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Operação Sorna: De Volta ao Jurassic Park

Foto do escritor: Matheus PratesMatheus Prates

Atualizado: 15 de fev.

Meu nome é Stan Parker, sou um fotógrafo profissional de 28 anos, tenho cabelos castanhos, uma estatura média, rosto triangular e um nariz pontudo. E eu fui chamado pela InGen para fazer um serviço.


HÁ um tempo atrás, a InGen usava a Isla Sorna, uma ilha na Costa Rica, para criar os dinossauros. Acontece que depois de um tempo a situação ficou fora de controle, e tiveram que deixar a ilha só para os dinossauros.


Não contente com a perda da ilha, a InGen decidiu chamar uma equipe para averiguar como está a situação da ilha. Um cientista, um caçador, uma médica e um fotógrafo. E adivinha só quem chamaram para ser o fotógrafo... inicialmente eu obviamente recusei, mas depois de ver o quanto eu ganharia com aquilo, vale a pena colocar a minha miserável vida em risco. Eu conhecia as histórias por trás daquele lugar, sabia das pessoas que haviam morrido lá. A grandeza daquela missão ia além do dinheiro, as pessoas do mundo civilizado queriam ter a oportunidade de ver esses animais de perto, nem que fosse por uma simples foto. Além disso, tinha uma certa poesia em sua missão, ele retrataria um ambiente supostamente natural, mas, na realidade, forjado pela vontade de um magnata megalomaníaco, que acreditava fielmente que seu dinheiro lhe dava o direito de brincar de Deus.


Saindo do táxi, ele caminha, ainda imerso em seus pensamentos, em direção ao heliporto, onde enfim conheceu as pessoas com quem compartilharia aquela viagem.


 Primeiro, me apresentei ao cientista Bram Hamill (31 anos), ele é o estereótipo de um cientista de desenho animado. Os cabelos loiros arrepiados e um óculos redondo, uma estatura baixa e é muito magro, e todas as suas características faciais são finas. Ele não é tão sociável, mas é gentil e obviamente é muito inteligente. A médica é a Julie Reynolds (25 anos), ela tem um cabelo castanho escuro, é baixa e extremamente magra, o seu rosto tem o formato triangular e tem olhos grandes. É bem sociável e tem um bom senso de humor (e era extremamente atraente…)


O caçador se chamava Jason Neil (39 anos). Cabelos grisalhos, uma barba que passava um pouco do queixo, um nariz largo e uma expressão mais fechada. Embora sua "cara de mal", era um cara simpático. Em uma ilha cercada de feras pré-históricas, ele definitivamente gostaria de estar ao lado de um cara como aquele.


Após uma boa conversa, nós chegamos no nosso helicóptero e subimos nele, eu cumprimentei os pilotos e me sentei. O helicóptero decolou e nós puxamos papo. "Bom, por um lado vai ser uma experiência única", eu disse. "Com certeza, é difícil achar quatro malucos que concordariam em entrar numa ilha cheia de dinossauros haha", disse Julie. Todos riem. "Bom, eu só estou indo por já ter experiência com animais", disse Jason. "Com certeza, se eu já não tivesse lidado com dinossauros, eu nunca teria ido, qual o principal motivo de estarem aqui?", perguntou a médica. "O dinheiro", eu respondi. "É... Pelo que ofereceram, faz sentido, devem estar desesperados para oferecer duzentos mil para cada um", disse a médica. "Eu... Estou aqui para estudar eles", disse Bram. "Faz sentido, tem muito para ver naquela ilha, o problema é que nem tudo vai deixar ficarmos ali", disse o caçador. Após algumas horas, chegamos lá, grande parte da ilha estava coberta pela natureza, mas dava para ver algumas estruturas, não no melhor estado...


Assim que pousei, tive um pressentimento ruim, de qualquer forma, não há como voltar atrás, uma vez que as turbinas do helicóptero foram religadas, e ele rapidamente alçou voo, distanciando-se rapidamente da ilha, parecendo um tanto apressado para deixá-los ali. Virando-se para contemplar a mata densa à sua frente, o medo do desconhecido tomou conta dele, causando-lhe um arrepio na espinha. Talvez o dinheiro não valha tanto assim, especialmente se não estivesse vivo para desfrutá-lo...

Nota Média do Público: 9,0


 

Capítulo 1: A Floresta

Ao chegar na ilha, nota-se uma grande variedade de vegetação, isso deixou tanto o Bram quanto a Julie empolgados, eles saíram correndo pra observar diferentes plantas, e eu puxei a minha câmera. Não tirei muitas fotos, a InGen disse que preferia que eu fizesse mais gravações ao invés de fotografias, e foi isso que eu fiz. Nós decidimos adentrar a floresta logo, acontece que ainda havia um posto em funcionamento que a InGen ainda tinha controle, o resto acabou sendo destruído...

Aquilo definitivamente parecia mais interessante que tirar fotos de plantas, Neil montou um perímetro em volta do local, enquanto eu e Julia adentrávamos na instalação. Precisamos empurrar a porta juntos para abri-la, tudo estava terrivelmente enferrujado e envelhecido, ainda mais pelo clima do local. O auge da tecnologia da época, fundia-se com o poder primitivo da natureza, com musgo caindo sobre as mesas de testes, e o mofo tomando conta das paredes. Gravei e fotografei tudo que pude, mas nada mais fascinou mais do que um dos achados de Julie. Era um feto quase completamente formado de Raptor, imerso em um líquido espesso, provavelmente para mantê-lo intacto apesar do peso dos anos.

Julie solta um grito abafado, ao ver três pequenos vultos correndo por baixa das bancadas. Observando-os atentamente, descobri que eram Compsognatos, pequenos dinossauros carnívoros. Reynolds puxou uma barra de cereais de seu bolso, e aproximou-se para entrega-la as pequenos dinossauros. Aquela era deixa perfeita, agora eu poderia registrar o contato do homem com a fera, mesmo que a fera naquele caso não fosse das mais ameaçadoras.

