18 de nov. de 202211 min de leitura

Os Monstros da Universal: A Saga Completa

Todos sabem da paixão desse site pelos monstro clássicos da Universal Studios, já dedicamos alguns posts, a falar dos seus personagens, e até mesmo criamos as nossas próprias histórias, com base neles. Hoje, vamos fazer uma viagem até 1923, quando a primeira obra do universo foi lançada, até a sua ultima, passando da maneira sucinta por cada um dos 35 filmes lançados pela empresa, cujo a saga passou por mais de 3 décadas.

Início nos Anos 20

O universo monstruoso começou nos primeiros anos da década de 20, com o Corcunda de Notre dame, um clássico que chegou a ser filme da Disney posteriormente. A história adapta fielmente a obra literária de de Victor Hugo, e traz a tona Quasimodo, um corcunda que acaba adotado por um padre, chamado Jehan, que o deixa preso no sino da catedral de Notre dame. Naquela época, corcundas eram considerados aberrações, e isso foi muito retratado nesse e o outros filmes da Universal. Quasimodo se apaixona pela cigana Esmeralda, que por si só já apresenta outro elemento presente nesses filmes, os ciganos.

O padre desaprova o relacionamento, e ordena que o corcunda não volta a ver a garota. Jehan decide capturar Esmeralda, e a lava para a catedral. Quasimodo consegue salvar sua amada, e lança seu mestre da torre, o matando. O Corcunda havia sido esfaqueado por Jehan durante a luta, e acaba tocando o sino pela ultima vez, para anunciar seu próprio fim.

O longa foi um sucesso em todos os sentidos, e Lon Chaney foi muito elogiado por seu papel como Corcunda. Essa notoriedade do ator, ajudou muito seu filho, Lon Chaney Jr, a ingressar na carreira do cinema, sendo aquele que iria viver um dos maiores personagens do universo dos monstros, o Lobisomem.

Em 1925, a Universal adaptou outro clássico da literatura, O Fantasma da Ópera. Nesse filme mudo, vamos uma bailarina do teatro de Paris, chamada Christine, ser capturada por um homem chamado Erik, que assombra aquele prédio a anos, vivendo em segredo no subsolo do local. Erik utiliza uma máscara branca, que esconde um grande segredo. Erik tenta seduzir Christine, que não cai em suas tentações, e consegue tirar sua máscara, revelando um rosto terrivelmente deformado. Essa deformidade vinha de nascença, o que fez com que até mesmo os pais do garoto desistissem dele e o abandonassem, forçando o garoto a se unir a um grupo de ciganos.

Christine consegue escapar, e seu namorado invade o esconderijo do vilão com a polícia. O Fantasma despista as autoridades, mas acaba sendo morto pela população, afogado nas águas do mar.

Lon Chaney interpretou o seu segundo vilão nesse universo, e também o seu último. Após essa obra, teríamos um hiato de 6 anos até o próximo filme, onde a era dos monstros iria começar de verdade.

Os Grandes Monstros Nascem

Em 1931, sobre a direção de James Walle e protagonizado por Bela Lugosi, surge Drácula. Drácula começa oficialmente o universo compartilhado dos monstros, sendo um personagem recorrente em outros filmes, e que construiu a sua própria saga na Universal. A história é fiel ao livro, com Drácula indo a Londres, onde mata Lucy e persegue Mina Murray, sendo morto pelo professor Van Helsing.

No mesmo ano, outro monstro de peso nasceu, Frankenstein, saindo diretamente do clássico de Mary Shelley. Nessa obra, vamos o cientista Henry Frankenstein, tentando assumir o papel de Deus, criando vida, e evitando a morte. Henry e seu colega Igor, passam as noites exumando cadáveres, para criar um novo corpo completamente monstruoso, e usando a energia dos raios, para dar vida a esse criatura. Porém, o monstro precisava de um cérebro preservado para funcionar. Igor foi a uma faculdade, onde tinham cérebros sendo estudados, porém, ele acaba roubando o cérebro de um assassino, o que iria causar muitos problemas para a fera. A criatura nascida dessa heresia, é um ser completamente irracional, que mata sem perceber, e não controla sua força. O monstro foge e mata Igor, chegando em um vilarejo próximo, onde acaba afogando uma garota sem querer, o que torna alvo da fúria da população local, que o encurralam em um moinho, a ateiam fogo em seu corpo. Esse filme é tranquilamente um dos melhores da franquia, com um roteiro muito bem escrito e personagens muito bem desenvolvidos para aquela época. Esse foi o primeiro papel, do maior ator do universo dos monstros, Boris Karloff, que interpretou Frankenstein e a Múmia.

