Após passar pelas sagas de Jason e Michael Myers, chegou a hora de falar de outro dos maiores vilões do slasher, e um dos mais criativos, aquele que vai assombrar os seus sonhos durante a noite, Freddy Krueger. A Hora do Pesadelo é uma das franquias mais bem produzidas do terror, não chegando a ter muitos filmes horríveis como seus concorrentes, mas mesmo assim, vamos ver algumas atrocidades do cinema por aqui.
Um vilão Inspirado
Em 1984, Wes Craven, uma das maiores mentes do terror, desenvolveu um novo vilão do terror, aproveitando a febre slasher oitentista, que estava se desgastando, com 3 Halloweens e 4 Sexta Feiras 13, era hora de um vilão diferente nascer, quebrando os estereótipos que haviam sido fundados.
Freddy Krueger era um serial Killer de crianças em Springwood, que após escapar da justiça por uma falha judicial, foi queimado vivo pelos pais da cidade, mas para evitar a morte, Krueger fez um pacto com os demônios dos sonhos, e agora, estava destinado a matar os jovens da cidade em seus sonhos, por toda a eternidade. Craven criou seu vilão com base em algumas pessoas que passaram pela sua vida, como um garoto que fazia bullying com ele na infância, e um morador de rua que olhava fixamente para ele todas as noites, pela janela da sua casa. A questão dos sonhos veio diretamente de um caso real, de vários garotos morrendo sem explicação durante o sono.
A primeira vítima do vilão é Tina, que é perseguida em seu sonho, e morta no mundo real, sendo lançada pelas paredes do quarto e tendo seu peito rasgado pelas garras de Freddy, com seu namorado, Rod, vendo tudo. Devido à falta de explicação para o homicídio, Rod é preso pela morte de Tina, e Freddy passa a atormentar um grupo de jovens, em especial a estudante Nancy Thompson.
Freddy invade os sonhos de cada um deles, os deixando cada vez mais assustados, o tornando cada vez mais poderoso, para que assim pudesse matá-los. Através de sua mãe, Nancy descobre o passado de Freddy, e começa a traçar um plano para derrotá-lo. Após perder praticamente todos os seus amigos, Nancy traça um plano para acabar com Freddy, ela puxa o vilão para o mundo real, e bota fogo nele, o que não foi o bastante para matá-lo, mas o fez desaparecer da vida da garota, pelo menos era o que ela pensava, pois o vilão volta na cena final, e mata sua mãe, saindo vitorioso.
O primeiro Hora do Pesadelo é um filmaço, com uma atuação marcante de Robert Englaund como Freddy, que é um personagem completamente inovador, com poderes incríveis e uma personalidade mais falante, diferente dos assassinos mudos dos outros slashers. Os efeitos práticos são ótimos, rendendo cenas impressionantes para a época, e o roteiro cria uma trama intrigante e bons personagens, digno de uma nota 10. Porém, logo no segundo filme, já teríamos uma queda brusca na qualidade.
Filme Polêmico
Após uma bilheteria de 25 milhões de dólares, era obvio que teríamos uma continuação, e essa deu o que falar. A direção passou de Wes Craven para Jack Sholder, que colocou diversas mensagens subliminares, envolvendo a homossexualidade do protagonista Jesse, conectando a sexualidade reprimida do garoto com a figura de Krueger.
Nessa história, vemos Freddy buscando um novo corpo, para fazer vítimas no mundo real (algo que não faz lá muito sentido), e decide possuir Jesse. Devido a essa premissa, vemos Freddy matando pessoas em uma festa, ao estilo Jason.
Jesse e sua família se mudam para a casa de Nancy, onde a alma de Freddy estava presa. Para recuperar a sua força, Krueger cria eventos paranormais na casa, para que o medo o fortaleça o bastante. Pouco a pouco, Freddy consegue usar Jesse para cometer assassinatos, enquanto o garoto tenta resistir. No final, Jesse consegue destruir Freddy dentro da sua mente, e derrota o vilão mais uma vez.
O filme perturbou muito críticos e fãs, por romper com a premissa da saga, mas mesmo assim, temos muitas coisas notáveis, como a ótima maquiagem do vilão e cenas de morte ainda mais inventivas.
A franquia havia chegado ao seu ponto mais baixo, mas em seguida, essa saga iria dar um boom absurdo, com uma verdadeira obra prima do horror.
Wes Craven retornou para roteirizar a história, que foi barrada pela New Line, que chamou Frank Darabont, para adaptar esse roteiro, e assim nasceu a Hora do Pesadelo 3: Guerreiros dos Sonhos.
Essa trama se passa em um hospital psiquiátrico, onde diversos jovens vêm tendo sonhos com Freddy, e devido a negligência dos médicos, são mortos um a um, até que Nancy Thompson chega no local, agora como uma especialista em distúrbios do sono, e estava preparada para acabar com seu arqui inimigo.
