Guerras, revoluções políticas, queda de ditaduras, e tantos outros eventos grandiosos, para o bem e para o mal, marcaram a história humana em seus últimos cem anos. Hoje, faremos mais uma viagem no tempo, desde 1920, até 2010 (já que a década de 2020 ainda não acabou...), elencando o maior acontecimento de cada uma dessas eras, assinalando seus personagens, datas e efeitos sociais, então, sem mais delongas, bora começar!
1920- A Grande Depressão
Data: 29 de Outubro de 1929
Personagens Destaque: Charles E. Mitchell, Franklin Roosevelt e Hebert Hoover
Consequências: Crise sistemática em todos os países capitalistas, eleição de Franklin Roosevelt e enfraquecimento das democracias liberais.
O período pós-Primeira Guerra Mundial foi devastador para as potências europeias. Reino Unido, França, Itália e, especialmente, a Alemanha, precisaram arcar com bilhões em gastos para reconstrução de suas cidades e pagamento de reparações militares. Para os alemães, o impacto foi ainda mais severo, pois o país foi considerado o principal culpado pelos horrores da guerra, conforme estipulado pelo Tratado de Versalhes.
Enquanto as potências do Velho Mundo entravam em colapso, os Estados Unidos ascendiam ao topo da economia global. Sem ter sido diretamente atingido pela guerra, o país, que já experimentava um crescimento industrial vertiginoso, tornou-se a principal potência econômica sobrevivente ao conflito. Os EUA passaram a financiar diversas nações europeias, que, além dos estragos e perdas humanas, viam suas colônias escaparem de seu controle. A influência de potências como o Reino Unido começou a declinar. Sem força industrial ou financeira, os europeus tornaram-se dependentes do comércio norte-americano, e os Estados Unidos aproveitaram essa vantagem.
O conceito de "American Way of Life" tornou-se o padrão de vida no país, promovendo o consumismo exacerbado. As mulheres ganharam espaço como consumidoras primárias de bens domésticos e estéticos. Magnatas como Henry Ford viram suas empresas crescerem absurdamente, impulsionadas pelo modelo fordista de produção, que revolucionou a indústria.
Com tanto dinheiro circulando, a compra e venda de ações tornou-se uma prática cada vez mais popular, incentivada pelo governo norte-americano desde a reta final da Primeira Guerra Mundial. No entanto, esse crescimento ocorreu sem qualquer controle estatal, permitindo um liberalismo econômico extremo. Essa falta de regulação, no entanto, acabaria levando ao colapso do sonho americano no final da década.
Com a recuperação industrial europeia, que gradualmente retomava sua autonomia no final dos anos 1920, a produção excessiva norte-americana tornou-se um problema, resultando em estoques encalhados. Somada à corrupção entre os magnatas de Wall Street, essa instabilidade culminou na fatídica "Quinta-feira Negra", quando o sistema financeiro norte-americano entrou em colapso.
Figuras como Charles E. Mitchell tentaram manter uma aparência de normalidade, fazendo esforços fúteis para conter a crise financeira. Enquanto isso, o presidente Herbert Hoover demonstrava uma postura passiva diante da catástrofe. Em poucos meses, homens e mulheres que antes esbanjavam luxo passaram a viver nas ruas, formando longas filas por uma simples colher de sopa. A Europa também sofreu severamente os impactos da crise, especialmente a Alemanha, que já enfrentava uma grave recessão econômica e social.
Hoover, fragilizado, tentou buscar a reeleição, mas sua imagem de presidente fraco e ineficaz abriu caminho para a ascensão do então governador de Nova York, Franklin D. Roosevelt. Em 1932, o democrata venceu as eleições de forma expressiva, conquistando 88% dos votos sobre seu rival republicano.
Roosevelt implementou o "New Deal", um programa que, segundo ele, traria "mudanças reais" para a vida dos americanos—embora ele nunca tenha detalhado essas mudanças durante a campanha. Seu governo adotou políticas sociais inovadoras, incluindo a criação da Previdência Social, o Seguro-Desemprego e grandes obras públicas que empregavam voluntários. Além disso, injetou capital estatal nos bancos que ainda tinham chances de recuperação. Essas medidas ajudaram a reativar o mercado norte-americano, e, nos anos seguintes, a situação econômica começou a melhorar.
