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Jack Northon: O Detetive da Cultura POP

Fala nação, a dois anos atrás, escrevi um pequeno conto noir, com o detetive Jack Northon como protagonista, e um ano depois, criei o cultura pop verse, misturando diversos universos da cultura pop, e o que seria melhor do que inserir esse personagem no contexto do multiverso, para desbravar novos universos da cultura pop, então, bora embarcar nessa aventura.

 

Mundo Novo

Diário de Jack: 12 de Maio de 1945

A guerra acabou a quatro dias, pelo menos para os heróis, deuses, bruxos, monstros ou seja lá o que eram aquelas coisas. Para nós, pessoas comuns, ela apenas começou. No caminho de carro do meu apartamento no Queens até a delegacia no Brooklin, era possível ver o nível do estrago. Prédios e ruas destruídas, famílias desoladas, feridos sendo tratados pelas ruas, sem a mínima higiene, e o pior, mais do que nunca, sabíamos que era culpa nossa. Aquele animal (Drácula), fez questão de esfregar na cara de todo mundo, como as atrocidades que fizemos foram enviadas de volta pra gente na forma de monstros, doenças e morte, agora, só nos restava juntar os cacos e recomeçar.

Porém, eu podia ver algo diferente nas pessoas. A vergonha e medo ainda estavam no ar, não era para menos, nossos podres haviam sido expostos, fomos surrados e tratados como gado por seis anos, mas ainda sim, eu podia ver que havíamos aprendido a lição, por baixo de toda o sangue, sujeira e suor daquele gente, havia esperança.

Enquanto dirigia, comecei a me lembrar de meu último caso, mesmo que já o houvesse resolvido, ele ainda martelava a minha cabeça. O assassinato de Chublin Jones poderia ter chocado o país a dois meses atrás, se não fosse o pandemônio que dominava o mundo. Aquele cara era um nojento do cassete, mas ser morto pelo mordomo (William Astley) que cuidou dele a vida toda, é algo simplesmente bizarro, até pra mim. Sem contar a participação da amante (Margaret Hamilton), mas diferente daquele velho psicopata, ela só queria saber do dinheiro e nada mais. Mais do que o ato de matar um homem, a frieza de tentar imputar a culpa sobre sua esposa (Martha Jones), foi algo pra lá de sombrio. A moça estava totalmente desnorteada, já não bastava todo o mal que o marido havia lhe feito em vida, até na morte o traste achou um jeito de atingi-la. Mas, o que importa é que não deu certo. Descobri toda a armação de William e Margaret, até mesmo na morte dos filhos de Chublin, apenas por dinheiro e vingança. Meti uma bala na cabeça do filho da puta, e mandei a salafraria pra perpétua. Martha parecia melhor depois de tudo, mas ainda sim, não posso imaginar o tamanho do seu sofrimento. Marido e filhos mortos, traída por aqueles que confiava, talvez eu pudesse ter feito mais por ela, enviado uma carta, telefonada, mas talvez, eu também esteja me envolvendo com o caso, algo ao qual não posso me permitir.

Enfim, as 9:45 da manhã, cheguei a delegacia, com diversas janeladas quebradas e uma das paredes derrubadas, a luta em Nova York havia deixado marcas em toda a parte. Subi as escadas e fui direto a sala do Comissário Jackson, já certo do que ele queria. 1,85, uns 70 ou 75 kg, negro com algumas marcas escuras ao longo do rosto, cabelos grisalhos, já beirando os sessenta, sorriso sempre gentil, sorriso esse que não aparentava ter vivido tudo que viveu. Já chego dizendo que não queria trabalhar para ele, eu era detetive particular e ia morrer assim. Mas, pela primeira vez dentre todas as vinte e oito vezes que havia o visitado ali, o assunto não era esse.

Ele queria pagar pelos meus serviços, o contingente policial estava baixo desde a guerra, e apesar de desarticulada, a criminalidade continuava funcional, pelo menos eu pensei que fosse para isso que ele havia me chamado. Eu questionei, porque eu? Jackson disse que todo o dinheiro que eu receberia, viria de um fundo das Indústrias Wayne, daquele ricaço do Bruce Wayne, o cara podia ser um otário de primeira, mas estava ajudando muito as pessoas a reconstruir suas vidas. Ele queria que eu investigasse crimes digamos... anormais, e prestasse relatórios quanto a tudo que eu visse de anormal em minhas operações com o intuito de informa-lo sobre isso. Fiquei com um fragmento de duvida quanto o porque Bruce Wayne ia querer informações sobre seres anormais para si, mas então pensei, talvez ele esteja trabalhando para esses novos heróis, ou até mesmo... seja um deles, eu particularmente sempre achei ele um pouco parecido com o Flash.