O maior entre os três aproximou-se, farejando o alimento, e em um única mordida, puxou de seus dedos, e devorando-a por completo junto a seus companheiros. Julie sorriu, e registrei esse momento, mesmo com o perigo que representavam, essas criaturas ainda podiam fazer qualquer pessoal, sorrir como uma criança.


 

Capítulo 2: A Nossa Base

Jason se uniu a nós e seguimos com nossa exploração. No segundo andar, havia algumas camas verdes, armários, armas na parede, uma porta para a sacada e também uma porta para outro cômodo que eu acredito ser o banheiro. Sem pensar duas vezes, Julie se atirou na cama. "Ah... Finalmente, eu posso me deitar". Todos nós rimos disso. "Calma aí, vamos ver os outros andares", disse eu. "É verdade...", disse a médica frustrada. Indo para fora, nós tivemos uma vista bem bonita, até ver uma mancha de sangue seca no chão.

 O caçador chegou perto da mancha. "Aqui é muito alto para um dinossauro alcançar, isso é um sinal para termos cuidado com os voadores...", disse Jason. Todo o clima foi estragado com isso, dava para ver claramente o Bram tremendo de medo, e com razão. Foi com essa mancha que eu me lembrei do que nós estávamos lidando.

 Mas nós decidimos que era melhor ignorar aquilo. A saga tinha uma torreta em cada um dos 4 lados da torre, então não é qualquer bicho que vai nos trazer grandes preocupações, pelo menos dentro da torre... Nós decidimos ir para o terceiro e último andar. Ali, tinha uma cozinha no canto, uma TV quebrada e um grande sofá, além de mais uma sacada. E nesse andar, houve uma grande festa... Sangue para todos os lados e um fedor absurdo. "Ok... A gente precisa manter as portas fechadas. "Nenhum animal voador consegue destruir esses vidros", disse o Bram tentando nos tranquilizar, mas a forma assustada e trêmula com que ele falava não ajudava muito... "Eu sabia que era melhor ter ficado na cama", disse Julie. "Acho que só dormir não faria o sangue sumir...", disse Jason. Eu decidi ir até a cozinha e abrir a geladeira, e para minha surpresa ainda, tudo estava bem guardado e em ótimo estado. A InGen evitou ao máximo os alimentos que estragam rápido. Julie ficou ao meu lado e olhou para a geladeira. "Olha só, ao menos uma notícia boa", disse ela. "É, de fome a gente não morre", eu respondi. Peguei quatro enlatados de feijão, quatro garrafas de água e coloquei à mesa. Dizer que aquilo cheirava mal seria um elogio, mas era melhor que nada.

 "A InGen quer que a gente explore cada canto da ilha, é bom fazermos planos para não acabarmos ficando longe da base à noite", disse Jason. Eu então peguei um mapa da minha mochila. "Bom, nós estamos no leste da ilha, ia ser legal sairmos de manhã cedo e explorar cada canto." "Em dois dias já dá para explorar essa parte", eu disse. "É uma ótima ideia, mas e o resto da ilha?", perguntou Julie. "É uma boa ideia sairmos cedo, explorarmos e voltar no meio da tarde, vai demorar bem mais para explorar o resto, mas é o melhor a se fazer", disse Jason. Nós concordamos com a ideia. "Perfeito, agora não sei vocês, mas eu vou comer, eu sou a mulher, então deixa que eu cozinho", disse Julie. Nós rimos e, rapidamente, ela já tinha pegado uma panela, colocado em um fogão e jogado os feijões lá dentro. Eu então abro minha garrafa e dou um gole. Olhando todo o ambiente ao redor, eu até certo medo, mas eu estava muito bem acompanhado e o dinheiro me fazia esquecer um pouco do medo. A triste realidade é que para mim vir para essa ilha só teve vantagens. Minha vida já não faz tanto sentido há um tempo, e agora eu posso sair daqui com muito dinheiro e amigos para a vida, caso consiga sair, é claro.

 

Capítulo 3: O Fotógrafo falido

A alguns ano atrás, eu estava muito bem, já tinha até sido chamado pela própria InGen pra fazer fotos, eu era um fotógrafo renomado e conhecido, e ainda sou. Acontece que eu sempre fui um imbecil viciado em jogos de apostas e bebidas. Então embora eu ganhasse muito dinheiro, tudo isso ia embora muito rápido. Em pouco tempo eu perdi minha namorada, meu pai morreu e meu dinheiro acabou. Eu adoraria fazer uma despedida de respeito para meu pai, mas como eu não tinha dinheiro para o velório isso ficou nas mãos do meu irmão mais novo. Eu não criei coragem pra ir no velório e fiquei em casa sofrendo sozinho. Acabou que depois daquele dia eu não vi mais nenhum parente, eu era a vergonha da família. Eu estava depressivo e sozinho, mas sempre tive medo, então não cogitava me matar. Com o tempo eu fiquei com nojo das bebidas e parei de apostar, mas já era tarde demais... Agora eu faço de tudo por dinheiro, acúmulo ao máximo e não me importo se o trabalho que eu vou fazer é perigoso, eu vou e faço, e por isso eu vim parar nessa ilha... Acabou que isso foi uma ótima ideia, formar um novo grupo de amigos e voltar a ser aquela pessoa sociável e com todo o dinheiro que tinha antes...

Naquele momento, meus pensamentos foram interrompidos por fortes tremores no chão, e um balanço intenso em meio as arvores. Levantei-me rapidamente, totalmente tenso, será um T-Rex? Mas, logo as figuras se revelaram. Era um pequeno grupo de Triceratops, liderados por seu corajoso filhote, que ainda tropeçava tentando caminhar, provavelmente era um recém nascido, não devia ter nem um ano de vida.