A Grande Depressão foi a maior crise econômica da história, com impactos globais. No Brasil, durante a Era Vargas, a crise afetou diretamente a economia cafeeira. Para evitar um acúmulo excessivo e a queda dos preços, Vargas ordenou a queima de parte dos estoques de café e utilizou os recursos para incentivar a industrialização do país.
O cinema também retratou esse período turbulento. Destacam-se as obras de Charlie Chaplin, como Luzes da Cidade e Tempos Modernos, que abordaram, com humor e crítica social, as dificuldades enfrentadas pela população. A arte tornou-se uma forma de resistência à crise.
Enquanto isso, em países como Alemanha e Itália, líderes autoritários aproveitaram a fragilidade das democracias liberais para conquistar o poder, explorando o desespero da população. Ao mesmo tempo, a União Soviética, que não fazia parte do mercado capitalista, emergia como uma potência militar em ascensão. Todos esses fatores contribuiriam diretamente para o maior evento da década seguinte...
(O Presidente Roosevelt, reeleito quatro vezes consecutivas)
1930- O Início da Segunda Guerra Mundial
Data: 1 de Setembro de 1939
Personagens Destaque: Neville Chamberlain, Adolf Hitler, Joseph Stalin e Winston Churchill.
Consequências. Destruição massiva do continente europeu, 60 milhões de mortes, Estados Unidos voltam ao nível de potência máximo do planeta, Guerra Fria se inicia.
Como alguns dizem: “O Tratado de Versalhes não foi um tratado de paz, e sim um armistício de 20 anos.” Britânicos, franceses e alemães mantiveram suas rusgas mesmo após a rendição alemã em 1918. Os franceses impuseram a maioria das punições contra o antigo Império Alemão, incluindo a redução de suas forças armadas, da marinha mercante e a perda de territórios.
O ultranacionalismo germânico não lhes permitia aceitar a derrota, e a crise que assolou o país ao longo da década seguinte os lembrava todos os dias de seu fracasso. Seu ódio desenfreado precisava de um alvo, e Adolf Hitler, junto a seu Partido Nazista, lhes deu esses alvos: judeus, ciganos, comunistas...
Através de obras como Minha Luta e seus discursos públicos, Hitler incendiou as massas com sua ideologia doentia. O ódio transformou o irrelevante Partido Nazista em um gigante político no país, levando Hitler ao cargo de chanceler da Alemanha. A partir daí, ele começou, lentamente, a rasgar os acordos de Versalhes. O líder alemão firmou alianças com o ditador Benito Mussolini (Itália) e o Imperador Hirohito (Japão), unindo seus ideais em comum e formando o Eixo.
A Itália vivia sob um regime fascista desde a década de 1920, com Mussolini aplicando ideais semelhantes aos de seu companheiro alemão. Já Hirohito, governava um Japão em ascensão militar, que vinha crescendo desde o início do expansionismo europeu sobre a Ásia. Na questão étnica, o país vivia uma situação quase tão problemática quanto seus aliados germânicos, com um ódio forte contra os chineses, especialmente em sua ocupação na Manchúria. O desejo japonês, era se tornar uma potência respeitada, e aos olhos do Imperador e do general Hideki Tojo, só a guerra os levaria a dita ´´glória´´.
Britânicos e franceses perceberam a ascensão de Hitler, mas temiam uma nova guerra. Eles sabiam que uma Alemanha totalmente industrializada e militarizada representava uma ameaça direta. O principal nome nas negociações foi o primeiro-ministro britânico, Neville Chamberlain, um dos personagens mais controversos do pré-guerra.
Taxado como covarde por alguns, Neville permitiu a expansão alemã para territórios que haviam sido perdidos e não confrontou Hitler sobre seu crescente poderio militar. No Acordo de Munique, Chamberlain cedeu os Sudetos na Tchecoslováquia a Hitler, a tal ´´Política de Apaziguamento´´ que não serviu de muita coisa.
Ele estava em um beco sem saída: agir significaria guerra, mas permitir que continuasse também levaria a um conflito inevitável.
Enquanto isso, em solo alemão, a perseguição contra os alvos de Hitler se intensificava, com espancamentos, exclusão social, queima de casas e comércios, além de assassinatos. O auge dessa violência ocorreu na Noite dos Cristais, quando membros da SS e civis atacaram residências, lojas e sinagogas judaicas por todo o país, resultando na morte estimada de 36 pessoas.