Nancy põe em prática alguma de suas técnicas, podendo entrar nos sonhos uns dos outros, e controlá-los, podendo ter poderes assim como Freddy. Enquanto isso, o Dr. Gordon tem alucinações com a mãe de Freddy, que lhe dá pistas de como deter o vilão, que seria queimando os seus restos mortais. Durante essas cenas, descobrimos algumas coisas sobre o nascimento de Freddy, que é fruto de um abuso sofrido por sua mãe, quando a mesma foi presa por acidente em uma cela com mais de 100 criminosos.
Mesmo com poderes, os pacientes continuam sendo massacrados por Freddy, então seria necessário impedi-lo de outra forma. Krueger consegue matar Nancy, se passando pelo seu pai. Por fim, o pai de Nancy, o policial Donald Thompson, ao lado de Gordon, encontra os restos de Freddy, que criam vida própria para enfrentá-los, inclusive matando Donald, porém, Gordon consegue queimar a ossada do vilão, e salva o restante dos pacientes, acabando com o rastro de sangue do vilão, por pouco tempo.
Esse terceiro filme foi muito elogiado, com crítica ótimas e uma bilheteria de 44 milhões, explorando os poderes do mundo dos sonhos de maneira mais ampla, e trazendo um Freddy mais brincalhão e menos sombrio, além de explorar o passado desse monstro.
A Galiofice Começa
Aqui tivemos um ponto de virada na franquia, a partir desse filme, a Hora do Pesadelo viraria bagunça. Em 1988, tivemos A Hora do Pesadelo: Mestres dos Sonhos, com Freddy voltando a vida depois de um cachorro urinar chamas em cima dos seus restos mortais, despertando a fera para matar de novo (Isso é verdade, por incrível que pareça).
Kristie volta para esse filme, com uma nova atriz. Freddy continua atormentando a garota, pois ela é a última remanecente entre os filhos daqueles que o queimaram no passado, e ele a utiliza para trazer pessoas para seus sonhos, para que ele possa matá-las.
Temos mortes muito bem feitas aqui, como Krueger quebrando os braços de uma garota, enquanto ela tenta levantar um peso de academia. Kristie é morta, e passa seus poderes para Alice, que usa tudo isso contra Krueger, mas acaba derrotada mesmo assim. Então, ela apela para um verso dos sonhos, que afirmam que não era preciso ter medo, pois quem mandava nos seus sonhos era ela mesma, derrotando o vilão, e libertando todas as almas presas dentro dele.
A bilheteria desse filme foi ótima, mas as críticas foram ruins, pois é inegável que a trama dele é bem pobre e confusa, mas isso não impediu a saga de continuar, e daí uma bomba surgiu, sem roteiro finalizado e com uma produção podre, tivemos a Hora do Pesadelo 5: O Maior Horror de Freddy (E também dessa franquia).
Nessa maravilha, Alice fica grávida, e seu filho começa a ter sonhos com Freddy Krueger, alimentando esse feto com almas, para que quando ele nasça, se torne seu sucessor, basicamente mais uma trama de possessão. Freddy continua matando pessoas, e dessa vez, eles tentariam utilizar a alma da mãe do vilão para impedi-lo, em mais uma solução sem sentido.
Temos que ser sinceros, a cada filme eles inventam algo mais mirabolante para matar Freddy, e nada realmente se prova efetivo, diferente de Jason ou Michael Myers, Freddy nunca foi realmente morto, o que torna ainda mais sem peso as suas derrotas.
Em mais um final terrível, eles enviam a alma de Krueger de volta para a barriga de Amanda Krueger, aparentemente o predendendo para sempre. Depois dessa bomba, a Hora do Pesadelo ficou desmoralizado no cinema de terror, e assim como Halloween e Sexta Feira 13, vinha vivendo uma grande baixa.
Com crise declarada, a New Line decidiu pôr fim na franquia, com O Pesadelo Final: A Morte de Freddy, para atrair bilheteria e recuperar o prejuízo. Alice foge de Springwood, e Freddy mata toda a população jovem da cidade, e apenas um jovem desmemoriado havia restado. O assassino dos sonhos decide usar esse sobrevivente sem nome, para levar sua história para outras cidades, já que ele não podia deixar Springwood por algum motivo. É aqui que vemos as piores mortes da saga, com o vilão matando um cara dentro de um videogame do Mario, batendo a cabeça dele no teto. Mais um truque de mestre dessa obra, é inventar uma filha para Freddy, que era justamente a policial que havia vindo para a cidade investigar o passado do assassino, chamada Maggie. E foi justamente Maggie que matou seu pai, o trazendo para o mundo real, e explodindo-o de dentro para fora.