Afastei-me para trás de um arbusto, e comecei a grava-los, o flash de uma foto poderia espanta-los. Era fascinante, tão jovens, essas criaturas já precisavam correr pela vida. Enquanto seres humanos levam pelo menos cinco anos para conseguir andar com firmeza, esses animais precisam andar nas horas seguintes ao seu nascimento, caso o contrário, seus predadores lhes devorariam, e seus pais não arriscariam seus outros filhotes por um que demorou demais para ´´amadurecer´´.

Eles andavam em grupo diversificados, mas notavam-se padrões. Fêmeas, idosos e filhotes jovens, ficavam no centro do bando, enquanto os machos jovens e de meia idade, puxavam e flanqueavam o grupo, protegendo-os contra qualquer predador. De repente, uma mão toca em meu ombro, e me virando rapidamente, vejo o rosto de Julie.

"Ei, ei, Stan?", perguntou Julie. Eu tinha me perdido nos pensamentos e nem percebi o tempo passar. "Ah, oi", eu respondi. ´´Abaixa-se, vai assusta-los´´. Ela se abaixa, ajoelhando-se ao seu lado, tão fascinada quanto ele. ´´Quer tentar?´´, pergunto oferecendo-lhe a câmera. Ela pega da minha mão, e sorrindo o tempo todo, seguiu o final da caminhada dos animais, enquanto eles se embrenhavam novamente na mata. ´´É incrível´´, exclamou a médica. Juntos, observamos a gravação completa, aquilo ia me render uma grana federal, mas, talvez me rendesse algo a mais. Ver a alegria dela, e a felicidade quase primitiva que senti ao ver a vida existir perante meus olhos, talvez tenha me dado... um novo propósito.

 

Capítulo 4: A Noite

Voltamos para dentro para comer junto a Jason. Aquela comida imunda foi transformada em algo realmente saboroso por Julie. ´´Está divino, mandou bem´´, exclamei a ela. ´´Obrigada, obrigada´´, ela responde rindo.

O clima estava começando a piorar, os ventos estavam ficando mais fortes, as árvores não paravam de balançar. De repente o sol já havia ido embora, e a escuridão tomou conta de tudo. "Que agonia, não dá pra ver absolutamente nada" disse Julie. O vento logo foi acompanhado pela chuva, forte e gélida, chegando a pingar pelos buracos no teto. Peguei um pequeno cobertor prostrado sob a cama, e coloquei-o em seus ombros, aliviando o frio que lhe fazia tremer. ´´Obrigada´´, disse ela.

"Eu aconselharia desligar as luzes da torre a noite, vamos chamar muita atenção", disse Bram. Então, a gente terminou de comer, se levantou e foi desligar todas as luzes da torre. "Ok, acho que agora podemos dormir sem preocupações", eu disse. "É, até que enfim", disse Julie. Então ela sai correndo descendo as escadas e se atira em sua cama. "Ok haha. É melhor não fazermos o barulho que ela fez agora durante a noite, e de preferência nem de dia, quase tudo que se move aqui pode nos matar" disse Jason. "Tem razão, mas o vento está tão forte que nem deu pra ouvir ela correndo, ainda bem", eu disse. "É... Enfim, boa noite pra vocês", disse Jason. Eu me despeço dele e percebo que Bram ainda está na mesa. Então eu me aproximo e ele está com uma lanterna apontado pra um caderno anotando. "É... Bram? Você não vai dormir?", eu perguntei. "Sim sim, só estou terminando de anotar sobre a vegetação do lugar", ele respondeu. "Ok, boa noite Bram", eu disse. Ele também me deu boa noite e eu desci as escadas.


Antes de dormir, eu vou ver como está lá fora. Abri um pouco da porta da sacada, rapidamente sai pra fora e a fechei. Me senti como se estivesse novamente diante dos Triceratops, o vento e a chuva rebatendo em meu rosto, faziam meu corpo sentir uma liberdade que nunca havia sentido antes. Enquanto estivesse lá, eu não precisava de dinheiro, nem apostas, apenas respirar mais um pouco daquele ar. De repente, a porta se abre atrás de mim, e mais uma vez, era Julie. ´´Não consegue dormir, Stan?´´, ela perguntou ainda com o cobertor envolto em seus ombros.

´´Não é isso, eu só queria sentir um pouco mais disso aqui´´. Julie colocou-se ao seu lado, e começou a falar de sua infância. ´´Meu pai era um paleontólogo chamado James Reynolds, ele era totalmente fissurado por esses animais, acho que não tinha como eu não ser também. Ele trabalhou com Hammond na construção do Parque na Ilha Nublar´´, disse ela com uma lembrança nostálgica em sua mente. ´´Com oito anos, eu disse a ele que queria ser veterinária, mas não para tirar farpas dos pés de gatinhos, mas para estar perto daquelas criaturas, conhece-las, como ele as conhecia´´. ´´Bem, acho que seu sonho se realizou´´, disse a ela. Ela assentiu, e ficamos observando a paisagem por vários minutos, eu lhe contei tudo o que havia sentido antes de ir até aquela ilha, e como ela estava ressignificado tudo o que eu havia vivenciado. ´´Nunca é tarde para se aprender a valorizar o que importa, Stan´´, Julie diz, beijando-me no rosto. Virando-se para dentro, ela faz uma observação, só havia uma cama. ´´É um convite?´´ perguntei sorrindo. ´´Hoje não hahaha, pegue aquele colchão em cima do armário´´ ela respondeu ironicamente, enquanto eu puxava o colchão e esticava-o no chão, e assim, dormimos, escutando o som da chuva no lado de fora.