O exército alemão cresceu brutalmente, atingindo 18 milhões de soldados, milhares de tanques, caças e desenvolvendo a inovadora tática de combate conhecida como Blitzkrieg (Guerra Relâmpago). A Alemanha possuía, naquele momento, o maior e mais poderoso exército do mundo e estava pronta para executar seu plano de “limpeza” étnica na Europa, além de vingar o ego ferido do povo alemão após as humilhações impostas pelo Tratado de Versalhes.
Negociações já não adiantavam; a guerra era apenas uma questão de tempo. Em uma aliança no mínimo questionável, Hitler assinou um Tratado de Não Agressão com o líder soviético Joseph Stalin, garantindo a divisão do território polonês que pretendia invadir. No entanto, essa parceria tinha prazo de validade. Hitler abominava o socialismo e, assim que fosse conveniente, voltaria sua atenção contra os soviéticos.
Em 1º de setembro de 1939, as forças nazistas invadiram a vizinha Polônia, forçando o Reino Unido e a França a declararem guerra à Alemanha. Mesmo assim, os alemães avançaram rapidamente pela Polônia, Dinamarca, Noruega, Holanda e outros países, como a Áustria, que recebeu os invasores alemães com considerável bom grado, conquistando territórios em questão de semanas às vezes, dias. Seu poder militar era incomparável, e, em maio de 1940, a França caiu, uma vitória que inflou o ego alemão e deixou os britânicos isolados na Europa. No entanto, o Reino Unido conseguiu salvar parte de seus soldados do território francês por meio da Operação Dunkirk.
Desgastado e vítima de um câncer, Neville Chamberlain renunciou ao cargo de primeiro-ministro em maio de 1940, sendo sucedido por Winston Churchill, então Lorde do Almirantado. Churchill herdou uma decisão crucial: ceder às pressões por uma negociação de paz com Hitler ou resistir a qualquer custo. Enquanto muitos membros do Parlamento britânico defendiam um acordo para evitar uma invasão devastadora, Churchill acreditava que a única resposta era a luta.
Buscando mobilizar a nação, ele fez um discurso histórico na Câmara dos Comuns, reafirmando o compromisso britânico com a resistência:
"Lutaremos nas praias, lutaremos nos terrenos de desembarque, lutaremos nos campos e nas ruas, lutaremos nas colinas; nunca nos renderemos, e se, o que eu não acredito nem por um momento, esta ilha, ou uma grande porção dela, fosse subjugada e passasse fome, então nosso Império de além-mar, armado e guardado pela Frota Britânica, prosseguiria com a luta, até que, na boa hora de Deus, o Novo Mundo, com toda a sua força e poder, desse um passo à frente para o resgate e libertação do Velho."
O discurso inflamou o Parlamento e a população, consolidando Churchill como o líder da resistência britânica. Sob seu comando, o Reino Unido reafirmou sua posição contra Hitler, entrando de vez na luta que mudaria o curso da Segunda Guerra Mundial.
(O Primeiro Ministro Britânico, Winston Churchill)
1940-O Fim da Segunda Guerra Mundial
Data: 2 de Setembro de 1945
Personagens Destaque: Franklin Roosevelt, Joseph Stalin, Winston Churchill, Charles de Gaule e Robert Oppenheimer
Consequências: Proliferação nuclear, desnazificação da Alemanha, mortes de Hitler e Mussolini, início da Guerra Fria.
O poderio nazifascista voltou-se completamente contra os britânicos, que se viram isolados em sua ilha. Winston Churchill buscou o apoio de seu aliado e amigo Franklin Roosevelt, pressionando-o pela entrada dos Estados Unidos na guerra. No entanto, apesar de fornecer armas e equipamentos ao Reino Unido, Roosevelt ainda enfrentava forte resistência tanto do Congresso quanto da opinião pública, que via os ingleses como "aproveitadores" desde que os haviam arrastado para a Primeira Guerra Mundial. Ainda assim, o presidente americano sabia que, se o Reino Unido caísse, a Europa estaria definitivamente subjugada e talvez nem os Estados Unidos pudessem deter os regimes totalitários.