Apenas um ano depois, Karloff fez o seu segundo monstro, a Múmia. A Múmia conta a história de Imhotep, um servo que havia se apaixonado pela mulher do faraó, e assim que foi descoberto, foi torturado, amaldiçoado e mumificado. Milênios depois, um pesquisador acaba lendo as palavras proibidas na tumba de Imhotep, e o monstro volta a vida, e vai em busca da reencarnação do seu antigo amor, nesse caso, Helen.

O monstro assume a identidade de Ardeth Bey, e começa a se aproximar de Helen, chegando a matar o pai da garota, para tira-lo do seu caminho. O monstro do Egito consegue capturar a jovem, e estava pronto para realizar o ritual que a deixaria preso a ele para toda a eternidade, porém, o protagonista Frank chega a tempo, e queima o pergaminho que dava vida ao monstro, e o destrói de uma vez por todas. A Múmia foi outro grande sucesso, garantindo o lançamento de ainda mais filmes nos anos seguintes, a Múmia retornaria vária e várias vezes, coisa que veremos um pouco mais para frente.

Novos Monstros

Os principais monstros já haviam sido estabelecidos, mas ainda tínhamos outros monstros importantes para serem apresentados. Em 1935, foi lançado o clássico Lobisomem de Londres. O Dr. Wilfred Glendon, é atacado por um monstro meio homem meio lobo, que ao morde-lo, transfere para ele uma maldição, e na noite de lua cheia, Glendon estava condenado a se transformar nesse mesmo monstro, e se voltar contra todos que amam. Isso tudo é contado a Wilfred por outro doutor chamado Yogami, mas Glendon faz questão de desdenhar de toda a história, algo que custaria caro para ele.

Durante a viagem, o doutor conseguiu coletar uma planta chamada Mariphasa Lupina, que poderia ser a salvação para a sua futura doença. A cada noite de lua cheia, Wilfred se transformava em uma fera sedente por sangue, e varra pelas ruas cheio de fúria, pronto para matar qualquer um que cruzasse o seu caminho. No final, Glendon mata Yogami, e chocado pelo que fez, decide se matar. O filme foi o primeiro a não ser tão bem recebido pela crítica e pelo público, por abraçar bastante o lado trash.

Dois anos antes, tivemos outra clássico, de um personagem não tão recorrente nesses filmes, o Homem Invisível, ou Jack Griffin, interpretado por outro ator marcante Claude Rains. Jack era um cientista, que estudava o soro da invisibilidade. Porém, em meio a esses testes, um acidente ocorre, e Griffin acaba ficando invisível para sempre. Jack viaja pelo país, buscando um local onde pudesse ficar em paz e achar uma cura, usando faixas roupas e faixas para disfarçar a sua invisibilidade. Com o tempo, Jack começa a enlouquecer, e usar os seus poderes para trazer o terror, matando e roubando várias pessoas, chegando a matar um segundo cientista, que poderia ser a única pessoa capaz de ajuda-lo a se curar. Seu reino de terror se encerra quando o vilão é cercado pela polícia em um celeiro, e acaba deixando algumas pegadas no chão, permitindo que os soldados o matassem com tiros Em seu leito de morte, ao lado de sua noiva Flora, Jack morre, e volta a ser visível para todos.

Primeiras Continuações

Praticamente todos os principais monstros já haviam sido mostrados, agora, era o momento de explorar um pouco mais os seus universos. Uma das continuações mais notáveis, é a Noiva de Frankenstein, onde ficamos boa parte do longa, vendo tudo pela perspectiva do monstro, mostrando suas primeiras descobertas. O monstro chega a fazer um amigo cego, que lhe ensina a falar algumas palavras. O filme é cheio desse tipo de mensagem, por ser cego, este homem não julgou a criatura pela aparência, e não o julgou como monstro, o tratando como um igual. Por outro lado, vemos a trama de Henry, que agora trabalha ao lado de um cientista chamado Dr. Pretorius, que é capaz de criar corpos do zero, sem precisar costurar partes de corpos mortos, e tinha como seu grande objetivo, criar uma noiva para o monstro de Henry. Mesmo tendo seu nome no título, e Noiva aparece apenas nos últimos minutos, e boa parte da história é focada em Henry e sua criatura, e no final das contas, temos uma das melhores sequências da história do cinema.