Quando eu acordo, eu sinto a chuva batendo em mim, eu abro os olhos, e eu estou no meio da floresta, eu não vejo nada, apenas a silhueta de árvores e a lua. Eu me levanto ainda confuso e começo a andar devagar, de repente um barulho diferente no meio daquelas árvores... eu continuo andando e de repente... Uma ovelha me atropela. Eu tento me levantar ainda não entendendo oque está acontecendo, e do meu lado passa algo gigante correndo atrás daquela ovelha, seus passos são muito fortes e altos, de repente ele some na escuridão. Eu então me levanto devagar pensando que poderia seguir o caminho tranquilamente, mas... Aquela sentiu a minha presença. De repente um Tiranossauro sai correndo do meio das árvores atrás de mim, assustado eu começo a correr sem rumo. Eu fico ofegante e grito desesperadamente por ajuda, começo a esbarrar em árvores, mas não tem o que fazer, eu preciso sobreviver, os seus altos rugidos me dão calafrios. De repente eu caio em uma árvore que eu não tinha enxergado, deitado, eu me viro para ele. De repente a cria corre até mim e abre a sua boca para acabar com a minha miserável vida. Mas... ao invés de eu morrer com aquilo, eu apenas acordo de manhã na cama que eu dormi, era só um pesadelo, pelo menos era o que eu achava, pois eu podia ouvir alguns chiados no andar de baixo, havia algo dentro daquele prédio, além de nós.

 

Capítulo 5: Visitante

Julie levantou-se e pedi que ela ficasse na cama, revirei uma caixa de ferramentas, puxando uma lanterna, fechei a porta e desci as escadas. ''Bram, Jason? '', ninguém respondeu. Julie apareceu atrás de mim pela terceira vez.''Bom, prefiro seguir o barulho do que ficar sozinha lá''. Caminhamos vagarosamente em direção ao chiado, era possível ouvir algumas panelas caindo, era algo na cozinha. Aproximando-me lentamente, abri a porta e quase caí para trás. Bram estava caído sobre a mesa, com seu estômago aberto, enquanto um Velociraptor devorava seus órgãos, enquanto pousava sobre seu peito. Outros dois alimentavam-se de seus dedos dos pés e das mãos. Os animais não eram muito maiores que um galo, mas suas garras encurvadas e seus dentes serrilhados os tornavam terrivelmente ameaçadores.

 Levei as mãos à boca, tentando não vomitar, e a lanterna caiu, em um som sútil, mas audível para eles. O Raptor maior olhou para minha direção, olhando-me nos olhos. 'Corre, agora', sussurrei para Julie, que disparou em direção ao quarto. Corri logo atrás dela, enquanto os Raptores vinham logo atrás de nós, com uma velocidade impressionante. Tranquei a porta do quarto, mas, por incrível que pareça, eles tentavam abrir a porta movendo a maçaneta. Eles eram surpreendentemente inteligentes.

Jason, Jason! Nos ajude!'', disse Julie, gritando na sacada. Talvez fosse inútil, provavelmente ele já estava morto. Um dos dinossauros cravou suas garras na porta de madeira, começando a destruí-la com golpes fortes. Virei-me, correndo para a sacada, e encarando o breu da noite abaixo de mim. ''Entrar em uma floresta onde não posso ver dois passos na minha frente, ou ficar aqui e enfrentar aquelas coisas? ''. ''Bom, acho que não é difícil decidir'', Julie respondeu. Os animais batiam na porta com tanta força, que as dobradiças começavam a ceder. Eu suava frio a cada chute.

Observando os arredores, vi uma calha de aço que descia até o chão, apesar de velha, parecia firme. Ajudei Julie a saltar até ela, enquanto procurava minha câmera, mas... tinha sumido! Tudo aquilo, e não iria ganhar um centavo, mas honestamente, naquele momento aquilo não era um grande problema. Julie chegou ao chão e fui logo atrás dela, no exato momento em que os Raptores derrubaram a porta. Tive de pular no meio da descida, e meu pé direito virou ao pousar. Tinha de ignorar a dor e correr o mais rápido que a minha condição permitia. Nos embrenhamos na mata, tropeçando nos buracos e troncos à nossa frente, mas rapidamente nos levantando, a adrenalina tomando conta de nós. ''Aquela árvore, se chegarmos ao topo, podemos nos esconder'', disse Reynolds. Eu observava o tamanho daquela árvore, e meu pé já começa a doer, mas a dor rapidamente passou quando ouvi os ruídos daquelas coisas, logo atrás de nós. Ajudei Julie a subir no primeiro galho, e ela me deu a mão para que pudesse subir atrás dela. Sentindo como se meu pé fosse explodir, subimos até cerca de dez metros do chão, com meu pé escorregando, quase me fazendo cair, mas Julie me segurou, puxando-me de volta. ''Acha que estamos longe o bastante? '' ela me perguntou. ''Não sou exatamente um especialista, mas talvez eles já tenham se alimentando o suficiente para gastar tanta energia com a gente'', disse, me lembrando de Bram.

Comecei a gemer de dor, e Julie percebeu, olhando para o meu pé, já ficando roxo e inchado. ''Deixe que eu cuido disso''. Puxando um pouco de álcool de sua pochete, ela esterilizou o ferimento e depois enrolou meu pé em esparadrapos, para que voltasse ao lugar. ''Só precisa ficar parado por um tempo'', ela disse. ''Não pretendo ir muito longe'' disse olhando para baixo, ela sorriu. No resto daquela noite, permanecemos despertos até o nascer do sol.

 

Capítulo 6: O Segredo de Hammond

Eram seis da manhã, quando enfim descemos da árvore, olhando atentamente ao redor para garantir que aquelas feras já haviam partido. A questão era: E agora? O resgate só viria após três dias de expedição, e ainda restavam dois.

