Fala nação, após o enorme sucesso do nosso primeiro ´´Original vs Remake´´, com Nosferatu, trazemos enfim o segundo capítulo desse quadro, com os três filmes de It, A Coisa, com um dos remakes mais aclamados de todos os tempos, que reviveu a obra do maior mestre da literatura mundial, Stephen King, para uma nova geração, e que para muitos, superou sua primeira adaptação em 1990. Iremos analisa-las por tópicos, e então, definir a melhor obra. Ao final, não se esqueça de deixar a sua opinião nos comentários.

História

Ambos adaptam a obra de Stephen King com considerável fidelidade, apesar de cortar muito da parte cósmica da narrativa, que explica a natureza da Coisa, que acaba ficando um tanto inexplicada em ambas as obras.
O cerne de ambas é o mesmo. Derry sofre com a maldição de uma criatura conhecida somente como 'A Coisa', que a cada 27 anos, retorna para alimentar-se dos jovens da cidade, que são massacrados sem dificuldade, uma vez que a influência da Coisa deixa os adultos da cidade completamente alheios à situação dos filhos, e qualquer um que deixa Derry, perde completamente as memórias que teve lá, tornando a cidade uma espécie de reino paralelo, onde It tem poder absoluto.
Na década de 1960, um grupo de jovens conhecido como ´´Clube dos Perdedores´´, formado por Bill, Beverly, Richie, Stanley, Ben e Eddie, se torna os alvos do Palhaço, que se adapta aos seus piores medos, para amedrontá-los pouco a pouco, até o momento em que se tornasse forte o suficiente para matá-los, utilizando elementos como o delinquente Henry Bowers, para conseguir isso.
Porém, os garotos se unem, formando uma linda amizade, e baseando-se nela para conseguir coragem para confrontar a Coisa, e vencê-la temporariamente, jurando que caso ela voltasse, eles voltariam também, para ceifá-la para sempre, algo que realmente ocorre, com exceção de Stanley, que tirou a própria vida, tamanho medo que tinha de enfrentar a coisa novamente.
O telefilme de Tommy Lee Wallace conta com mais de três horas de duração e aborda ambos os arcos do Clube dos Perdedores, tanto quando crianças quanto em seu retorno a Derry. Porém, a parte da infância dos personagens é um tanto cortada, para aumentar o dinamismo, e a parte cósmica, como dito anteriormente, fica completamente esquecida.
Porém, o remake foi dividido em duas partes, lançadas em 2017 e 2019, dedicando um filme para cada arco da história, desenvolvendo com maestria a trama infantil e sua conclusão na fase adulta. O maior tempo de desenvolvimento, somado às atuações brutalmente superiores e aos melhores efeitos, gera uma imersão muitíssimo melhor.
Momentos-chave como a morte de Georgie, que é de vital importância para o desenvolvimento de Bill, são muitíssimo mais gráficos e dramáticos, tornando os traumas mais palpáveis. Assim como subtramas como o pai abusivo de Beverly e a mãe superprotetora de Eddie, que servem não somente para desenvolvê-los como personagens, mas para demonstrar o vazio que eles vivem, onde têm somente um ao outro para se apoiarem, uma vez que suas famílias mais atrapalham do que ajudam.
Por fim, é ponto fácil para o Remake.
(Original 0x1 Remake)
It

Este talvez seja o ponto mais crucial da comparação. A atuação de Tim Curry se tornou icônica, consolidando It como um dos personagens mais marcantes do terror. No entanto, sua interpretação, aliada a uma maquiagem simples e uma abordagem caricata, resulta em um vilão que, apesar de memorável, é mais cômico do que assustador. Além disso, por se tratar de um telefilme, a violência precisou ser suavizada, o que enfraquece momentos-chave, como a morte de Georgie, que carece de impacto visual e emocional, comprometendo o terror que Curry deveria transmitir.
Por outro lado, a versão de Bill Skarsgård apresenta um visual muito mais perturbador. Seu Pennywise tem um rosto disforme, roupas surradas, olhos amarelos e um sorriso macabro, compondo uma figura genuinamente assustadora. Skarsgård se destaca ao transmitir nuances aterrorizantes mesmo sob camadas de maquiagem e efeitos especiais, alternando habilmente entre um tom infantil e risadas e gritos sinistros, evidenciando tanto seu talento quanto a natureza bipolar da criatura.
No que diz respeito à mitologia do personagem, ambas as adaptações seguem um caminho semelhante. No entanto, o remake leva vantagem por conseguir explorar melhor a extensão dos poderes de It. O monstro assume formas mais variadas e impressionantes, como um gigante, uma aranha grotesca e até uma idosa bizarra – elementos que a limitação técnica da versão de 1990 não permitiu desenvolver com a mesma eficácia.
No fim, Skarsgård consegue transmitir mais medo e profundidade ao personagem do que seu antecessor. Assim, este é mais um ponto para o remake – embora seja, talvez, a disputa mais equilibrada desta análise.
(Original 0x2 Remake)
Protagonistas