Em 1936, surgiu um novo filme do universo de Drácula, a Filha de Drácula, mas conhecida como Condessa Marya Zaleska. Van Helsing havia sido preso por assassinar o Conde Drácula. O corpo do Conde é roubado da delegacia de polícia, pela Condessa. Marya era uma vampira amargurada, que acreditava que a morte de Drácula iria liberta-la do vampirismo, mas nada mudou, e isso a levou para Londres, para ter um tratamento psicológico. O psicólogo é um dos alunos de Van Helsing, o doutor Garth.

Zaleska chega a exorcizar o corpo de Drácula, para acabar com a maldição, mas nada muda mais uma vez. Zaleska acaba caindo nas trevas de uma vez por todas, e acaba sequestrando a secretária de Garth, a levando para Transilvania. Van Helsing é solto, pois tudo que ele falou se provou verdade, e Garth parte rumo ao reino de Drácula, onde encontra Zaleska. A vampira consegue convencer o homem a se transformar em um vampiro, em troca da vida da sua funcionária, porém, antes que o mal vença, Sandor, servo de Marya, a mata com um arco e flecha, já que se considerou traído por sua mestra, já que não lhe foi oferecida a vida eterna.

Ambas as sequências se provaram muito boas, com novos e bons personagens, além de continuar expandindo o universo iniciado nos primeiros filme.

Para encerrar a década de 30, tivemos o Filho de Frankenstein, o filme mais fraco até o momento. Nessa sequência, temos o filho de Henry, o Barão Wolf Frankenstein, que retorna ao vilarejo onde seu pai viveu, e onde criou a sua temida fera. No antigo castelo de seu pai, Wolf encontra o capanga Igor, que mantinham o corpo do monstro preso em uma cripta, e com a ajuda de Wolf, iria liberta-lo mais uma vez, já que agora, o corcunda tinha total controle sobre a fera, e iria usa-la para matar pessoas. Wolf é considerado culpado pelas mortes, por ser filho do criador da besta, mas no final, o mesmo final se repete, a criatura é novamente aprisionada, só vindo a retornar alguns anos depois. O filme é o famoso mais do mesmo, e seu nível de tosqueira é superior a todos os outros filmes da mesma época. O filme é bem produzida em todos os sentidos, mas a história e principalmente as situações e atuações apresentadas, não convencem nem um pouco. Foi dessa maneira que a Universal terminou a sua era de ouro, dali para frente, não teríamos muitos sucessos, com a era dos monstros entrando em seu primeiro declínio, mas ainda sim, algumas surpresas iriam vir.

Anos Difíceis

Os anos 1940 foram duros para Universal, sendo a década com o maior número de filmes lançados, e com uma qualidade no mínimo duvidosa. Logo em 1940, tivemos 3 filmes, O Retorno do Homem Invisível, A Mulher Invisível e a Mão da Múmia. Vamos resumir bastante toda essa história, porque são muitos filmes, e praticamente nenhum presta. A Mulher Invisível é bem diferente do resto da franquia, saindo bastante do terror, e partindo para uma comédia com elementos de suspense. Uma garota chamada Kitty, participa de um experimento com uma máquina, que a deixa imperceptível ao olho nu. Por incrível que pareça, esse poder é limitado, e só pode ser renovado através de cerveja ou outra bebida alcóolica.

O Retorno do Homem Invisível, saiu um pouco antes do longa citado anteriormente, e traz uma história mais dentro do padrão. Geoffrey Radcliffe seria condenado injustamente pela morte do seu irmão, algo que ele não cometeu. Com a ajuda do irmão de Jack Griffin, Frank Griffin, Radcliffe consegue acesso ao soro da invisibilidade, e consegue escapar da prisão, e parte na missão de achar o verdadeiro culpado. O verdadeiro assassino, era Richard Cobb, primo de Geoffrey. Ambos entram em um tiroteio, onde Radcliffe é atingido, mas consgue matar Richard, que confessa a autoria do crime a beira da morte. Seria necessária uma cirurgia para salvar a vida do novo Homem Invisível, mas para isso, ele deveria se tornar visível novamente. Griffin realiza uma transfusão de sangue em Radcliffe, permitindo que ele volta ao normal, e a cirurgia seja feita a tempo.

Por fim, temos a Mão da Múmia, uma sequência espiritual do original de 1932, mas que não se conecta em nada com o mesmo. Temos a história do príncipe Kharis, que tinha um amor secreto pela princesa Anaka, e assim que a jovem morreu, ele decide traze-la de volta, com o uso de folhas mágicas. Porém, ele é capturado e morte sem que possa concluir seu plano, sendo enterrado sem língua. Temos um salto temporal de dois mil anos, onde obviamente um grupo de pesquisadores profana a tumba do pobre homem, e traz o monstro de volta a vida. Depois que o morto vivo mata metade da equipe de pesquisa, os mocinhos ateiam fogo nele, e acabam com sua vida para sempre. Até o momento, tivemos alguns filmes consideravelmente originais, mas esse último é uma cópia praticamente idêntica do primeiro filme, com zero criatividade. Porém, é melhor ser uma cópia, do que ser ruim, e vamos ver muito disso daqui para frente, mas não antes, de ver um dos melhores filmes dessa saga.