 Puxando o mapa, comecei a procurar por outras instalações da Ingen na Ilha Sorna, e havia um hotel para funcionários no ao sul da Ilha, mas para isso, precisariam passar pelo centro, o local onde os carnívoros dominavam. Eram 40 km de caminhada, eles precisavam de um carro. Voltando ao prédio, começamos a nos equipar. Julie coletou algumas latas de comida, enquanto eu revirava a garagem do prédio, procurando algum carro que ainda não tivesse sido destruído pelo tempo. Aqueles Jeep eram ótimos carros, meu pai tinha um desse, mas, dez anos parado talvez fossem demais para essas máquinas.

Porém, havia um carro com as conexões totalmente preservadas, mas, sem combustível. Procurando na garagem imunda e abandonado, encontrei um tanque de combustível, envolto em teias de aranha, mas, para meu olhar atento, parecia já ter sido tocado, as teias estavam desviadas para os cantos do recipiente, retiradas de sua tampa. Olhando mais atentamente, observei que faltava um Jeep, e onde ele deveria estar, haviam marcas de pneu, recentes. Talvez Jason tivesse fugido, mas, porque não os levaria com eles?

Bom, não havia tempo para pensar naquilo. Abasteci o carro, e voltei para dentro, revirando as salas que ainda não tínhamos investigado, quando Julie me chamou. Seguindo sua voz, entrei na sala de segurança do prédio, e olhando para a tela, podíamos ver que dados haviam sido expostos e corrompidos por alguém.

´´Consegue encontrar algo inteiro ai dentro?´´, perguntei a ela, computadores não eram meu forte. Ela começou a investigar vários arquivos, e havia um, apenas um que não estava corrompido, uma gravação. Sentei-me ao seu lado, e assistimos a gravação, que tinha a voz de John Hammond.


´´Meus amigos, como todos sabem, estamos trabalhando na construção do maior parque temático do mundo, e vocês, vocês mesmo aqui do Sítio B, são os heróis que tornam tudo isso possível, vocês são as mentes por trás do Jurassic Park.


A gravação terminou. ´´Bom, o plot foi meio decepcionante´´ desdenhei. Mas, Julie apertou novamente a tela, e o vídeo começou a apresentar interferência, como se estivesse revelando algo que tivesse sido ocultado pelo vídeo anterior, algo que alguém queria que eles descobrissem, mas que precisava ser mascarado.


Ilha Sorna, 8 de Dezembro de 1960. ´´Olá, meu nome é Phil Willians, e esse é o terceiro dia do Experimento 194 em ambiente semi aberto, desde que deixou seu cativeiro. A gravação muda, revelando um dinossauro horripilante, semelhante a um T-Rex, porém menor, e com um chifre sob seu focinho.

´´O animal ainda apresenta certa agressividade. Infelizmente, os tratadores costa-riquenhos que tentaram alimenta-lo.... acabaram servindo de alimento, mas o Sr. Hammond já está cuidando da papelada, não podemos arriscar a operação inteira por causa de um mero acidente como esse.


Nos entreolhamos, chocados, mas os horrores não terminavam.


Ilha Sorna, 10 de Dezembro de 1960. ´´Phil novamente, bom, como posso dizer.... ocorreu outro imprevisto, esse um pouco mais preocupante, o animal escapou do cativeiro. Mas, não é problema, eles não podem deixar a Ilha sem serem mortos, mas, confesso estar um pouco receoso com o que o Carnotauro possa fazer em meio a natureza. Estamos tendo um certa dificuldade com os carnívoros, eles parecem estar matando por prazer, e não por necessidade. Não tenho acesso ao por menores da biologia deles, mas, talvez os geneticistas tenham feito algo além de simplesmente replica-los. Talvez, tenham transformando-os em algo mais agressivo, mas impressionante ao público, mas não exatamente fáceis de lidar´´.


Ilha Sorna, 12 de Dezembro de 1960. ´´Essa é minha última mensagem, Hammond é um maníaco. Desde o incidente da fuga do Carnotauro, tomei a liberdade de descobrir mas sobre o Parque, e é.... doentio. Incontáveis mortes, ocultadas como se essas pessoas nunca tivessem existido, tudo por causa dele. Ele vai me matar, eu sei disso, mas alguém precisa derruba-lo. Vou esconder essa gravação, caso, eu morra, você, você que está me vendo aqui e agora, deve levar essas informações a alguém. Ao fim desse vídeo, você verá provas dos diversos crimes desse Filho da Puta, por Deus, faça-o pagar.


Em seguida, vislumbramos centenas de mortes, ocultadas pela Ingen, experimentos ilegais, compras de terreno de forma ilegal, dezenas de crimes, muitos aparentes, mas nenhum chegando ao público.

´´Meu Deus´´, disse Julie chocada. ´´Baixe essa gravação, isso precisa chegar a polícia, esse velho desgraçado nos levou pra cá para que morrêssemos, mas, porque?´´. Julie baixa a gravação, e juntos, corremos até o carro, que ainda não estava com o tanque totalmente cheio, eu rezava para que fosse o bastante para chegarmos ao hotel. Acelerei o carro, que levou alguns segundos para enfim pegar, e então, saiu, batendo o motor pela mata, ele não era rápido, muito menos discreto, chegar lá sem ser devorado por aquelas criaturas seria um milagre.

 

Capítulo 7: O Verdadeiro Animal

Dirigimos por várias horas, com o carro penando para escapar dos buracos e subir as colinas imersas em musgo. ''Eu nunca imaginei que fosse assim'', disse Julie, enigmática. ''A ilha? Oh, não posso dizer que me surpreendi muito, é claro que haveria alguma sujeira por trás disso, mas não imaginava que seria nesse nível, respondi.