Essa bomba recebeu críticas péssimas, porque realmente era uma tosqueira, mas a bilheteria compensou, muito por causa do subtítulo, que atraia muitas pessoas para ver esse último episódio.
Retorno Triunfal
A franquia tinha acabado de fazer 10 anos de idade, e a New Line decidiu fazer um novo filme em comemoração à essa data. Wes Craven finalmente voltou ao comando da saga, mas dessa vez, se nenhuma conexão com os filmes anteriores, fazendo uma obra ao estilo Pânico, com muita metalinguagem, tratando tudo que veio antes, como simples filmes de terror. Freddy não passava de uma entidade demoníaca real, que se prendeu no personagem de Robert Englaund, e assim que a franquia acabou, essa besta se libertou, e eles precisariam fazer um novo filme, para conte-la novamente.
Temos a volta do elenco clássico, com Heather Langenkamp de volta ao papel principal, fazendo ela mesma, enquanto seu filho, Dylan, é perseguido pela entidade de Freddy, e ela se vê obrigada a enfrentar o monstro que tanto lutou nos cinemas, na vida real, conseguindo matá-lo em uma fornalha.
O Retorno de Freddy Krueger foi um desastre de bilheteria, mas um tremendo sucesso de crítica, pois realmente trouxe algo diferente para a saga, inclusive um novo visual para o vilão, que está mais monstruoso do que nunca.
Após tudo isso, tivemos um hiato de Freddy por 9 anos, até o personagem retornar para enfrentar Jason, no crossover que já vinha sendo planejado a uma década.
Em 2003, finalmente tivemos o encontro entre os dois maiores monstros do terror, Jason e Freddy Krueger. Freddy estava enfraquecido, já que os jovens de Springwood não acreditavam em sua lenda. Por isso, o velho assassino decide ressuscitar Jason e levá-lo para a cidade, onde iria começar a matar alguns jovens, para que a sua lenda fosse revivida, e ele retomasse o auge dos seus poderes. O plano começa bem, mas logo ele perde o controle de Jason, que começa a matar tudo que vê, e deixando poucos para Freddy, o que obriga Krueger a deter seu fantoche.
Eles se enfrentam pela primeira vez nos sonhos, com Freddy levando vantagem, mas Jason consegue sair vivo. O round 2 é em Crystal Lake, com Jason começando bem, e surrando Freddy, mas rapidamente o assassino dos sonhos começa a reagir, usando a sua agilidade, e consegue levar Jason ao trapiche, e furar seus olhos, castigando o zumbi, que graças aos protagonistas, consegue escapar, e atravessar o peito de Krueger, para que a protagonista super carismática Lori, arrancasse a cabeça do assassino.
Remake
Após alguns anos na geladeira, A Hora do Pesadelo retornou em 2010, no primeiro Remake da franquia, ainda na leva de remakes sombrios dos anos 2000, e na minha humilde opinião, esse é o pior deles.
O longa aproveita muito do conteúdo do original, como a origem de Freddy, adicionando alguns novos detalhes, como o trabalho de Krueger em uma creche, onde fez suas vítimas. Freddy agora era interpretado por Jackie Haley, que entregou um personagem sombrio e com bons diálogos, mas que encarou o grande desafio de suceder Robert Englaund, e isso foi demais para ele, sendo alvo de muitas críticas, mesmo tendo feito um bom trabalho. A maquiagem do personagem está mais realista, realmente lembrando queimaduras, o que agradou a uns, e perturbou a outros. Mas o grande problema da atuação de Jackie, é justamente o seu tom mais sério, resgatando o estilo do Freddy do original, mas depois de tantos filmes com o Freddy palhaço, os fãs não engoliram essa mudança.
Temos muitas cenas do original sendo recriadas, dessa vez com CGI, o que as torna sem vida perto das originais, outra coisa que foi bastante criticada. O elenco não impressiona, e boa parte dos personagens são desinteressantes, com exceção ao casal principal, com destaque Rooney Mara como Nancy, que foi indicada a prêmios.
Nancy e Quentin matam Freddy, conseguindo puxá-lo para o mundo real, e cortando seu pescoço, mas assim como no original, o vilão retorna no final, para matar a mãe de Nancy.
O filme lucrou 115 milhões de dólares, e teve críticas mistas, e não recebeu sequências. Até o momento, não temos nem sinal de um novo filme.
Para finalizar, vamos eleger os três melhores e os três piores filmes da franquia.
Melhores: Guerreiros dos Sonhos, Hora do Pesadelo (original) e O Retorno de Freddy
Piores: Hora do Pesadelo 2, A Morte de Freddy e o Maior Horror de Freddy
Comentarios