Aqui, a diferença entre as duas versões é significativa. O elenco de 1990 é bastante limitado, especialmente na segunda parte, que foca nos personagens adultos. Atores como Richard Thomas, no papel de Bill, não conseguem convencer completamente, e, no geral, as performances carecem de impacto.
Já o remake se destaca com um elenco jovem excepcional. Finn Wolfhard brilha como Richie, aproveitando a experiência adquirida em Stranger Things, mas outros nomes como Jaeden Martell (Bill) e Jack Dylan Grazer (Eddie) também entregam atuações impressionantes, transmitindo com naturalidade as emoções e os traumas de seus personagens.
O elenco adulto mantém esse alto nível, com astros renomados como James McAvoy (Bill), Jessica Chastain (Beverly) e Bill Hader (Richie). Suas interpretações são mais sutis e carregadas de emoção, o que torna a transição entre as fases da história mais orgânica e convincente.
Além das atuações, o roteiro do remake desenvolve melhor os personagens, aprofundando suas dores e dilemas. O trauma de Bill com a morte do irmão, o sofrimento de Ben pela perda do pai, os abusos que Beverly enfrenta, o bullying violento de Henry Bowers e até mesmo a relação superprotetora da mãe de Eddie são explorados de forma mais intensa. Momentos como o encontro na cachoeira e a construção do esconderijo fortalecem os laços entre os personagens, assim como o triângulo amoroso entre Bill, Ben e Beverly, que no original recebe bem menos atenção.
Na segunda parte, ambas as adaptações seguem trajetórias similares, mas o remake se sobressai ao dar mais profundidade ao futuro dos personagens e suas evoluções. No fim, este é, sem dúvida, um dos pontos mais incontestáveis a favor do remake.
(Original 0x3 Remake)
Relevância

Ambas as obras foram marcantes em suas respectivas épocas, mas aqui temos mais um ponto relativamente fácil. A adaptação de 1990 consolidou It para sua geração e apresentou o personagem ao público, mas, com o tempo, perdeu parte de sua relevância. Apesar de seu impacto nostálgico, não possui uma identidade visual ou narrativa tão marcante quanto o remake.
Por outro lado, a nova versão, especialmente o filme de 2017, tornou-se um verdadeiro fenômeno de bilheteria, arrecadando cerca de 700 milhões de dólares. O sucesso ultrapassou os cinemas e atingiu as redes sociais, gerando uma onda de vídeos, pegadinhas e conteúdos virais que solidificaram ainda mais sua presença na cultura pop.
Atualmente, a maioria do público associa It aos filmes mais recentes, enquanto a minissérie de 1990 é lembrada principalmente pelos fãs mais antigos ou por aqueles que cresceram com a performance icônica de Tim Curry. Ainda assim, a escala e o impacto cultural do remake são inegáveis, garantindo mais um ponto para a nova versão.
(Original 0x4 Remake)
Veredito

Embora o resultado da comparação tenha sido bastante desequilibrado, é inegável que o telefilme de 1990 tem seu valor. Tim Curry continua sendo um dos atores mais icônicos do terror, e sua interpretação de Pennywise marcou época. No entanto, a obra envelheceu, e suas limitações narrativas e técnicas se tornaram evidentes ao longo do tempo. O elenco é inconsistente, a produção restrita e, apesar de seu impacto nostálgico, a adaptação carece da profundidade necessária para se manter tão relevante quanto sua contraparte mais recente.
Por outro lado, o remake, mesmo com suas falhas, possui méritos inegáveis. Seu elenco é muito mais competente, o vilão é mais aterrorizante, a narrativa é mais bem estruturada e a produção, infinitamente superior. Esses elementos garantem uma experiência mais envolvente e impactante.
Ambas as adaptações são versões respeitáveis da obra do mestre Stephen King (ainda que o próprio autor não tenha aprovado nenhuma delas...), mas, sem dúvida, o remake se destaca como a versão mais coesa e bem-executada.
Vencedor: It, A Coisa (Remake)
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