Enfim, saímos da mata fechada, adentrando em uma verdejante planície, onde pela primeira vez desde a morte de Bram, eu passei a ver novamente a grandeza quase messiânica daqueles animais. Eram Triceratops, Braquiossauros, Estegossauros e diversos outros animais herbívoros belíssimos, que mais uma vez despertaram o olhar alegre de Julie. ''Mas devo admitir, ainda existe alguma magia aqui'', ela disse.

Parei o carro a alguns metros de onde a manada passava, para que Julie pudesse vê-los mais claramente, e aproveitei para comer uma espécie de feijão enlatado terrível que tínhamos trazido. Toquei seus ombros enquanto observava os Braquiossauros guiando seus filhotes. ''Pena que perdeu sua câmera, isso renderia umas fotos ótimas'', ele disse. ''Tem coisas que a memória pode registrar melhor''. Nesse momento, senti o corpo dela relaxar, virando sua cabeça em direção à minha e tocando seus lábios nos meus. Senti um arrepio, o nervosismo tomando conta, mas me mantive firme. Segurei seus quadris e continuei beijando-a por vários segundos. ''Essa viagem tem me surpreendido em todos os sentidos'' disse a ela sorrindo. ''Para mim, essa foi a única lembrança 100% boa até aqui'' disse, também sorrindo. Mas esse momento imaculado estava prestes a tornar-se chocante.

Um rugido gutural jorrou para fora de um emaranhado de árvores do outro lado da planície, derrubando as árvores como um trator. Uma criatura de cinco metros de altura e quase 10 de comprimento, como uma boca coberta por dentes de 30 centímetros, cobertos de sangue, saltava sobre a manada, era um T-Rex.

Ele corria a cerca de 30 km por hora, lento demais para alcançar qualquer uma daquelas possíveis presas, mas para um predador letal, a caça começava muito antes do bote. O T-Rex foca seu ataque em um Triceratops idoso, que custava para conseguir correr, mas tinha alguma lesão em seus joelhos.

Percebendo que não poderia escapar, ele voltou-se a uma postura de ataque e tentou enfiar seus chifres no peito do Tiranossauro, mas, mesmo lento, a fera era rápida o bastante para evitar suas investidas desajeitadas. Avançando em seus flancos, o T-Rex abocanha a coluna do velho dinossauro. Usando sua mordida potente, o Rei dos Dinossauros arrancou a espinha da presa, matando-a instantaneamente. Em bocadas largas, o predador arranca quilos de carne da carcaça do animal, um verdadeiro banho de sangue.

''Acho que já vi o bastante, o conto de fadas acabou'' disse Julie sem jeito. '''Perfeito'', concordei, voltando ao carro e acelerando, mas as horas de viagem já cobravam seu preço em meio ao clima daquele local, e o motor custa a pegar, e os sons ensurdecedores chamam atenção indesejada. O Tiranossauro, que vinha comendo as entranhas do Triceratops, então se volta para eles, rugindo e correndo. ''Vamos, porra, funciona'', comecei a gritar enquanto chutava o veículo. Julie tremia dentro do carro, ele era sua única esperança. O T-Rex já estava a menos de dez metros de distância, o tremor de seus passos vibrava o solo abaixo de nós. Enfim, o motor pegou e acelerei o veículo, correndo o mais rápido possível.

O animal não corria mais do que 25 km por hora, mas aquele carro, naquelas condições, não conseguia fazer muito mais que isso. O animal agora estava a menos de três metros, rugindo. Era possível sentir o cheiro podre de sua boca infestada de dentes e banhada em sangue ainda fresco. Julie grita em terror, e eu tento acelerar mais, porém, forçá-lo demais poderia explodir o motor, e isso seria morte certa. O campo aberto nos favorecia, uma vez que não havia muitos obstáculos, mas um bosque se projetava a cerca de 80 metros à frente, e isso complicaria consideravelmente as coisas. Sempre fui um bom motorista, mas não o bastante para dirigir rápido, desviar de árvores e escapar de um monstro pré-histórico de 65 milhões de anos. Adentramos a mata, colidindo em pequenos arbustos e árvores frutíferas, enquanto o Rei dos Dinossauros nos perseguia como um trem desgovernado. A gravação não poderia estar mais certa, aquele animal não precisava devorá-los, não tinha mais fome, ele queria matá-los, somente para saciar seu instinto assassino pré-moldado em laboratório.

De repente, uma árvore surgiu 30 metros à frente. Correndo à máxima velocidade e sentindo o arrepio da aproximação da fera, não sabia se conseguiria derrubá-la. O suor começa a cair sobre meus olhos, e Julie continuava aterrorizada, agora com os olhos cerrados, recusando-se a presenciar aquele horror. Fiz a curva em alta velocidade, desviando da árvore imensa à frente, mas, perdendo o controle do veículo, colidimos com três árvores menores, partindo-as ao meio, mas estraçalhando o sistema interno do veículo. Um dos galhos quebrou o vidro e cortou minha, uma dor suportável, pelo menos perto da que estava por vir. Caímos de um barranco de pelo menos 20 metros, colidindo em uma rocha no fim da queda. O Tiranossauro, cansado, virou-se, deixando-nos em nossa própria dor.

O sangue borbulhava na minha boca, enquanto eu percebia que meu pé estava definitivamente arruinado graças ao impacto. Mas, tirando isso, apenas alguns cortes e hematomas suportáveis. ''S-tan, me ajuda'' gemeu Julie ao meu lado. Sua testa estava parcialmente aberta, devido a uma pancada forte na parte frontal do carro. Seu braço esquerdo apresentava uma fratura exposta, com o osso ensanguentando mostrando-se. Julie lutava para manter-se consciente. Consegui me arrastar para fora do veículo e puxei-a para fora com o que me restava de força. Ela chorava e gemia com a dor excruciante, e eu lutava para carregá-la para longe dali, mesmo com meu pé praticamente quebrado.