Havíamos tido uma versão do Lobisomem em 1935, mas que não havia ficado muito marcada, pois a atuação definitiva do Lobisomem, seria a vivida por Lon Chaney Jr, no filme ´´Lobisomem´´ de 1941. Larry Talbot acaba sendo atacado por um Lobisomem em meio a mata, e acaba matando a criatura com uma bengala, com o homem lobo se revelando como um cigano que Larry havia conhecido pouco antes. A partir dessa noite, Talbot começa a se transformar em um Lobisomem em todas as noites lua cheia, levando a morte para as ruas da Inglaterra. Seu pai, Jonh Talbot, tenta de tudo para reverter a condição de seu filho, mas acaba fracassando. No final da história, Larry acaba matando sua namorada, forçando seu pai a mata-lo, com a mesma bengala que Larry usou para matar o cigano.

O Fundo do Poço

A pior fase dos monstros clássicos havia chego. Frankenstein havia chego ao seu quarto filme, com O Fantasma de Frankenstein, onde Ygor desenterra o monstro e começa a usa-lo para o mal, mais uma vez. Só pela premissa, fica perceptível o problema que vamos ver daqui para frente, a fórmula saturou, os monstros foram usados a exaustão, e as limitações da época, não permitiam que algo a mais fosse feito.

Também tivemos em 1942, os filmes Agente Invisível e a Tumba da Múmia, que vamos ignorar pela pouca importância e falta de informações.

Em 1943, tivemos o primeiro crossover dessa saga, Frankenstein conhece o Lobisomem. Larry estava morto, mas, é revivido quando ladrões abrem o seu caixão, e lhe expõem a lua cheia, fazendo o Homem Lobo voltar a vida. Decidido a se livrar dessa maldição, Talbot viaja até o vilarejo dos Frankesteins, onde iria procurar pelas anotações de Henry Frankenstein, para finalmente destruir o monstro dentro de si. Ao entrar nos escombros do antigo castelo, o homem encontra o monstro, que estava congelado. O monstro é libertado por Larry. Os monstros acabam por duelar, mas são ceifados ao mesmo tempo, por uma poderosa enchente causada pela população local.

Lon Chaney Jr ainda viveria outro monstro, dessa vez, o Conde Drácula. No filme, o Filho de Drácula, Alucard viaja aos Estados Unidos, para trazer a sua maldade, tendo como seu principal alvo a magnata Katherine. Porém, mais uma vez o plano megalomaníaco do Conde dá errado, e ele termina queimado pelo sol da manhã.

Os crossovers continuaram a todo o vapor, com a Casa de Frankenstein e a Casa de Drácula em 1945 e Abbot e Castelo conhecem Frankestein em 1948, agora, vamos falar um pouco sobre essas maravilhas da sétima arte.

A Casa de Frankestein, conta a história de um cientista louco chamado Niemann e seu assistente corcunda, que escapam da prisão onde estavam. O corcunda se chamava Daniel, que desejava muito ganhar um novo corpo, bonito e saudável, coisa que o cientista havia lhe prometido. A dupla liberta o próprio Conde Drácula, para se vingar do homem que os colocou na cadeia, plano que funciona, com o Conde matando o delegado e capturando sua filha. O vampiro acaba não durando muito tempo, já que em uma perseguição, o vilão cai de sua carruagem, exposto ao sol, de maneira letal.

Seguindo sua caminho, a dupla encontra Lobisomem e Frankenstein, com Daniel ficando bastante interessado no corpo de Larry Talbot, principalmente agora que estava apaixonado pela cigana Rita. Porém, Rita estava mais interessada em Talbot, deixando Daniel possesso. Talbot implora para que Rita o mate, assim que ele se transformar em Lobisomem mais uma vez, coisa que ela cumpre.

Daniel se revolta com Niemann, justamente no momento que o cientista estava dando vida ao monstro de Frankestein mais uma vez. O monstro mata Daniel, e foge com Niemann, que agira estava na mira da população local. Durante a fuga, os dois acabam afudando na areia movediça. em um dos finais mais ridículos que eu já vi, desperdiçando completamente a presença de Frankenstein.