiu sua lealdade, ou sua esposa e seu filho em seu ventre morreriam por sua rebeldia. Aos prantos, Henry implorou por piedade e concordou em ajudá-lo. Elizabeth foi devolvida ao chão, mas seu pai teve um destino muito diferente: foi lançado contra o piso, quebrando suas costelas no impacto.

A criatura então se aproximou e esmagou sua cabeça com um único pisão, para o desespero de Henry.

— Seu desgraçado, eu te criei! Como ousa destruir minha vida? — urrava Henry para a Criatura.

— Você me renegou, pai. Me deixou neste mundo para viver como uma aberração. Me dar a vida foi a pior coisa que você podia ter feito a mim.

Drácula então tomou a frente e exigiu que Henry e os aldeões pegassem os cadáveres e reconstruíssem seus corpos, como ele havia feito com a primeira criatura. Henry estava pronto para recusar, mas já havia perdido seu pai e sabia que Drácula mataria sua esposa se ousasse desafiá-lo novamente. Por mais macabra que fosse a missão, ele sabia que deveria cumpri-la.

Antes de virar as costas, Drácula disse ao Lobisomem:

— Faça bom proveito.

Olhou para o corpo do Barão, e Talbot o devorou, dentro de sua própria casa. Drácula via o medo nos olhos daqueles habitantes. Sentia suas forças se tornando cada vez maiores. Por hora, ele faria as vontades de seus lacaios, como fez com a Criatura ao conceder-lhe sua desejada vingança, mas nem mesmo sua mente doentia poderia prever as deturpações que habitavam na mente daqueles seres.

 

Traços de Humanidade

A cidade de Freiburg foi a primeira vítima do ódio de Drácula, e no vilarejo dos Frankensteins, um exército das trevas surgia. Henry e outros moradores cumpriram a macabra ordem do Conde, reunindo os corpos e montando um exército a partir deles. Henry avisou o vampiro que seria impossível replicar a criação da primeira criatura, pois a tempestade que lhe concedeu a vida era um evento único em um milhão. Drácula riu e disse que lhe daria quantos raios ele quisesse.

Centenas de corpos foram esticados sob uma clareira, com o sol forte batendo sobre seus corpos imundos. Drácula prostrou-se diante deles e, erguendo as mãos, fez o clima mudar. Uma terrível tempestade formou-se sobre os cadáveres, eletrocutando-os e os reerguendo. Ao seu lado, a Múmia fortificava seus corpos com sua antiga magia, tornando-os intolerantes à dor e mais fortes do que qualquer homem.

Eram incontáveis homens e mulheres zumbificados, erguendo-se como máquinas sob as ordens do Conde. Henry sentiu o mesmo horror que experimentara ao criar sua primeira criatura; ele sabia que seu feito traria o fim do mundo, mas o medo de perder sua família tornava-o refém daquele mal.

O Conde pôs a mão em seu ombro e disse para que Henry permanecesse a postos, pois, a cada cidade por onde passassem, obteriam "matéria-prima" para reforçar seu exército, declarou o vampiro com um prazer cruel na voz.

O governo alemão rapidamente detectou a ameaça, pois o mal do Conde e de seus aliados seguia se expandindo pelo país, e sua fúria só cessaria quando a humanidade estivesse em frangalhos.

Frankenstein agora tinha diversos seres semelhantes a ele. O Lobisomem saciava sua sede de sangue com incontáveis vítimas à disposição, sem a mente de Talbot para freá-lo. A Múmia era manipulada diretamente pelo Conde, acreditando receber ordens de sua amada rainha. Essa ilusão fazia com que usasse sua magia ao bel-prazer de Drácula. Jack Griffin era quase tão doentio quanto o vampiro, torturando suas vítimas até a loucura com seus poderes, matando e aterrorizando, tornando-se um egomaníaco obcecado por sua própria "grandeza".