 

Capítulo 8: Seguindo a Correnteza

Chegamos à beira de um rio, onde fiz o possível para estancar o sangramento de Julie. Lutando contra um desmaio, ela me orientava, e eu usava o que tinha à disposição nos destroços do carro e em sua pochete para salvá-la. Consegui estancar seu sangramento na testa, mas sua perna ainda era preocupante. Eu precisaria pôr o osso de volta no lugar. Pegando um pouco de éter, Julie diz que devo pressioná-lo contra suas narinas, mantendo-a desacordada enquanto tento azê-lo. Com muito custo, consegui recolocar seu osso no lugar, enquanto o sangue jorrava com maior lentidão, uma vez que injetei um fluido que desacelerava o fluxo sanguíneo, baixando sua pressão, mas mantendo seu sangramento controlado. Após fechar o ferimento, cai sentado ao seu lado, com as dores no pé direito enfim se tornando insustentáveis. O membro pulsava, deixando de ser roxo para tornar-se quase negro, não estava nada bom. Com a adrenalina deixando meu corpo, as dores começaram a tornar-se insuportáveis, e o sentimento de invencibilidade me deixou. Julie, imobilizada, estava seriamente ferida, estávamos sem carro, e meu pé estava arruinado, não suportaria andar por muito mais tempo. Não iríamos sair daquela ilha. Comecei a olhar ao redor, ouvindo o descer das águas do rio, o bater das asas de pequenos Pterodactílos passando sobre nós, a brisa tocando meu rosto. Aquele lugar havia lhe curado de sua depressão, mas, infelizmente, não me permitiria vivê-la.

De repente, comecei a olhar fixamente para a bolsa de Primeiros Socorros e me surgiu uma ideia. Havia três injeções de adrenalina, talvez elas fossem a chave. Injetei uma diretamente em meu peito e senti meu corpo vibrar, enquanto meus batimentos cardíacos aceleravam tremendamente, o que poderia ter me matado, mas ainda não era a sua hora.

Revigorado, voltei aos escombros do carro e peguei uma machadinha escondida em seu porta-malas. Usando-a, cortei diversos galhos grossos e comecei a amarrá-los usando cipós. Pela primeira vez na vida, o acampamento de escoteiros que meu pai me levava na adolescência se mostrou útil.

Ela tinha 2 metros de largura e comprimento, pequena, mas grande o bastante para abrigá-los. Acordei Julie, que, ainda dopada, custou a sentar-se na barca, fiz um remo improvisado e assim descemos pela correnteza. Havia passado quatro horas naquele trabalho, e a tarde já chegava ao fim, mas em meio ao rio, dificilmente algum daqueles monstros poderia alcançá-los. Ele havia analisado o mapa e sabia que estavam próximos ao Hotel de Funcionários, cerca de trinta minutos através daquele rio. Os últimos raios de sol tocavam as águas densas do rio, quando ele conseguiu notar um par de olhos se sobrepondo à correnteza. Sete metros atrás desses olhos, uma imensa cauda ziguezagueava, coberta por escamas. Um crocodilo colossal estava lhes farejando, e não havia nada que eu pudesse fazer para afastá-lo. Tentei inocentemente usar o remo para mudar a trajetória do barco, mas a correnteza era forte demais, e o animal parecia não a sentir, nadando em nossa direção sem dificuldade.

Julie ainda não estava totalmente consciente, mas ao abrir os olhos, só teve a reação de gritar ao ver o que vinha logo atrás deles. Um dinossauro monstruoso deixou as águas, com uma vela de 3 metros de comprimento e 2 de altura nas costas. Boa parte de seu corpo estava submersa, mas ele deveria ter no mínimo 6 metros de altura e 13 de comprimento, pele escamosa e cinzenta, e dentes pontiagudos, que não eram sua única arma, uma vez que o Espinossauro possuía as mãos extremamente fortes, com garras afiadas, feitas para capturar peixes. O animal deu a volta no barco e avançou no crocodilo. Puxando-a das águas com seus braços fortes, o Espinossauro ergue uma tromba da água, quase virando nosso barco, mas felizmente, resistimos. Com uma mão, o colosso virou o rival de barriga para cima, o estripou com as garras de sua outra mão, soltando um rugido ensurdecedor, enquanto sentia a vida deixar o corpo do réptil.

'O que era aquilo? '' Julie perguntou, enfim de volta a si. ''Um Espinossauro, aquela coisa é tão grande quanto o Tiranossauro'', respondi. Enfim, chegamos às proximidades do hotel, onde seria o seu ponto de extração, e era suficientemente isolado dos animais. Usei o que me restava de força para conduzir o barco até a margem e ajudar Julie a entrar na instalação.

A instalação parecia completamente cercada, mas uma pequena porta nos fundos estava entreaberta e não parecia haver muito tempo. Entramos lentamente, contemplando o tamanho daquela instalação, eram mais e mais metros quadrados, piscinas, praias artificiais, campos de golfe, era um verdadeiro resort em meio a uma selva pré-histórica.

''Vamos ao escritório da administração, lá podemos contactar a guarda costeira'', disse a Julie. Levei-a até o local, que parecia menos abandonado do que o resto daquele prédio caindo aos pedaços, e ao sentir o cano frio da arma na minha nuca assim que entrei, percebi quem era o responsável por aquilo, o responsável pelo terror que eles estão vivendo até então...

 

Capítulo 9: O Traidor

''Hammond está te pagando quanto por isso, Jason?'', perguntei, virando meus olhos para vê-lo. ''Seu filho da puta, você tem ideia de quem ele é? '', Julie perguntou, irritada. Honestamente, estou pouco me fodendo para quem ele é, pela grana que ele pagou. Não foi difícil matar o Bram, e também não vai ser difícil matar vocês, se bem que vocês já estão quase lá, não é mesmo? ''.