Disse a Jackson que aceitava a proposta, e atenderia caso entrassem em contato. Enquanto me virava para sair, o comissário me disse que havia mais uma mensagem, uma ligação. Jackson afirma que era uma mulher, ela queria muito falar comigo, mas o único contato que tinha era o dele, era justamente quem eu queria, Martha Jones, me convidando para jantar em sua mansão.

 

Não Natural

Diário de Jack: 13 de Maio de 1945

Fui até a belíssima mansão de Martha, que apesar de todo o caos que esteve a sua volta por seis anos, e todo a dor dentro de suas paredes, seguiu tão bela como sempre. As paredes lembravam os castelos medievais, com janelas enormes e um jardim deslumbrante. Fui recebido pelo Sra. Marshall, empregada de confiança de Martha. Ela me levou até a sala de jantar. Enquanto caminha pelos corredores, não pude deixar de me lembrar de tudo que havia vivido lá dentro, e notar como estava diferente, paredes vazias e o chão cheio de caixas, alguém estava de mudança.

Ao chegar a salão, avistei Martha, que veio em minha direção, e me beijou no rosto. 1,65, 55 kg, entre 35 e 36 anos, cabelos negros como o ébano, branca e simplesmente linda. Naquelas noites sombrias, não pude dar a devida atenção ao qual linda ela era. Nos sentamos, e a Sra. Marshall se retirou, com Martha dizendo, que se ela quisesse, poderia ir embora agora, mas, a garota insistiu em continuar trabalhando.

Questionei o que estava acontecendo. Martha disse que estava deixando a mansão, ela queria abrir mãe de tudo que ela e seu marido haviam construído ali, aquela casa podia ser a melhor do mundo, mas estava repleta de lembranças ruins. Ela doou metade dos seus bens a Sra. Marshall e seu marido, e venderia o resto, para reconstruir sua vida em outro lugar, talvez no Kansas, no campo, em paz. Elogiei sua coragem, mas lembrei-a que foi também naquela casa onde ela havia criado seus filhos. Ela confirma, mas diz que também foi lá que eles foram mortos, e eles viviam em seu coração acima de tudo. Conversamos por alguns minutos, e então degustamos o delicioso salmão assado feita pela Sra. Marshall, e então, caminhamos pelo enorme jardim.

Pela primeira vez, ela me perguntou sobre mim, se era casado, tinha filhos, e para tudo eu dizia não. No fim, percebi que era tão solitária quanto ela. Me preparei para ascender um cigarro, e ela me impediu, me dizendo que fazia mal aos pulmões. Ela disse que por mais que desejasse deixar aquilo tudo para trás, ela não queria fazer isso sozinha. Eu disse que também me sentia sozinho. Martha convidou-me para passar os próximos dias com ela, para matar as nossas respectivas solidões. Eu negaria de imediato, se o beijo que ela deu logo depois do pedido não tivesse sido tão bom. Um quarto de hospedes havia sido reservado para mim, mas, ambos percebemos que uma noite em meio aos lençóis dela seria bem mais prazeroso. Não fazia amor desde o dezenove, e dez anos depois, o entusiasmo e nervosismo ainda eram o mesmos, tanto que nem por um momento pensei na possibilidade de uma gravidez, afinal, havia sido só uma vez, não ia acontecer logo de primeira, não é?

Logo pela manhã, ainda me sentia anestesiado por aquela noite mágica, e somente as 11:00 da manhã, decide telefonar para Jackson, talvez já houvesse alguma missão para mim. Na mosca, realmente havia um dever um tanto peculiar. Eu deveria viajar até Los Angeles, e tomar nota sobre uma ´´família de feiticeiros malucos´´, conhecidos como os Addams, que aterrorizavam a vizinhança local. Normalmente, eu ia rir pra cassete disso e desligar na cara do imbecil que disse, mas depois de toda a maluquice que eu já vi, uma família de doidos não me parece nada surpreendente ou ameaçador, a missão estava sumariamente aceita.