Drácula sabia que não era forte o bastante para vencer um exército nacional inteiro em plena força, então, com a ajuda de Bay, decidiu extrair os recursos do inimigo, enfraquecendo-o pela boca.

Gafanhotos devastaram as plantações, tempestades e enchentes destruíram as fábricas, e pragas adoeceram o povo. Um inimigo sem comida, armas ou saúde não poderia lutar. Diversas pessoas morreram, e a miséria governava o país. As forças armadas tentaram barrá-los em Dresden, onde Drácula enfim teve a chance de ver seu exército em plena força. Suas fileiras já contavam com ainda mais mortos-vivos, obtidos através de seus próprios crimes.

A cidade foi cercada por soldados, mas não eram capazes de penetrar suas defesas. Balas, facas e explosivos não podiam detê-los. Seus corpos eram mais resistentes e, mesmo quando despedaçados, continuavam a se arrastar sob os soldados exaustos e famintos. A batalha estendeu-se das primeiras horas da manhã até o início da noite, quando enfim Drácula e seus agentes entraram no conflito.

Usando seus poderes cada vez maiores, Drácula inundou as ruas com sua névoa maldita e, em meio à confusão dos soldados, desintegrou-os com relâmpagos, deleitando-se com o cheiro de seus corpos queimados. O Lobisomem e Frankenstein seguiam como líderes da cavalaria, despedaçando os inimigos, com muitos preferindo se explodir a serem mortos pelas mãos daquelas feras. A Múmia massacrava as linhas inimigas com suas pragas, enquanto Griffin era peça-chave no plano-mestre do Conde.

Os soldados recuaram para suas trincheiras, mas não contavam que seus explosivos haviam sido armados misteriosamente para detonarem assim que chegassem ao esconderijo. Sim, Jack havia se infiltrado e, mais uma vez, usado as armas inimigas contra eles. Ele ria enquanto ouvia os gritos dos homens em meio ao fogo e à destruição.

A Alemanha iria cair e, em breve, toda a Europa. Não havia poder naqueles homens capaz de deter os monstros. Talvez as armas realmente não fossem a ferramenta certa para derrotá-los...

 

As potências europeias reuniram seus líderes. Aquela ameaça não podia se espalhar, mas eles não sabiam como impedi-la. Milhares de pessoas fugiam da Europa para a América, sem saber que não seria um mero oceano que deteria Drácula. O medo tornava-se onipresente.

Em Bristol, Flora Crowley tentava desviar seus pensamentos de Jack. Ela sabia que seu amado havia se tornado um monstro. Não conseguia dormir havia muitas noites, tomada pela tristeza e, até certo ponto, pela culpa. Flora se despiu e entrou na banheira de seu luxuoso banheiro, condizente com uma mulher de seu status. Ela sentia a água quente tocá-la por inteiro, enquanto seu belo corpo era submerso. Aquele momento de paz era um dos poucos em que se via livre de seus pensamentos terríveis, mas não poderia imaginar que eles literalmente se materializariam diante dela.

A porta se abriu sutilmente, tão delicadamente que ela não percebeu. Pegadas surgiram no chão úmido, parando a centímetros da beirada da banheira. Crowley percebeu a sombra sobre si e tentou gritar, mas sua boca foi tapada pelas mãos de Jack Griffin.

Ele implorou que ela não gritasse, e ela se controlou. Ele sentou-se à beira da banheira, admirando-a, enquanto ela tentava esconder sua nudez.

Flora tentou convencê-lo a parar com aquela insanidade, mas Griffin afirmou que não poderia mais negar sua superioridade. Seu intelecto lhe concedera poderes além da compreensão humana. Ele tinha poder para reinar sobre todos, mas não queria fazê-lo sozinho—ele queria Flora ao seu lado.

A mulher deu um tapa no rosto invisível de Griffin, horrorizada com cada uma de suas palavras. Para ela, aquele não era o homem por quem se apaixonara, e sim um fantoche cruel de Drácula. O ego de Griffin não suportava ser rebaixado, e ele estava pronto para afogá-la na banheira, suas mãos próximas de seu pescoço, mas... ele não podia matá-la.