''Hammond queria que você apagasse a sujeira dele do sistema... imagino que não exista uma equipe de resgate'', Julie questionou. ''Ah, existe sim, mas com espaço só para um. Hammond só precisava de mais alguns para justificar a operação'' respondeu Neil.

''Então foi você que acessou o computador na instalação, queria sumir com os podres dele'', apontei. ''Pena que não conseguiu acabar com tudo''. 'O que está falando? '', ele urrou, pressionando o cano do revólver contra minha nuca. Era doentio, como um homem era capaz de sacrificar a vida de outros em troca de uns trocados a mais. Fechei os olhos e apertei a mão de Julie, sussurrando que a amava. Eu estava conformado, já havia passado pela quase morte três vezes até ali, já havia superado tal medo, havia tido a evolução que aquele lugar tinha preparado para mim. Jason tremia, ele não havia matado diretamente Bram, havia deixado ele ser morto pelos Raptores, não estava acostumado a sujar suas próprias garras com sangue humano, mas não iria hesitar em cumprir seu contrato. Porque pegou minha câmera? '', perguntei. ''John queria ver como seus animais estavam, ele não é 100% monstruoso, ele se importa com o bem-estar dos bichinhos'', eles respondem com deboche.

Não tinha como escapar, lutar não era uma opção, só restava esperá-lo puxar o gatilho... quando de repente. Um Pterossauro imenso explodiu uma vidraça atrás de nós, cravando suas garras nas costas de Jason, que urra dor, enquanto sente seu corpo sendo erguido do chão como um boneco. Levando-o pela janela, o monstro de asas se depara com outro dos seus, que começa a puxar Jason pelo braço, como se estivessem brigando para devorá-lo, o símbolo máximo da selvageria daquela ilha. O segundo Pterossauro arranca o braço de Neil, devorando-o na hora, enquanto o segundo voa para longe com o restante dele, provavelmente para levá-lo para seus filhotes.

''Bom, isso que eu chamo de Karma instantâneo'', disse Julie em tom de deboche, quando de repente a porta atrás de nós se abre, e vários homens e mulheres surgem magicamente as nossas laterais.

''Boa tarde, Auror Mark Blackwood, desculpe a demora'', disse um dos homens, com roupas verdes extravagantes e um chapéu coco incompreensível. 'Que diabos é isso? '', lhes questionei. ''Somos da LIJ (Liga Intergaláctica da Justiça), estávamos investigando John Hammond há alguns meses, desde o incidente em San Diego (em Contos Jurássicos), quando soubemos da operação sigilosa que ocorreria aqui, viemos verificar''. Estava boquiaberto, incapaz de expressar aquela explosão de sentimentos. Julie recostou-se em meus ombros, enfim relaxando, enquanto os agentes cercavam o ambiente. ''Vocês me parecem muito fracos para aparatar, um transporte virá até vocês aqui'', disse Blackwood. ''Espera, tenho algo para vocês'', alertei, puxando a fita com as informações de Hammond. Ele pegou, piscando para mim em sinal de gratidão, guardando-a em seu bolso. Nem mesmo os milhões de John iriam livrá-lo naquele momento.

Alguns minutos depois, estávamos a bordo de um jato particular, rumo a Londres, onde iríamos prestar depoimento. Blackwood aproximou-se, com minha câmera em mãos.''Acho que isso é seu, já extraímos o que tinha de importante, pode tirar um bom dinheiro disso aqui'', ele disse em meio a um sorriso. Empurrei-a de volta para suas mãos. ''Não precisa, já tenho o suficiente'', disse olhando para Julie, e depois para a ilha abaixo de nós, se tornando um ponto cada vez menor no horizonte. Aquele lugar era o céu e o inferno ao mesmo tempo, capaz de edificar e destruir um homem, um paraíso para anjos e demônios, para maravilhas e feras, uma poesia perfeita, que não precisava de nada mais do que minhas próprias memórias para tornar-se grandiosa.

''Julie... obrigado por tudo'', disse olhando fundo em seus olhos. Ela me beijou, voltando a reclinar-se sobre meus ombros. A força daquela garota era fantástica, ele curou meu corpo e minha alma mais de uma vez... Talvez fotos não fossem a melhor forma de representar o que eu sentia... talvez um livro, sim! Assim que Hammond caísse, eu escreveria a minha experiência em seu ''gracioso'' sítio B.


DIAS DEPOIS.


Hammond bebia um bom vinho em sua mansão em Malibu, olhando para o horizonte em sua sacada de vários metros quadrados. Ele bebia para enterrar o ódio que sentia. Jason havia morrido, o que indicava que havia sido morto. Tomara a Deus que, com todos os outros da equipe, não poderia haver mais pontas soltas. Ele estava cansado de trabalhar com imbecis.

Enquanto andava em círculos, tentando dissipar sua raiva, os dois seguranças de sua sala eram derrubados, com dois dardos precisos no pescoço.

''Desgraçado, tomara que aquelas aberrações tenham despedaçado você'', resmungou John, pensando em Jason Neil. Quando se virou-seiu uma figura de chapéu redondo lhe encarando. 'Não permito que ninguém entre aqui sem hora marcada, fora! '', resmungou o velho, ficando vermelho de ódio. Lamento, Sr. Hammond, mas é que eu realmente precisava falar com você, tem algumas coisas que você precisa responder no tribunal. Temo que suas respostas irão levá-lo à cadeira elétrica, mas quem não deve não teme', disse o homem envolto em sombras, com um tom de deboche. 'Quem é você? '', John perguntou nervoso. Perdão, ainda não sou tão reconhecido na companhia, talvez seja bom para um agente secreto... (o homem saiu das sombras e revelou seu belo rosto na lua) Meu nome é Bond, James Bond, e preciso que venha comigo agora! ''.


Fim.








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