 

O Primeiro Chamado

Diário de Jack: 25 de Maio de 1945

Deixei a cidade dois dias depois da ligação de Jackson, de balsa, pois as pontes ainda estavam derrubadas. Enquanto navegava, pude ver os imenso navios cargueiros vindos da Europa, trazendo mantimentos, remédios e materiais para nos reconstruirmos. Muitos dos homens da nossa nação haviam morrido, mulheres, idosos e até crianças, era quase maioria no descarregamento dos containers, confesso que o choque foi grande.

Viajei até Los Angeles de carro, mas a viagem foi bem mais longa do que eu imaginava. Além das estradas destruídas, muito que vi, me obrigou a parar. Ajudei um casal de idosos a retirar alguns pertences do que restava da sua casa logo na fronteira do estado, e um pouco mais a frente, ajudei também no resgate de algumas crianças em um orfanato, tudo isso me atrasou pelo menos três dias, mas enfim, cheguei onde precisava.

Fui até a delegacia da região, e então percebi o quão organizado e grandioso era o esquema em que haviam me colocado. Assim que me viu, o oficial já sabia meu nome e tudo que eu precisava. Ele me entregou um documento com algumas possíveis testemunhas, mas com o tempo, aquilo se provou inútil. Todas as pessoas as quais questionei sobre os tais Addams, fechou a porta na minha cara ou saiu correndo gritando histericamente, não era um bom sinal.

Por fim, a única informação que consegui, era de um juiz rabugento, que afirmava morar em um terreno próximo ao da dita família, e tinha uma relação péssimo com o patriarca, a quem ele chamava de Gomez.

O medo e desgostos que as pessoas tinham por aquela gente era notável, mas eu ainda não tinha recebido nenhuma denúncia de atos criminosos ou alguma prova palpável sobre algo ´´não natural´´, tudo que eu tinha que descobrir, teria de ser por conta própria. Enfim, fui até o endereço cedido pelo juiz, e me deparei com uma casa bizarra. Os portões com aço envelhecido e pontiagudo, completamente preto, cercava toda a construção. O casarão era decrépito, janelas quebradas, estrutura torta, musgo se criando pelas paredes, teias de aranha, se tornava difícil crer que alguém realmente vivesse ali. Sem escolha, toquei a campainha, e em resposta, veio um espécie de rugido, parecido com o de um leão, que fez vibrar toda a muralha que cercava a casa. Esperei por dez minutos, sem resposta. Tentei mais duas vezes, e depois de mais dois daqueles mini terremotos, percebi que não ia obter resposta alguma. Não havia mandado pra invadir aquele lugar, mas, pra um detetive, as vezes a lei pode ser um tanto relativa.

Esperei o cair da noite, e as 23:00, quando todas as luzes se apagaram, entrei por um buraco na cerca, e entrei no terreno. Era tudo muito estranho, eles enterravam os parentes no próprio quintal, haviam brinquedos de criança macabros espalhados pela grama, parecia ter um cachorro dentro da sua casinha, mas não me arrisco a dizer que era realmente um cão, até porque nenhum cachorro que eu conhecia, tinha seis olhos, cada par vindo de uma cabeça diferente em meio as sombras. Nervoso, entrei por uma janela entreaberta, aquela gente não estava nem um pouco preocupada com uma invasão, ou talvez, estivesse esperando por uma, fui descuidado, e isso custou caro. Assim que entrei, notei uma figura de pelo menos dois metros, completamente parada no canto da sala, que parecia ser um escritório. O gigante se moveu na minha direção, rígido, como um cadáver com movimento. Sua pele era cinzenta, cabelos brancos sem vida, unhas grandes, mas ainda sim, vestia um elegante terno. Exigi que ele se afastasse, mas a criatura nada falava, além de emitir alguns grunhidos bizarros. Saquei meu revólver e o ameacei, e ele nem mesmo hesitou. Atirei duas vezes no peito dele, mesmo resultado. Sem ação, só senti meu corpo ser tirado do chão como se eu fosse um boneco de pano, enquanto ele apertava meu pescoço com duas mãos que pareciam feitas de aço, e rapidamente, desmaiei.