Flora disse que a dor dele era culpa apenas dele mesmo. Ele se fissurara em seus experimentos sem medir as consequências; seus delírios de grandeza o transformaram naquele monstro, não as pessoas. Talvez elas o tenham excluído, mas, naquele momento, ele estava sendo exatamente o monstro que temiam que fosse.

Levantando-se, ele disse que ela estava se condenando. Em breve, quem não estivesse ao lado deles estaria morto. Flora ajoelhou-se na banheira, olhando para onde acreditava estar Jack, e disse que ele poderia impedir aquele horror, que ainda poderia orgulhá-la.

O Homem Invisível enfim fraquejou, mas disse que não poderia deter Drácula e nem sequer sabia se queria isso. Firmemente, ela declarou:

— É melhor morrer com honra do que viver como um covarde.

Aquelas palavras penetraram em seu coração.

— Volte a ser o homem que eu amei — disse ela, com o pouco carinho que ainda restava por ele.

Sem coragem para responder, ele saiu do banheiro, fechando a porta às suas costas. Flora deitou-se novamente, tomada pela tensão.

Nas ruas de Bristol, um homem indetectável caminhava. Ele via o medo nos rostos das pessoas, até mesmo das crianças, o mesmo medo que viu no rosto de sua mulher. Ele nunca quis se tornar aquilo, mas havia algo em seu inconsciente que incendiava seu ódio contra aquelas pessoas. Se ele havia se tornado um monstro, foi por sua própria fraqueza, e agora ele entendia que aquilo era verdade...

 

Enquanto isso, em Lisse, na Holanda, Jack Talbot esperava ansiosamente por um horário com um ex-professor da Universidade de Londres. Abraham Van Helsing havia se tornado um eremita. Ele já impedira Drácula uma vez, mas sentia-se impotente diante do horror que assolava o mundo. No fundo, culpava-se—se tivesse matado o Conde quando teve a chance...

Talbot adentrou o escritório do doutor. Ele sabia que seu filho havia se tornado uma aberração ao lado de Drácula e que Helsing já detivera o Conde uma vez. Não sabia ao certo se o professor poderia ajudá-lo agora, mas tudo o que precisava era de uma faísca de esperança—algo em falta naqueles tempos.

O escritório do homem parecia um bar, com garrafas de uísque vazias espalhadas pelo chão. Helsing parecia estar passando por um momento difícil. Ele era um velho grisalho na cabeça e na barba, com uma expressão cansada—mais cansada que o comum. Jack não era muito mais novo que ele, mas sua expressão parecia vinte anos mais jovem. Talvez aquilo fosse um sinal do que estava por vir.

Helsing previu que Jack pediria ajuda para salvar seu filho e prontamente negou. Não tinha mais forças para se opor àquele monstro mais uma vez. Jack implorou para que ajudasse seu filho, mas Abraham não tinha mais forças. A única coisa que poderia dizer era que, se seu filho ainda tivesse um traço de humanidade, ela poderia ser alcançada. Se não existisse, então ele não poderia mais ser salvo.

Jack desistiu de argumentar com o velho homem. Helsing não era o herói que ele imaginava—não mais.

De volta às ruas, ele pensava. Não poderia perder seu filho. Ele precisava achá-lo e trazê-lo de volta a si... ou morrer tentando.


3 Comments


Canal Cultura POP
Canal Cultura POP
Feb 11, 2024


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Skyrox 6667
Skyrox 6667
Oct 10, 2022

Adorei a história, explorou bem todos os personagens. O Drácula foi um vilão muito bom, é praticamente o único monstro realmente mal, e ficava manipulando o resto, trama muito inteligente.

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Carlos Vinícius23
Carlos Vinícius23
Sep 18, 2022

Adorei a história, principalmente o capítulo 4.



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