Mantendo-se oficialmente neutros, os Estados Unidos passaram a fornecer recursos não apenas aos britânicos na Europa, mas também aos chineses na Ásia, para ajudá-los a resistir à invasão japonesa. Com o apoio material americano e o sacrifício dos pilotos britânicos, a RAF (Força Aérea Real) conseguiu conter o avanço da Luftwaffe e até mesmo bombardear Berlim. Apesar de limitado em impacto militar, esse ataque foi um golpe simbólico ao moral nazista, provando que Hitler e seu exército não eram invencíveis. Finalmente, em 31 de outubro de 1940, a Batalha da Inglaterra chegou ao fim, marcando a primeira grande derrota da Alemanha nazista.
Furioso com esse revés, Hitler voltou sua atenção para seu antigo "aliado", Joseph Stalin. Em 22 de junho de 1941, a Alemanha rompeu o Tratado de Não Agressão ao lançar a Operação Barbarossa, iniciando a invasão ao vasto território soviético. O que se seguiu foi uma das campanhas militares mais brutais da história, resultando nas batalhas mais sangrentas da Segunda Guerra Mundial.
No mesmo ano, as tensões entre Japão e Estados Unidos tornaram-se insustentáveis. Enquanto diplomatas japoneses negociavam a paz em Washington, o alto comando militar do Japão ordenava um ataque surpresa contra a base naval de Pearl Harbor, no Havaí. Em 7 de dezembro de 1941, bombardeiros japoneses devastaram a frota americana, causando cerca de duas mil baixas e chocando a nação. A população americana, antes relutante, agora clamava por vingança, inflamando o desejo de luta.
Aproveitando-se desse momento, Churchill intensificou sua pressão sobre Roosevelt. O Reino Unido havia sobrevivido ao cerco aéreo, mas continuava isolado na Europa, enquanto aliados como a França permaneciam sob ocupação nazista, apesar da resistência liderada por Charles de Gaulle.
A oposição nos Estados Unidos, representada por políticos isolacionistas como o senador Charles Tobey, tentou barrar a entrada na guerra, acusando Roosevelt de estar obcecado pelo poder. Após sua terceira reeleição, críticos o atacavam como alguém que se apegava ao cargo com intenções ditatoriais. No entanto, após o ataque a Pearl Harbor, Roosevelt teve o respaldo político necessário para agir.
Em 8 de dezembro de 1941, os Estados Unidos declararam guerra ao Japão. Poucos dias depois, a Alemanha e a Itália declararam guerra aos Estados Unidos, selando o destino do conflito. Com os Aliados agora unificados—União Soviética, Estados Unidos e Reino Unido—, a derrota do Eixo tornava-se uma questão de tempo.
O front do Pacífico tornou-se um dos mais violentos da guerra. O Japão sofreu bombardeios constantes por parte da Marinha e da Força Aérea americana, sem receber auxílio direto de seus aliados. Enquanto isso, no front oriental, a União Soviética enfrentava perdas devastadoras, com mais de 26 milhões de mortos ao longo do conflito.
O inverno e o vasto território soviético foram aliados cruciais para a resistência contra os alemães. Sob ordens de Stalin, a população aplicou a política de terra arrasada, incendiando cidades e destruindo suprimentos para dificultar o avanço nazista. Apesar de chegar aos arredores de Moscou, Hitler cometeu erros estratégicos fatais, como a insistência em dividir suas forças e a relutância em permitir recuos táticos. A virada decisiva aconteceu em Stalingrado, onde, após meses de combates ferozes, os soviéticos conseguiram conter e derrotar o exército nazista em 2 de fevereiro de 1943.
Enquanto isso, no front ocidental, a Itália sofria derrotas humilhantes diante das forças anglo-americanas. Apesar da superioridade numérica em algumas batalhas, os italianos estavam mal equipados e mal preparados para resistir. Nesse cenário, a Força Expedicionária Brasileira (FEB) entrou em combate, com cerca de 25 mil soldados enviados pelo governo Vargas para lutar na Campanha da Itália.
Com os exércitos do Eixo sendo esmagados em todas as frentes, Churchill, Roosevelt e Stalin começaram a planejar a operação que daria o golpe final em Hitler: o Dia D ou Operação Overlord. As Forças Aliadas de 14 países fariam um desembarque massivo na região da Normandia, usando todo o seu poder de fogo para romper as defesas alemãs, e enfim reocupar a França, invadindo-a pelo norte.
Continua...
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