Quando recobrei a consciência, já fui recebido por uma visão aterradora, de uma senhora que parecia ter mais de oitenta, sem metade dos dentes, nariz enorme, cabelos brancos desgrenhados cobrindo metade do rosto, tentando enfiar uma colher com larvas pela minha boca. Tentei impedir com as mãos, mas notei que estavam amarradas, mas ainda sim, ela parou. A senhora tomou seu lugar no outro extremo da mesa, ali, parece que eu era convidado de honra. Dois homens desceram as escadas a minha frente, e adentraram na cozinha. Um era alto e galanteador, ostentando um bigode vistoso e roupas elegantes, o outro era quase um oposto absoluto, baixo, careca, extremamente pálido e com orelhas completamente negras abaixo dos olhos, me fazendo lembrar as histórias que minha avó me contava sobre o vampiro Nosferatu. Eles se sentaram a mesa. Ao lado do homem de bigode, havia uma mulher linda, a quem ele beijou assim que se sentou. Ao lado do careca, haviam duas crianças, o menina, por volta dos 11 ou 12, e um garoto gorducho, não mais que um ano mais velho que ela.

O homem de bigode me anunciou, se apresentando como o tal Gomez, que o juiz tanto falava. Ele apresentou sua esposa, Mortícia, seus filhos, Wandinha e Feioso, seu irmão, Faster, sua sogra, aparentemente sem nome, e seu mordomo, que surgiu ao meu lado, o homem que havia me derrotado, Lurch. Ele agradeceu pela minha agradável visita, dizendo que vinha me observando o dia todo, mas queriam ver até onde ia a minha vontade de vê-los. Exige que aquele maluco me soltasse, mas, eu havia invadido sua propriedade como ele bem havia observado. Porém, ele disse que me deixaria ir, mas, só depois que eu provasse o prato especialidade de sua sogra. A senhora esticou seus braços para retirar a tampa da imensa panela em meio a mesa, eram larvas, não dezenas, mas centenas, ainda vivas. Eu via aquela gente pegar aquelas merdas de colherão, enchendo os pratos até transbordar, já quase vomitei nesse momento, no entanto, teria momento melhor para ter essa sensação. Faster puxou meu prato, e montou uma verdadeira montanha de larvas sobre o prato, e exigiu que eu comesse. Lurch desamarrou minhas amarras. Eu podia fugir, mas não teria chance contra aquele mordomo brutamontes, era comer ou morrer. A casula disse que eu não forte o bastante pra isso, e isso me deu um gás a mais. Eu comi com as próprias mãos, o mais rápido que pude, talvez nem tenha sido a coisa mais nojenta que já comi, a Grande Depressão teve as suas lições na minha vida. Cumpri minha missão, e permitiram que eu me levantasse. A porta se abriu como se fosse mágica, e Mortícia disse que eu podia deixa-los se quisesse, mas, se queria tanto conhece-los, porque ir embora tão cedo?

Por um instante, parei para pensar. Eu nunca mais teria a chance de entrar naquele lugar, e agora, eu tinha a chance de investigar tudo sobre eles, com a ajuda dos próprios. Deixei meu medo de lado, e preferi ficar. Gomez e Mortícia me guiaram pela casa, que era tão macabra por dentro quanto por fora. Além de terem um leão de estimação, os quartos parecidos com masmorras, um imenso porão repleto de ouro, um mascote que era literalmente uma mão ambulante que me fez duvidar da minha sanidade pela terceira ou quarta vez naquele dia, contribuíram para tornar aquele o dia mais perturbador da minha vida.

A loucura era tanta, que podia ver a filha dos Addams brincando de tentar guilhotinar seu irmão, como uma guilhotina de verdade. As 16:00, deixei a casa pela porte da frente, recebendo os acenos de despedida de Gomez e sua esposa, enquanto o restante da família apenas me encarava.


Relatório: Bom... eu não obtive nenhuma prova concreta de crimes ou algo do tipo naquela casa, além das condições obviamente insalubres e perigosas em que as crianças e a idosa vivem, mas talvez, essas coisas possam ser normais entre esses mágicos (ou bruxos, feiticeiros, seja lá como chamam), pois com certeza, eles tem algum poder mágico por trás deles, dos sons da casa, até a mão com vida própria. A vizinhança os teme pelo seu comportamento peculiar, mas não há nada além disso. Por fim, acredito que eles possam ficar em observação, mas não representam nenhuma ameaça imediata.

 



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